Estudo transversal descritivo da infecção por tuberculose e/ ou VIH e alguns fatores sociocomportamentais associados, num grupo de imigrantes seguidos numa ONG da zona metropolitana de Lisboa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: SILVA, Rhaisa Farias da
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/116302
Resumo: A globalização e os fluxos migratórios têm sido fatores determinantes na disseminação global da Tuberculose (TB), do Vírus da Imunodeficiência Humana – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (VIH-SIDA) e a da coinfecção VIH-TB, sendo Portugal um dos países da Europa Ocidental com maior prevalência tanto da TB quanto do VIH. Os imigrantes a residirem no país apresentam uma maior incidência de coinfecção VIH-TB quando comparados com não-migrantes, além de estarem em maior risco de contrair a coinfecção, o que sugere uma maior vulnerabilidade destas populações. Neste sentido, este estudo analisou a distribuição da TB, do VIH e da coinfecção VIH-TB num grupo de imigrantes seguidos numa ONG da zona metropolitana de Lisboa e alguns dos determinantes sociocomportamentais associados. Utilizou-se uma abordagem quantitativa, transversal, descritiva, usando um questionário anônimo e estruturado. Foram entrevistados, presencialmente, 100 imigrantes por colaboradores da ONG participantes neste trabalho, devidamente treinados para o efeito. Verificou-se uma prevalência de coinfecção de VIH-TB e de VIH de 1,0% (n=1) e 17,0% (n=17) dos entrevistados, respectivamente. Refira-se que o único caso de TB se tratava de um caso de TB extrapulmonar, não tendo sido, assim, identificados casos de TB pulmonar, embora três dos imigrantes estudados tivessem relatado terem sido tratados para a TB no passado. A maioria (52,0%) era do género feminino, seguido do masculino (39,0%), transexual masculino para feminino (8,0%) e não binário (1,0%). A média de idade apresentada foi de 33,2 anos (dp= 9,4 anos). A maioria dos imigrantes era originária dos países da CPLP (85,0%), 63% dos quais do Brasil. Dos 100 imigrantes participantes no estudo, 41,4% não tinham a situação da migração regularizada ou estavam em processo de regularização. Verificou-se que 17,0% se encontravam desempregados e dos que se encontravam empregados (61,0%), 22,2% realizavam trabalho sexual. Até 77,4% dos imigrantes nunca ou às vezes usavam preservativo durante as relações sexuais e 9,7% já tinham tido relações sexuais com alguém VIH positivo. Além disso, 40,0% afirmaram ter consumido drogas ilícitas, 85,0% ingeriam bebidas alcoólicas e 38,0% fumavam tabaco com alguma frequência. Embora a implementação de programas de rastreios de TB em meio comunitário (como já acontece com o VIH) seja necessária, o método utilizado para rastreio de TB baseado em sintomatologia sugestiva (FESTA) nos imigrantes estudados mostrou-se pouco sensível. Somado a isto, observou-se no decorrer deste estudo que a TB ainda é uma doença estigmatizada. Os resultados apresentados neste estudo contribuem com um conhecimento mais aprofundado sobre a distribuição da TB e do VIH nos imigrantes e seus determinantes sociocomportamentais, ao passo que, também podem contribuir num possível ajuste nas políticas públicas de saúde direcionada a populações culturalmente diversas
id RCAP_da3f1b70550f53efb1656aca17f527a9
oai_identifier_str oai:run.unl.pt:10362/116302
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Estudo transversal descritivo da infecção por tuberculose e/ ou VIH e alguns fatores sociocomportamentais associados, num grupo de imigrantes seguidos numa ONG da zona metropolitana de LisboaCiências biomédicasMicrobiologia médicaBiologia molecularTuberculoseSidaComportamentosImigrantesONGLisboaDomínio/Área Científica::Ciências MédicasA globalização e os fluxos migratórios têm sido fatores determinantes na disseminação global da Tuberculose (TB), do Vírus da Imunodeficiência Humana – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (VIH-SIDA) e a da coinfecção VIH-TB, sendo Portugal um dos países da Europa Ocidental com maior prevalência tanto da TB quanto do VIH. Os imigrantes a residirem no país apresentam uma maior incidência de coinfecção VIH-TB quando comparados com não-migrantes, além de estarem em maior risco de contrair a coinfecção, o que sugere uma maior vulnerabilidade destas populações. Neste sentido, este estudo analisou a distribuição da TB, do VIH e da coinfecção VIH-TB num grupo de imigrantes seguidos numa ONG da zona metropolitana de Lisboa e alguns dos determinantes sociocomportamentais associados. Utilizou-se uma abordagem quantitativa, transversal, descritiva, usando um questionário anônimo e estruturado. Foram entrevistados, presencialmente, 100 imigrantes por colaboradores da ONG participantes neste trabalho, devidamente treinados para o efeito. Verificou-se uma prevalência de coinfecção de VIH-TB e de VIH de 1,0% (n=1) e 17,0% (n=17) dos entrevistados, respectivamente. Refira-se que o único caso de TB se tratava de um caso de TB extrapulmonar, não tendo sido, assim, identificados casos de TB pulmonar, embora três dos imigrantes estudados tivessem