Metrite pós-parto em bovinos de leite: um estudo de caso

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Alves, Ana Luísa Cardoso
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/7833
Resumo: Os processos inflamatórios pós-parto com sede no útero, como a metrite, são um dos problemas mais frequentemente diagnosticados em bovinos de leite. Estão associadas a perdas económicas importantes, não só relacionadas com uma diminuição do desempenho reprodutivo, mas também com o seu efeito negativo na produção de leite. Como outras patologias do pós-parto na vaca leiteira, a metrite pós-parto (MPP), ou metrite puerperal, possui uma etiologia multifatorial. Ao longo do tempo têm sido identificados alguns fatores como sendo predisponentes desta afeção, apesar de haver alguma controvérsia sobre a sua associação à etiopatogenia da doença. Neste estudo pretendeu-se analisar a associação da MPP com a ocorrência prévia de Retenção Placentária (RP) e a presença de valores elevados de corpos cetónicos (CC) no momento do diagnóstico da metrite, além de outros parâmetros como a idade, paridade, momento de diagnóstico, condição corporal e tipo de parto (eutócico ou distócico). Foram incluídas neste trabalho um total de 42 vacas, sendo 19 as fêmeas diagnosticadas com metrite pós-parto. Incluiu-se no estudo fêmeas primíparas (n= 5) e multíparas (n= 37), com idades compreendidas entre os 3 e os 9 anos (idade média de 4 ±1,2 anos). As vacas eram provenientes de 5 explorações localizadas na Região Litoral Norte de Portugal, com maneio geral similar entre si. O diagnóstico de metrite foi realizado até aos 38 dias após o parto, após consulta solicitada pelo proprietário. O diagnóstico de metrite foi emitido após exame clínico e reprodutivo da vaca com base na existência de uma quebra na produção leiteira, diminuição na ingestão de matéria seca, e a presença de um odor pútrido ou de corrimento vaginal anómalo. As fêmeas do grupo controlo foram selecionadas dentro das mesmas explorações, entre animais que se encontravam no mesmo momento do pós-parto, tinham sensivelmente a mesma idade/paridade e um nível de produção de leite semelhante. Para os dois grupos foram registados os dados básicos do animal, bem como recolhida informação sobre a facilidade do parto (que foi classificado em eutócico/distócico) e a existência de retenção placentária (sim/não; RP) no último parto. A recolha de uma amostra de sangue para determinação de corpos cetónicos apenas foi possível em 21 animais (11 no grupo controlo e 10 no grupo metrite). A maior parte dos diagnósticos de metrite foram realizados nas duas primeiras semanas após o parto, tendo sido mais frequente em fêmeas com 2 e 3 partos (36,8% e 31,5% respetivamente) e menos comum nas fêmeas primíparas ou com quatro ou mais partos (15,8% em ambos os casos). A condição corporal dos animais incluídos no estudo era relativamente uniforme e dentro dos limites desejados no peri-parto. Em relação ao tipo de parto, foram registados 21% e 17% de partos distócicos respetivamente para os grupos metrite e controlo, não sendo estas diferenças estatisticamente significativas. A medição dos CC em ambos os grupos revelou valores médios semelhantes (P=0,704), embora os valores fossem numericamente mais baixos nas vacas controlo (0,84± 0,40 mmol/L) do que no grupo metrite (1,11± 0,91 mmol/L). A ocorrência prévia de retenção placentária foi registada em 14 (73,3%) e 5 (21,7%) animais nos grupos com diagnóstico de metrite e controlo, respetivamente. Não se encontraram influências significativas da idade, paridade, condição corporal, tipo de parto e presença de cetose no momento de diagnóstico sobre a ocorrência de MPP nos animais incluídos no estudo. No entanto, encontrou-se uma associação positiva entre a MPP e a ocorrência prévia de RP. A razão de probabilidades revelou que vacas com retenção placentária no último parto têm 10 vezes mais probabilidade de virem a apresentar um diagnóstico de MPP. Dados os encargos económicos que acompanham a ocorrência da MPP e o comprometimento do bem-estar das fêmeas afetadas, é importante a sensibilização do proprietário para a necessidade de programas preventivos que sejam eficazes no controlo da patologia e na monitorização mais apertada de animais que sofreram de complicações no peri-parto, como RP. A nutrição assume um papel determinante nesta prevenção, assim como a sinalização precoce das vacas em risco.
