Ciganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitárias

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Brinca, Ana
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://revistas.rcaap.pt/antropologicas/article/view/546
Resumo: Este artigo aborda algumas questões centrais do «ser cigano» em contextos relacionais inter e intra-étnicos. Argumentaremos, por um lado, que se trata de uma identidade que parece assentar sobretudo numa dicotomização (Barth, 1969) entre um “Nós” («Nós, os ciganos») e os “Outros” (os não ciganos, ou, no caso estudado, os «tendeiros» e os «senhores») e não tanto no que por vezes aparece descrito como «cultura cigana» (concebida como um conjunto de traços culturais inerentes à própria pertença étnica cigana e adquiridos aquando do nascimento de um indivíduo). Por outro lado, mostraremos que a dimensão identidade subjacente ao termo «cigano» não garante por si só a criação de um “Nós” não-fragmentário, solidário e singular. A expressão «Temos cinco dedos nas mãos e nenhum é igual» (sublinhada pela larga maioria dos nossos interlocutores) evidencia a percepção de «outros» no seio do próprio grupo étnico cigano. É justamente por isso que urge proceder à des-homogeneização da categoria étnica «cigano» (Bastos e Bastos, 2005).
id RCAP_d6861138664cb0baa55c2505dd3276a3
oai_identifier_str oai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/546
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Ciganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitáriasCiganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitáriasCiganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitáriasCiganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitáriasArtigo de fundoEste artigo aborda algumas questões centrais do «ser cigano» em contextos relacionais inter e intra-étnicos. Argumentaremos, por um lado, que se trata de uma identidade que parece assentar sobretudo numa dicotomização (Barth, 1969) entre um “Nós” («Nós, os ciganos») e os “Outros” (os não ciganos, ou, no caso estudado, os «tendeiros» e os «senhores») e não tanto no que por vezes aparece descrito como «cultura cigana» (concebida como um conjunto de traços culturais inerentes à própria pertença étnica cigana e adquiridos aquando do nascimento de um indivíduo). Por outro lado, mostraremos que a dimensão identidade subjacente ao termo «cigano» não garante por si só a criação de um “Nós” não-fragmentário, solidário e singular. A expressão «Temos cinco dedos nas mãos e nenhum é igual» (sublinhada pela larga maioria dos nossos interlocutores) evidencia a percepção de «outros» no seio do próprio grupo étnico cigano. É justamente por isso que urge proceder à des-homogeneização da categoria étnica «cigano» (Bastos e Bastos, 2005).This article talks about some main questions about «being gipsy» in inter and intra ethnic relation contexts. We’ll argue that on the one hand it is an identity that seems to lay on a dichotomization (Barth, 1969) between an “us” (“us, the gypsies”) and the “others” (the non gypsies or in the studied case, the «tendeiros»2 and the «gentlemen») and not as much as on what sometimes it’s described as «gipsy culture» (conceived as a group of cultural traits inherent to the very own gipsy ethnic belonging and acquired when an individual is born). On the other hand we’ll show that the underlying identity of the word «gipsy» doesn’t guarantee by itself the creation of a non fragmentary, supportive and unique “us”. The expression «We have five fingers in each hand and they are all different» (used by the majority of our interviewees) shows the perception about the “others” among the very own gipsy ethnic group. This is exactly why it urges to do the de-homogenization of the «gipsy» ethnic group (Bastos e Bastos, 2005).Este artigo aborda algumas questões centrais do «ser cigano» em contextos relacionais inter e intra-étnicos. Argumentaremos, por um lado, que se trata de uma identidade que parece assentar sobretudo numa dicotomização (Barth, 1969) entre um “Nós” («Nós, os ciganos») e os “Outros” (os não ciganos, ou, no caso estudado, os «tendeiros» e os «senhores») e não tanto no que por vezes aparece descrito como «cultura cigana» (concebida como um conjunto de traços culturais inerentes à própria pertença étnica cigana e adquiridos aquando do nascimento de um indivíduo). Por outro lado, mostraremos que a dimensão identidade subjacente ao termo «cigano» não garante por si só a