Incêndios florestais, da terra ardida ao despertar da consciência

• Autor(a) principal: Silva, Guilherme Teixeira da
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/12113
• topic: Ambiente; Incêndios Florestais; Políticas Públicas; Sociedade; Vítimas; Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Sociologia::Exclusões e Políticas Sociais

Os incêndios florestais são fenômenos significativos e recorrentes, que põem em xeque as relações de interdependência entre os sistemas sociais e ambientais. Os incêndios deflagrados em Portugal em 2017 foram o espoletar de uma tragédia coletiva, pessoas pereceram, outras tantas ficaram feridas e com sequelas, habitações, empresas e milhares de hectares de território foram consumidos pelas labaredas. Passados quatro anos desde os fatídicos incêndios ainda há casas de primeira habitação por reconstruir. O objetivo geral desta investigação é a partir de uma perspectiva sociológica compreender as experiências e as percepções das vítimas dos incêndios florestais das regiões de Arganil, Midões e Pedrógão Grande, objetivando trazer elementos para o desenvolvimento de ações socioambientais mais inclusivas e efetivas. Relativamente aos objetivos específicos pretende-se compreender a dinâmica entre relações sociais e ambientais dos moradores das regiões atingidas; analisar as principais medidas políticas e confrontar com a leitura que os moradores têm das mesmas, problematizando os impactos das mudanças e resultados. Pretende-se por fim, apresentar reflexões e propostas de melhoria. O principal foco da nossa pesquisa é a perspectiva das comunidades afetadas, dando voz às experiências das pessoas e comunidades das zonas afetadas. Nesse sentido o presente estudo tem como público-alvo os moradores das regiões de Arganil, Midões e Pedrógão Grande, vítimas dos incêndios florestais, localidades que registaram os piores incêndios de sempre em Portugal. A abordagem metodológica aplicada foi do tipo qualitativo e, de caráter exploratório, a fim de aprofundar a compreensão deste grupo social. Face aos constrangimentos da conjuntura pandêmica, elegeu-se como interlocutores privilegiados as associações de vítimas por serem coletivos de representação do nosso público-alvo e permitirem assim que, via entrevista não presencial, se auscultassem as comunidades afetadas. A análise documental de políticas públicas, notícias e testemunhos complementou a nossa recolha de dados. Não obstante o cariz exploratório destes estudo, a análise efetuada permitiu constatar que existem muitas arestas a serem limadas na relação entre o poder público e sociedade, para que essa ecologia de saberes seja traduzida em ações efetivas frente a problemática dos incêndios florestais.