É-ti-quê

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vicente, Gustavo
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/29521
Resumo: Creio que, quando finalmente me tornei um espectador assíduo de teatro, teria cerca de vinte anos. Decorriam os anos noventa, década de grandes dúvidas existenciais para muitos que, como eu, carregavam a pesada herança de sucessão de uma geração que vivera a revolução do 25 de Abril e tinha dado os primeiros passos na reconstrução de um país ainda abalado pelo passado de uma ditadura de cerca de cinquenta anos; pela derrocada de um império de meio milénio; e pelas marcas ainda recentes de treze anos de guerra colonial. Uma geração que, nessa altura, começava a dar sinais de desilusão em relação aos resultados da “sua” democracia, e que, em muitos casos – na pressa de encontrar um bode expiatório para o curso enviesado da história -, colocava o ónus da responsabilidade nos ombros dos mais jovens. Éramos a “geração rasca”, apregoavam. Eu vejo-nos como os órfãos da revolução.
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