Envelhecer em zonas rurais isoladas : Avaliação gerontológica multidimencional no município de Amares

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sá, Cristiana Maria Oliveira de
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/20.500.11960/1794
Resumo: Contexto e objetivo. As alterações demográficas do último século, que se traduziram na modificação e inversão das pirâmides etárias, refletindo o envelhecimento da população (Goldstein, 2009), vieram colocar aos governos e à sociedade em geral, novos desafios. À escala global observa-se que apenas uma percentagem reduzida da população é institucionalizada na fase final do ciclo de vida (Paul, 2012), sendo que a maior parte das pessoas deseja envelhecer na sua próprio lugar – “aging in place” (Paúl, 2005). O processo de envelhecimento humano pode ser analisado a partir de múltiplas perspetivas, em termos coletivos ou individuais, ou ainda comparando a terceira com a quarta idade (Baltes, 1997; Baltes & Smith, 2003). Atualmente, observa-se uma tendência para uma visão positiva do envelhecimento humano, que se concretiza nas ideias de envelhecimento bem-sucedido e ativo (Fernandes-Ballesteros, 2009). O aumento da população idosa, a escala à mundial, em particular nos países ditos desenvolvidos, faz com que na atualidade as Politicas Sociais sejam, pelo menos em parte, orientadas para a qualidade de vida e bem-estar das pessoas mais velhas (Walker, 2005, 2009). Neste contexto o presente estudo visa avaliar capacidades e necessidades de pessoas com 65+ anos a viver só em zonas rurais geograficamente isoladas. Método. Os 38 participantes do presente estudo, foram selecionados a partir dos Censo de 2011. Vivem sozinhos ou em alojamentos familiares com pessoas de 65+ anos, em quatro das freguesias rurais, geograficamente isoladas, do concelho de Amares. Em relação às características socio-demográficas, 60,5% são do sexo feminino; a média de idade é de 75,11 anos (DP= 6,88); o grau de escolaridade é reduzido, (65,8%) e são predominantemente viúvos, (44,7%). O acesso à amostra fez-se a partir de stakholders comunitários. A recolha de dados foi efetuada com base no Protocolo de Avaliação de Capacidades e Necessidades Comunitárias associadas ao Envelhecimento da População (ANCEP_GeroSOC_R.2013; Bastos, Faria, Moreira & Melo de Carvalho, 2013). Resultados. Em termos de funcionalidade para as atividades da vida diária observa-se que a maior parte dos participantes é independente (60,5%) nas atividades básicas da vida diária (ABVD) e moderadamente dependentes (60,5%) nas atividades instrumentais da vida diária (AIVD). Relativamente ao funcionamento cognitivo (MMSE) a maior parte dos participantes não apresenta défice cognitivo (86,8%). Em termos das redes sociais (LSNS-6) observa-se que 28,9% dos participantes apresenta maior risco de isolamento social. Quanto à satisfação com a vida, os participantes obtêm valores médios elevados (M=23,2; DP=6,83). Comparadas as várias dimensões do envelhecimento (funcionalidade, cognição e aspetos socio emocionais) em função de viver só ou com pessoas idosas, observam-se diferenças significativas na satisfação com a vida (p=0,03) sendo que, quem vive só apresenta valores superiores. Igualmente se observa que existe uma associação positiva significativa entre satisfação com a vida, rede social (p<0,01) e cognição (p<0,05), assim como uma associação negativa destas dimensões com a sintomatologia depressiva (p<0,01). Conclusão. Considerando a avaliação gerontológica multidimensional com pessoas com 65+ anos a viver só ou com pessoas mais velhas, a diferença entre estes dois grupos observa-se na satisfação com a vida. Este é um dos aspetos a considerar na intervenção gerontológica a nível local. Em termos de investigação futura recomenda-se aprofundar os aspetos socio-emocionais do viver a nível urbano.