criação de um “Nós” não-fragmentário, solidário e singular. A expressão «Temos cinco dedos nas mãos e nenhum é igual» (sublinhada pela larga maioria dos nossos interlocutores) evidencia a percepção de «outros» no seio do próprio grupo étnico cigano. É justamente por isso que urge proceder à des-homogeneização da categoria étnica «cigano» (Bastos e Bastos, 2005).This article talks about some main questions about «being gipsy» in inter and intra ethnic relation contexts. We’ll argue that on the one hand it is an identity that seems to lay on a dichotomization (Barth, 1969) between an “us” (“us, the gypsies”) and the “others” (the non gypsies or in the studied case, the «tendeiros»2 and the «gentlemen») and not as much as on what sometimes it’s described as «gipsy culture» (conceived as a group of cultural traits inherent to the very own gipsy ethnic belonging and acquired when an individual is born). On the other hand we’ll show that the underlying identity of the word «gipsy» doesn’t guarantee by itself the creation of a non fragmentary, supportive and unique “us”. The expression «We have five fingers in each hand and they are all different» (used by the majority of our interviewees) shows the perception about the “others” among the very own gipsy ethnic group. This is exactly why it urges to do the de-homogenization of the «gipsy» ethnic group (Bastos e Bastos, 2005).Fundação Fernando Pessoa/Publicações Fundação Fernando Pessoa2012-07-18T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://revistas.rcaap.pt/antropologicas/article/view/546por2182-29130873-819XBrinca, Anainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-22T16:34:47Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/546Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:00:12.478940Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Ciganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitárias
Ciganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitárias
Ciganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitárias
Ciganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitárias
title Ciganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitárias
spellingShingle Ciganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitárias
Brinca, Ana
Artigo de fundo
title_short Ciganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitárias
title_full Ciganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitárias
title_fullStr Ciganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitárias
title_full_unstemmed Ciganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitárias
title_sort Ciganos, «tendeiros» e «senhores»: fronteiras identitárias
author Brinca, Ana
author_facet Brinca, Ana
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Brinca, Ana
dc.subject.por.fl_str_mv Artigo de fundo
topic Artigo de fundo
description Este artigo aborda algumas questões centrais do «ser cigano» em contextos relacionais inter e intra-étnicos. Argumentaremos, por um lado, que se trata de uma identidade que parece assentar sobretudo numa dicotomização (Barth, 1969) entre um “Nós” («Nós, os ciganos») e os “Outros” (os não ciganos, ou, no caso estudado, os «tendeiros» e os «senhores») e não tanto no que por vezes aparece descrito como «cultura cigana» (concebida como um conjunto de traços culturais inerentes à própria pertença étnica cigana e adquiridos aquando do nascimento de um indivíduo). Por outro lado, mostraremos que a dimensão identidade subjacente ao termo «cigano» não garante por si só a criação de um “Nós” não-fragmentário, solidário e singular. A expressão «Temos cinco dedos nas mãos e nenhum é igual» (sublinhada pela larga maioria dos nossos interlocutores) evidencia a percepção de «outros» no seio do próprio grupo étnico cigano. É justamente por isso que urge proceder à des-homogeneização da categoria étnica «cigano» (Bastos e Bastos, 2005).
publishDate 2012
dc.date.none.fl_str_mv 2012-07-18T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://revistas.rcaap.pt/antropologicas/article/view/546
url https://revistas.rcaap.pt/antropologicas/article/view/546
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 2182-2913
0873-819X
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Fundação Fernando Pessoa/Publicações Fundação Fernando Pessoa
publisher.none.fl_str_mv Fundação Fernando Pessoa/Publicações Fundação Fernando Pessoa
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799130468166139904