relatado terem sido tratados para a TB no passado. A maioria (52,0%) era do género feminino, seguido do masculino (39,0%), transexual masculino para feminino (8,0%) e não binário (1,0%). A média de idade apresentada foi de 33,2 anos (dp= 9,4 anos). A maioria dos imigrantes era originária dos países da CPLP (85,0%), 63% dos quais do Brasil. Dos 100 imigrantes participantes no estudo, 41,4% não tinham a situação da migração regularizada ou estavam em processo de regularização. Verificou-se que 17,0% se encontravam desempregados e dos que se encontravam empregados (61,0%), 22,2% realizavam trabalho sexual. Até 77,4% dos imigrantes nunca ou às vezes usavam preservativo durante as relações sexuais e 9,7% já tinham tido relações sexuais com alguém VIH positivo. Além disso, 40,0% afirmaram ter consumido drogas ilícitas, 85,0% ingeriam bebidas alcoólicas e 38,0% fumavam tabaco com alguma frequência. Embora a implementação de programas de rastreios de TB em meio comunitário (como já acontece com o VIH) seja necessária, o método utilizado para rastreio de TB baseado em sintomatologia sugestiva (FESTA) nos imigrantes estudados mostrou-se pouco sensível. Somado a isto, observou-se no decorrer deste estudo que a TB ainda é uma doença estigmatizada. Os resultados apresentados neste estudo contribuem com um conhecimento mais aprofundado sobre a distribuição da TB e do VIH nos imigrantes e seus determinantes sociocomportamentais, ao passo que, também podem contribuir num possível ajuste nas políticas públicas de saúde direcionada a populações culturalmente diversasGlobalization and migratory flows have been determining factors in the global spread of Tuberculosis (TB), Human Immunodeficiency Virus - Acquired Immunodeficiency Syndrome (HIV-AIDS) and HIV-TB co-infection, and Portugal being one of the Western European countries with the highest prevalence of TB and HIV. Immigrants living in the country have a higher incidence of HIV-TB co-infection compared with non-migrants, and are at greater risk of contracting co-infection, which suggests a greater vulnerability of these populations. In this regard, the present study analyzed the distribution of TB, HIV and HIV-TB co-infection in a group of immigrants followed by an NGO in the Lisbon metropolitan area as well as some of the associated socio-behavioral determinants. A quantitative, cross-sectional, descriptive approach was chosen, using an anonymous and structured questionnaire. A total of 100 immigrants were interviewed in person by NGO employees who participated in this work, duly trained for this purpose. There was a prevalence of HIV-TB and HIV co-infection of 1.0% and 17.0% of respondents, respectively. It should be noted that the only case of TB was an extrapulmonary case of TB, thus no cases of pulmonary TB were identified, although three of the immigrants studied reported having been treated for TB in the past. Most were female (52.0%), followed by male (39.0%), transsexual male to female (8.0%) and non-binary (1.0%) and had an average age of 33,2 years (sd = 9.4 years). Most immigrants came from CPLP countries (85.0%), 63% from Brazil. On the 100 immigrants participating in the study, 41.4% did not have a regularized migration situation or were in the process of regularization. It was found that 17.0% were unemployed and of those employed (61.0%), 14.0% performed sex work. Up to 77.4% of immigrants never or rarely used condoms during sex and 9.7% had had sex with someone who was HIV positive. In addition, 40.0% said they had used illicit drugs, 85.0% drank alcohol and 38.0% smoked tobacco at some frequency. Although the implementation of community-based TB screening programs (as is already the case with HIV) is necessary, the method used for suggestive symptomatology-based TB screening (FESTA) in the surveyed immigrants proved to have poor sensitivity. In addition, it was observed during this study that TB is still a stigmatized disease. The results of the present research contribute to a deeper understanding of the distribution of TB and HIV in immigrants and their socio-behavioral determinants, while also contributing to a possible adjustment in public health policies aimed at culturally diverse populations.FRONTEIRA, InêsRUNSILVA, Rhaisa Farias da2021-04-28T15:56:02Z202020202020-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/116302TID:202557570porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:58:47Zoai:run.unl.pt:10362/116302Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:43:01.565836Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Estudo transversal descritivo da infecção por tuberculose e/ ou VIH e alguns fatores sociocomportamentais associados, num grupo de imigrantes seguidos numa ONG da zona metropolitana de Lisboa
title Estudo transversal descritivo da infecção por tuberculose e/ ou VIH e alguns fatores sociocomportamentais associados, num grupo de imigrantes seguidos numa ONG da zona metropolitana de Lisboa
spellingShingle Estudo transversal descritivo da infecção por tuberculose e/ ou VIH e alguns fatores sociocomportamentais associados, num grupo de imigrantes seguidos numa ONG da zona metropolitana de Lisboa