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Neste estudo pretendeu-se analisar a associação da MPP com a ocorrência prévia de Retenção Placentária (RP) e a presença de valores elevados de corpos cetónicos (CC) no momento do diagnóstico da metrite, além de outros parâmetros como a idade, paridade, momento de diagnóstico, condição corporal e tipo de parto (eutócico ou distócico). Foram incluídas neste trabalho um total de 42 vacas, sendo 19 as fêmeas diagnosticadas com metrite pós-parto. Incluiu-se no estudo fêmeas primíparas (n= 5) e multíparas (n= 37), com idades compreendidas entre os 3 e os 9 anos (idade média de 4 ±1,2 anos). As vacas eram provenientes de 5 explorações localizadas na Região Litoral Norte de Portugal, com maneio geral similar entre si. O diagnóstico de metrite foi realizado até aos 38 dias após o parto, após consulta solicitada pelo proprietário. O diagnóstico de metrite foi emitido após exame clínico e reprodutivo da vaca com base na existência de uma quebra na produção leiteira, diminuição na ingestão de matéria seca, e a presença de um odor pútrido ou de corrimento vaginal anómalo. As fêmeas do grupo controlo foram selecionadas dentro das mesmas explorações, entre animais que se encontravam no mesmo momento do pós-parto, tinham sensivelmente a mesma idade/paridade e um nível de produção de leite semelhante. Para os dois grupos foram registados os dados básicos do animal, bem como recolhida informação sobre a facilidade do parto (que foi classificado em eutócico/distócico) e a existência de retenção placentária (sim/não; RP) no último parto. A recolha de uma amostra de sangue para determinação de corpos cetónicos apenas foi possível em 21 animais (11 no grupo controlo e 10 no grupo metrite). A maior parte dos diagnósticos de metrite foram realizados nas duas primeiras semanas após o parto, tendo sido mais frequente em fêmeas com 2 e 3 partos (36,8% e 31,5% respetivamente) e menos comum nas fêmeas primíparas ou com quatro ou mais partos (15,8% em ambos os casos). A condição corporal dos animais incluídos no estudo era relativamente uniforme e dentro dos limites desejados no peri-parto. Em relação ao tipo de parto, foram registados 21% e 17% de partos distócicos respetivamente para os grupos metrite e controlo, não sendo estas diferenças estatisticamente significativas. A medição dos CC em ambos os grupos revelou valores médios semelhantes (P=0,704), embora os valores fossem numericamente mais baixos nas vacas controlo (0,84± 0,40 mmol/L) do que no grupo metrite (1,11± 0,91 mmol/L). A ocorrência prévia de retenção placentária foi registada em 14 (73,3%) e 5 (21,7%) animais nos grupos com diagnóstico de metrite e controlo, respetivamente. Não se encontraram influências significativas da idade, paridade, condição corporal, tipo de parto e presença de cetose no momento de diagnóstico sobre a ocorrência de MPP nos animais incluídos no estudo. No entanto, encontrou-se uma associação positiva entre a MPP e a ocorrência prévia de RP. A razão de probabilidades revelou que vacas com retenção placentária no último parto têm 10 vezes mais probabilidade de virem a apresentar um diagnóstico de MPP. Dados os encargos económicos que acompanham a ocorrência da MPP e o comprometimento do bem-estar das fêmeas afetadas, é importante a sensibilização do proprietário para a necessidade de programas preventivos que sejam eficazes no controlo da patologia e na monitorização mais apertada de animais que sofreram de complicações no peri-parto, como RP. A nutrição assume um papel determinante nesta prevenção, assim como a sinalização precoce das vacas em risco.The inflammatory conditions of the postpartum uterus, such as metritis, are frequently diagnosed in dairy cattle. They are associated with serious economic losses, related not only with a decrease of the reproductive performance, but also with its adverse effect on milk production. Like in other postpartum conditions of dairy cows, postpartum metritis (PPM) presents a multifactorial etiology. Over time, some factors have been identified as predisposing to this disease, even though there is some controversy about its association with the pathogenesis of the disease. This study intent to analyze the association between PPM with retained placenta (RP) in the last calving and the presence of high levels of ketone bodies (CC) at the time of diagnosis of metritis, besides other parameters such as age, parity, body condition and type of delivery (eutocic or dystocic). Forthy-two cows were enrolled in this study, 19 of them having a diagnosis of PPM. It included either primiparous (n = 5) and multiparous (n = 37) females, within an age range between 3 and 9 years old (age average of 4 ±1,2 years). The cows belonged to 5 farms of similar management characteristics, from the North Coast of Portugal. Metritis diagnose was establish up to 38 days post-calving, following a call from the owner or caretaker that signalized the sick animal. The diagnosis of metritis was raised after the physical and reproductive examination of a cow based on the following clinical signs: inapetence, raised temperature, drop in milk production, decreased dry matter intake and the presence of a putrid odor, or abnormal vaginal discharge. Females used in the control group were selected within the same farm, between animals at the same postpartum time, similar same age/parity and similar milk production. For both groups, beside the basic animal data it was also recorded information on the calving easiness (scored as eutocic/distocic) and the occurrence of retained placenta (yes/no) on the last calving. The blood collection for measurement of ketone bodies was possible only once and limited to 21 animals (11 in the control group and 10 in the metritis group). The diagnosis of metritis was establish more often in the first two weeks after parturition, in females in the 2nd or 3rd calving (36.8% and 31.5% respectively) and it was less common in primiparous females or in cows with four or more calving (15.8% in both cases). The body condition score of the animals was relatively uniform and within the limits generally foreseen in the peripartum. Distocia was present in 21% and 17% of cows in the metritis and control groups, but the differences were not significant. Even though the values of ketone bodies were numerically lower for cows in the control group (0.84 ± 0.40 mmol / L) than the ones in the metritis group (1.11 ± 0.91 mmol / L), the groups did not differ (P = 0.704),. The occurrence of retained placenta in the previous calving was recorded in 14 (73.3%) and 5 (21.7%) animals for the groups metritis and control, respectively. The occurrence of PPM was not influenced by age, parity, and body condition score, type of delivery and presence of ketose at the time of diagnosis. However, a positive association between MPP and the prior occurrence of RP was found in this study. The odds ratio showed that cows with retained placenta in their last parturition were 10 times more likely to present a positive diagnosis for MPP. Given the major economic constraints associated to the occurrence of MPP and the negative impact on the affected cow´s welfare, it is important to alert the owner for the need to establish effective prevention programs to control the disease and also to put animals developing peri-parturient diseases under a closer monitorization. Nutrition plays a key role in this prevention, as well as an early detection of cows at risk.2017-07-06T13:23:40Z2016-01-01T00:00:00Z2016info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/7833TID:201978610porAlves, Ana Luísa Cardosoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:45:55Zoai:repositorio.utad.pt:10348/7833Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:04:05.239838Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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