Expressão de GDNF em células estriatais: efeito de fatores solúveis libertados por células do mesencéfalo ventral após lesão dopaminérgica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gama, Susana Martins
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/2864
Resumo: A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela degeneração progressiva dos neurónios dopaminérgicos (DA) que projetam da substantia nigra (SN) pars compacta para o estriado, o que leva à redução dos níveis de dopamina nesta região encefálica. A principal abordagem terapêutica no tratamento da DP é a reposição da dopamina na forma do seu precursor L-3,4-dihidroxifenilalanina (L-DOPA). Embora esta terapia controle os sintomas nos estágios iniciais da doença, não é curativa e pode originar efeitos secundários. O uso de fatores neurotróficos pode ser uma estratégia terapêutica devido à sua capacidade de promoverem a sobrevivência, diferenciação, manutenção e proteção dos neurónios contra lesões. O fator neurotrófico derivado de uma linha de células da glia (GDNF) é um potente fator neurotrófico dos neurónios DA da via nigroestriatal. Os aumentos na expressão de GDNF em células de estriado protegem os neurónios DA contra a lesão da via nigroestriatal induzida por toxinas e promovem a recuperação de neurónios lesados, sugerindo que o GDNF endógeno pode ser neuroprotetor. Assim, a estimulação farmacológica da síntese de GDNF endógeno no estriado poderá vir a ser uma potencial escolha no tratamento da DP. O principal objetivo deste trabalho foi avaliar se a libertação de moléculas solúveis em consequência da lesão dopaminérgica é capaz de induzir alterações na expressão de GDNF em células de estriado. Utilizaram-se culturas do mesencéfalo ventral obtidas a partir de ratos recém-nascidos ou embriões expostas a H2O2 ou L-DOPA para recolher os meios condicionados, que posteriormente foram aplicados em culturas de estriado. Avaliou-se a expressão de GDNF ao nível da proteína e do mRNA nas células estriatais por Western blot e PCR em tempo real, respetivamente. A lesão dopaminérgica foi avaliada através da expressão de tirosina hidroxilase (TH), por Western blot, e da contagem do número de células que expressam TH, por microscopia de fluorescência. Verificou-se que os fatores solúveis libertados por culturas mistas do mesencéfalo ventral expostas a 50M de H2O2 ou 200M de L-DOPA induziram um aumento nos níveis de mRNA do GDNF nas células do estriado. Este aumento é desencadeado por mediadores solúveis libertados apenas na presença de neurónios DA, pois não observámos aumentos de GDNF nas células estriatias após exposição aos fatores solúveis libertados apenas por astrócitos do mesencéfalo ventral, previamente incubados com os mesmos agentes oxidantes. Foram testadas concentrações superiores de H2O2 e L-DOPA em culturas embrionárias mistas do mesencéfalo ventral. Foi observada uma diminuição no número de células TH+ nestas culturas quando expostas a 600M de L-DOPA ou 400M de H2O2. Verificámos também que os fatores solúveis libertados após lesão dopaminérgica induziram aumentos de GDNF nas células estriatais. Os resultados obtidos neste trabalho indicam que após lesão dos neurónios DA, as células do mesencéfalo ventral libertam mediadores solúveis que atuam ao nível das células estriatais, induzindo um aumento na expressão de GDNF nessas células, provavelmente como uma estratégia neuroprotetora. Assim, estes resultados poderão contribuir para uma melhor compreensão do papel do GDNF estriatal no contexto da lesão dopaminérgica. A manipulação dos níveis endógenos deste fator neurotrófico poderá, no futuro, constituir uma alternativa no tratamento de doenças neurodegenerativas, como a DP.