SILVA, Rhaisa Farias da
Ciências biomédicas
Microbiologia médica
Biologia molecular
Tuberculose
Sida
Comportamentos
Imigrantes
ONG
Lisboa
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
title_short Estudo transversal descritivo da infecção por tuberculose e/ ou VIH e alguns fatores sociocomportamentais associados, num grupo de imigrantes seguidos numa ONG da zona metropolitana de Lisboa
title_full Estudo transversal descritivo da infecção por tuberculose e/ ou VIH e alguns fatores sociocomportamentais associados, num grupo de imigrantes seguidos numa ONG da zona metropolitana de Lisboa
title_fullStr Estudo transversal descritivo da infecção por tuberculose e/ ou VIH e alguns fatores sociocomportamentais associados, num grupo de imigrantes seguidos numa ONG da zona metropolitana de Lisboa
title_full_unstemmed Estudo transversal descritivo da infecção por tuberculose e/ ou VIH e alguns fatores sociocomportamentais associados, num grupo de imigrantes seguidos numa ONG da zona metropolitana de Lisboa
title_sort Estudo transversal descritivo da infecção por tuberculose e/ ou VIH e alguns fatores sociocomportamentais associados, num grupo de imigrantes seguidos numa ONG da zona metropolitana de Lisboa
author SILVA, Rhaisa Farias da
author_facet SILVA, Rhaisa Farias da
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv FRONTEIRA, Inês
RUN
dc.contributor.author.fl_str_mv SILVA, Rhaisa Farias da
dc.subject.por.fl_str_mv Ciências biomédicas
Microbiologia médica
Biologia molecular
Tuberculose
Sida
Comportamentos
Imigrantes
ONG
Lisboa
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
topic Ciências biomédicas
Microbiologia médica
Biologia molecular
Tuberculose
Sida
Comportamentos
Imigrantes
ONG
Lisboa
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
description A globalização e os fluxos migratórios têm sido fatores determinantes na disseminação global da Tuberculose (TB), do Vírus da Imunodeficiência Humana – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (VIH-SIDA) e a da coinfecção VIH-TB, sendo Portugal um dos países da Europa Ocidental com maior prevalência tanto da TB quanto do VIH. Os imigrantes a residirem no país apresentam uma maior incidência de coinfecção VIH-TB quando comparados com não-migrantes, além de estarem em maior risco de contrair a coinfecção, o que sugere uma maior vulnerabilidade destas populações. Neste sentido, este estudo analisou a distribuição da TB, do VIH e da coinfecção VIH-TB num grupo de imigrantes seguidos numa ONG da zona metropolitana de Lisboa e alguns dos determinantes sociocomportamentais associados. Utilizou-se uma abordagem quantitativa, transversal, descritiva, usando um questionário anônimo e estruturado. Foram entrevistados, presencialmente, 100 imigrantes por colaboradores da ONG participantes neste trabalho, devidamente treinados para o efeito. Verificou-se uma prevalência de coinfecção de VIH-TB e de VIH de 1,0% (n=1) e 17,0% (n=17) dos entrevistados, respectivamente. Refira-se que o único caso de TB se tratava de um caso de TB extrapulmonar, não tendo sido, assim, identificados casos de TB pulmonar, embora três dos imigrantes estudados tivessem relatado terem sido tratados para a TB no passado. A maioria (52,0%) era do género feminino, seguido do masculino (39,0%), transexual masculino para feminino (8,0%) e não binário (1,0%). A média de idade apresentada foi de 33,2 anos (dp= 9,4 anos). A maioria dos imigrantes era originária dos países da CPLP (85,0%), 63% dos quais do Brasil. Dos 100 imigrantes participantes no estudo, 41,4% não tinham a situação da migração regularizada ou estavam em processo de regularização. Verificou-se que 17,0% se encontravam desempregados e dos que se encontravam empregados (61,0%), 22,2% realizavam trabalho sexual. Até 77,4% dos imigrantes nunca ou às vezes usavam preservativo durante as relações sexuais e 9,7% já tinham tido relações sexuais com alguém VIH positivo. Além disso, 40,0% afirmaram ter consumido drogas ilícitas, 85,0% ingeriam bebidas alcoólicas e 38,0% fumavam tabaco com alguma frequência. Embora a implementação de programas de rastreios de TB em meio comunitário (como já acontece com o VIH) seja necessária, o método utilizado para rastreio de TB baseado em sintomatologia sugestiva (FESTA) nos imigrantes estudados mostrou-se pouco sensível. Somado a isto, observou-se no decorrer deste estudo que a TB ainda é uma doença estigmatizada. Os resultados apresentados neste estudo contribuem com um conhecimento mais aprofundado sobre a distribuição da TB e do VIH nos imigrantes e seus determinantes sociocomportamentais, ao passo que, também podem contribuir num possível ajuste nas políticas públicas de saúde direcionada a populações culturalmente diversas
publishDate 2020
dc.date.none.fl_str_mv 2020
2020
2020-01-01T00:00:00Z
2021-04-28T15:56:02Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10362/116302
TID:202557570
url http://hdl.handle.net/10362/116302
identifier_str_mv TID:202557570
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799138040578310144