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O processo de envelhecimento humano pode ser analisado a partir de múltiplas perspetivas, em termos coletivos ou individuais, ou ainda comparando a terceira com a quarta idade (Baltes, 1997; Baltes & Smith, 2003). Atualmente, observa-se uma tendência para uma visão positiva do envelhecimento humano, que se concretiza nas ideias de envelhecimento bem-sucedido e ativo (Fernandes-Ballesteros, 2009). O aumento da população idosa, a escala à mundial, em particular nos países ditos desenvolvidos, faz com que na atualidade as Politicas Sociais sejam, pelo menos em parte, orientadas para a qualidade de vida e bem-estar das pessoas mais velhas (Walker, 2005, 2009). Neste contexto o presente estudo visa avaliar capacidades e necessidades de pessoas com 65+ anos a viver só em zonas rurais geograficamente isoladas. Método. Os 38 participantes do presente estudo, foram selecionados a partir dos Censo de 2011. Vivem sozinhos ou em alojamentos familiares com pessoas de 65+ anos, em quatro das freguesias rurais, geograficamente isoladas, do concelho de Amares. Em relação às características socio-demográficas, 60,5% são do sexo feminino; a média de idade é de 75,11 anos (DP= 6,88); o grau de escolaridade é reduzido, (65,8%) e são predominantemente viúvos, (44,7%). O acesso à amostra fez-se a partir de stakholders comunitários. A recolha de dados foi efetuada com base no Protocolo de Avaliação de Capacidades e Necessidades Comunitárias associadas ao Envelhecimento da População (ANCEP_GeroSOC_R.2013; Bastos, Faria, Moreira & Melo de Carvalho, 2013). Resultados. Em termos de funcionalidade para as atividades da vida diária observa-se que a maior parte dos participantes é independente (60,5%) nas atividades básicas da vida diária (ABVD) e moderadamente dependentes (60,5%) nas atividades instrumentais da vida diária (AIVD). Relativamente ao funcionamento cognitivo (MMSE) a maior parte dos participantes não apresenta défice cognitivo (86,8%). Em termos das redes sociais (LSNS-6) observa-se que 28,9% dos participantes apresenta maior risco de isolamento social. Quanto à satisfação com a vida, os participantes obtêm valores médios elevados (M=23,2; DP=6,83). Comparadas as várias dimensões do envelhecimento (funcionalidade, cognição e aspetos socio emocionais) em função de viver só ou com pessoas idosas, observam-se diferenças significativas na satisfação com a vida (p=0,03) sendo que, quem vive só apresenta valores superiores. Igualmente se observa que existe uma associação positiva significativa entre satisfação com a vida, rede social (p<0,01) e cognição (p<0,05), assim como uma associação negativa destas dimensões com a sintomatologia depressiva (p<0,01). Conclusão. Considerando a avaliação gerontológica multidimensional com pessoas com 65+ anos a viver só ou com pessoas mais velhas, a diferença entre estes dois grupos observa-se na satisfação com a vida. Este é um dos aspetos a considerar na intervenção gerontológica a nível local. Em termos de investigação futura recomenda-se aprofundar os aspetos socio-emocionais do viver a nível urbano.Context and purpose. Demographic changes of the last century, which resulted in the modification and inversion of age pyramids (Goldstein, 2009), reflecting the aging of the population, have put new challenges to the governments and society in general. At one global scale is observed that only a small percentage of the population is institutionalized in the final stage of the life cycle (Paul, 2012), and most people want to age in their own home - "aging in place" (Paul, 2005). The human aging process can be analyzed from multiple perspectives, in collective or individual terms, or comparing the third with the fourth age (Baltes, 1997; Baltes & Smith, 2003). Currently there is a trend towards a positive view of human aging, which represents the ideas of successful aging and active (Fernandes-Ballesteros, 2009). The increase in the elderly population, particularly in so-called developed countries (Goldstein, 2008), makes today's social policies are at least partly geared to quality of life and well-being of elderly people (Walker, 2005, 2009). In this context, this study aims to assess abilities and needs of people with more than 65 years living in rural areas geographically isolated Method. The 38 participants of this study were selected from the “Censos 2011”, living alone or in dwellings only with people of 65 + years in the four geographically isolated rural localities of Amares. In terms of socio demographic characteristics, 60.5% are female, with a mean age of 75.11 years (SD = 6.88), low education (65.8%) and predominantly widowed (44.7%). The access to the sample was made with the help from community stakholders. Data collection was performed based on the Capability Assessment Protocol and Community Needs associated with Aging Population (ANCEP2_GeroSOC.2013; Bastos, Faria, & Melo Moreira de Carvalho, 2013). Results. In terms of functionality for the activities of daily life it is observed that most of the participants is independent (60.5%) in basic activities of daily living and moderately dependent (60.5%) in instrumental activities of life daily. Regarding cognitive functioning (MMSE) most participants shows no cognitive impairment (86.8%). In terms of social networks (LSNs-6) it is observed that 28.9% of participants are at higher risk of social isolation. Regarding life satisfaction, participants obtain higher means (M = 23.2, SD = 6.83), and reduced depressive symptoms (M = 5.58, SD = 3.23). Comparing the various dimensions of aging (functionality, cognitive and socio emotional aspects) only observed significant differences in life satisfaction (p = 0.03), according to live alone or with others, and who lives alone shows higher values. It is also observed that there is a significant positive association between life satisfaction, social network (p <0.01) and cognition (p <0.05), with negative depressive symptoms (p <0.01). Conclusion. Considering the Gerontological Multidimensional Evaluation with people 65+years that live alone or with older people the biggest difference between these two groups was observed in satisfaction with life. This is an aspect to consider in gerontological municipal plans. In terms of future research is recommended to deepen the socio emotional aspects of living alone at the urban level, in particular in the fourth age.2017-03-17T16:44:35Z2014-10-23T00:00:00Z2014-10-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/20.500.11960/1794TID:201649640porSá, Cristiana Maria Oliveira deinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-21T14:39:24Zoai:repositorio.ipvc.pt:20.500.11960/1794Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T17:43:59.605567Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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