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spelling Expressão de GDNF em células estriatais: efeito de fatores solúveis libertados por células do mesencéfalo ventral após lesão dopaminérgicaDoenças neurodegenarativas - Doenças de ParkinsonGDNF - Factores neurotróficosA doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela degeneração progressiva dos neurónios dopaminérgicos (DA) que projetam da substantia nigra (SN) pars compacta para o estriado, o que leva à redução dos níveis de dopamina nesta região encefálica. A principal abordagem terapêutica no tratamento da DP é a reposição da dopamina na forma do seu precursor L-3,4-dihidroxifenilalanina (L-DOPA). Embora esta terapia controle os sintomas nos estágios iniciais da doença, não é curativa e pode originar efeitos secundários. O uso de fatores neurotróficos pode ser uma estratégia terapêutica devido à sua capacidade de promoverem a sobrevivência, diferenciação, manutenção e proteção dos neurónios contra lesões. O fator neurotrófico derivado de uma linha de células da glia (GDNF) é um potente fator neurotrófico dos neurónios DA da via nigroestriatal. Os aumentos na expressão de GDNF em células de estriado protegem os neurónios DA contra a lesão da via nigroestriatal induzida por toxinas e promovem a recuperação de neurónios lesados, sugerindo que o GDNF endógeno pode ser neuroprotetor. Assim, a estimulação farmacológica da síntese de GDNF endógeno no estriado poderá vir a ser uma potencial escolha no tratamento da DP. O principal objetivo deste trabalho foi avaliar se a libertação de moléculas solúveis em consequência da lesão dopaminérgica é capaz de induzir alterações na expressão de GDNF em células de estriado. Utilizaram-se culturas do mesencéfalo ventral obtidas a partir de ratos recém-nascidos ou embriões expostas a H2O2 ou L-DOPA para recolher os meios condicionados, que posteriormente foram aplicados em culturas de estriado. 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Foi observada uma diminuição no número de células TH+ nestas culturas quando expostas a 600M de L-DOPA ou 400M de H2O2. Verificámos também que os fatores solúveis libertados após lesão dopaminérgica induziram aumentos de GDNF nas células estriatais. Os resultados obtidos neste trabalho indicam que após lesão dos neurónios DA, as células do mesencéfalo ventral libertam mediadores solúveis que atuam ao nível das células estriatais, induzindo um aumento na expressão de GDNF nessas células, provavelmente como uma estratégia neuroprotetora. Assim, estes resultados poderão contribuir para uma melhor compreensão do papel do GDNF estriatal no contexto da lesão dopaminérgica. A manipulação dos níveis endógenos deste fator neurotrófico poderá, no futuro, constituir uma alternativa no tratamento de doenças neurodegenerativas, como a DP.Parkinson's disease (PD) is a neurodegenerative disorder characterized by the progressive degeneration of dopaminergic (DA) neurons that project from the substantia nigra (SN) pars compacta to the striatum, which leads to the reduction of dopamine levels in this brain region. The main therapeutic approach in the treatment of PD is dopamine replacement in the form of its precursor L-3,4-dihydroxyphenylalanine (L-DOPA). Although this therapy control the symptoms in the early stages of the disease it is not curative and may cause side effects. The use of neurotrophic factors can be a therapeutic strategy due to their ability to promote survival, differentiation, maintenance and protection of neurons against injury. Glial cell linederived neurotrophic factor (GDNF) is a potent neurotrophic factor for DA neurons of the nigrostriatal pathway. Increases in GDNF expression in striatal cells protect DA neurons against toxin-induced nigrostriatal pathway injury and promote recovery of damaged neurons, suggesting that endogenous GDNF can be neuroprotective. Thus, the pharmacological stimulation of striatal endogenous GDNF synthesis can be a potential choice for the treatment of PD. The main objective of this study was to examine whether the release of soluble molecules as a result of DA injury is capable to induce changes in GDNF expression in striatal cells. We used postnatal and embryonic ventral midbrain cultures exposed to H2O2 or L-DOPA to collect conditioned media, which were subsequently applied to the striatal cultures. We assessed GDNF expression at mRNA and protein level in striatal cells by Western blot and real time PCR, respectively. The DA injury was evaluated by tyrosine hydroxylase (TH) expression, by Western blot, and by counting the number of cells expressing TH, using fluorescence microscopy. We found that soluble factors released by postnatal neuron-glia ventral midbrain cultures exposed to 50M H2O2 or 200M L-DOPA induced an increase in GDNF mRNA levels on striatal cells. This increase is triggered by soluble mediators released only in the presence of DA neurons, since there was no increase in striatal GDNF after exposure to soluble factors released by ventral midbrain astrocytes, previously incubated with the same oxidizing agents. We tested higher concentrations of H2O2 and L-DOPA in mixed embryonic ventral midbrain cultures. We observed a decrease of TH+ cells in these cultures exposed to 600M L-DOPA or 400M H2O2. We also found that soluble factors released upon DA injury induced GDNF upregulation in striatal cultures The present results indicate that upon DA neurons injury, ventral midbrain cells release soluble mediators that increase GDNF expression in striatal cells, probably as a neuroprotective strategy. Thus, these results may contribute to a better understanding the role of endogenous striatal GDNF in the context of DA injury. The manipulation of the endogenous levels of this neurotrophic factor may constitute, in the future, an alternative in treatment of neurodegenerative diseases, such as PD.Fonseca, Carla Sofia PaisBaltazar, Graça Maria FernandesuBibliorumGama, Susana Martins2015-01-08T19:38:28Z201220122012-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/2864porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:39:05Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/2864Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:44:27.197261Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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