Caracterização genética da resistência a antibióticos β-lactâmicos e estudo de factores de virulência em estirpes de Escherichia coli de diferentes origens

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carneiro, Maria Catarina Santos
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/2172
Resumo: Nos últimos anos tem existido uma grande preocupação pelo aumento da resistência bacteriana aos antibióticos usados quer em medicima humana quer em medicina veterinária. As estações de tratamento de águas residuais assim como a microflora bacteriana intestinal constituem ambientes favoráveis para a sobrevivência, transferência e disseminação de bactérias resistentes. O principal objectivo deste trabalho consistiu em avaliar o papel de dois ecossistemas distintos como reservatórios de E. coli com genes de resistência aos antibióticos, com especial relevância para as estirpes portadoras de β-lactamases. Estudaram-se 54 estirpes de Escherichia coli obtidas a partir de amostras fecais de 54 avestruzes de cativeiro provenientes do Alentejo. As amostras fecais foram inoculadas em Levine nao suplementado com cefotaxima, das quais se obtiveram isolados de E. coli das 54 avestruzes (100%) e em placas de Levine suplementado com cefotaxima (2μg/ml) das quais se obtiveram isolados de E. coli de 3 avestruzes (5.6%). Determinou-se a sensibilidade a 16 antibióticos (ampicilina; amoxicilina + ácido clavulânico; cefoxitina; cefoxitina; ceftazidima; aztreonam; imipenemo; gentamicina; amicacina; tobramicina; estreptomicina; ácido nalidíxico; ciprofloxacina; trimetoprim-sulfametoxazol; tetraciclina e cloranfenicol). As percentagens de resistência, nos isolados obtidos de placas de Levine não suplementado, foram moderadas à ampicilina (16.7%) e à tetraciclina (13%); observaram-se ainda percentagens de resistência à estreptomicina (5.6%), à amoxicilina + ácido clavulânico, à cefoxitina e à gentamicina (1,9%). Não foram detectadas resistências aos restantes antibióticos. Em 6 dos 9 isolados resistentes à ampicilina foi detectado o gene blaTEM. O gene tet(A) ou tet(B) foi detectado em 5 dos isolados resistentes à tetraciclina. No isolado que apresentou resistência à cefoxitina detectaram-se mutações no promotor e na região atenuadora do gene ampC (nas posições –42, –18, –1 and +58). Nos isolados obtidos de placas de Levine suplementado com cefotaxima (2μg/ml), verificou-se que os três isolados são produtores de β-lactamases de largo espectro (BLLEs) e apresentam resistência aos seguintes antibióticos não β-lactâmicos: estreptomicina, tetraciclina, trimetoprim-sulfametoxazol, ácido nalidíxico e ciprofloxacina. Nestas estirpes foi possível identificar dois tipos específicos de genes codificantes de BLLEs: blaCTX-M-14a + blaTEM-52c (1 isolado), blaCTX-M-14a + blaTEM-1b (2 isolados). Neste trabalho, foram também incluídos 259 isolados de E. coli provenientes de 10 ETARs urbanas de Portugal e 265 isolados de E. coli provenientes de 8 ETARs avícolas de Portugal. Obtivemos 5 estirpes produtoras de BLLEs, nas quais foi possível identificar três tipos diferentes: TEM-52c, CTX-M-15 e CTX-M-14a. Em 7 estirpes com resistência fenotípica intermédia à cefotaxima e à ceftazidima, observou-se hiperprodução do gene ampC e em outras 7 estirpes com resistência fenotípica à ampicilina e à amoxicilina + ácido clavulânico detectou-se o gene intl1 em 4 dos 6 isolados, sendo que em 1 isolado detectaram-se os genes intl1 e intl2. Foi do nosso interesse caracterizar, em todas as estirpes obtidas, os mecanismos envolvidos na resistência fenotípica aos antibióticos, bem como descrever os possíveis elementos de aquisição e disseminação destes genes. Finalmente, de referir a importância de continuar com os estudos de vigilância da resistência aos antibióticos com o objectivo de avaliar a sua evolução no tempo e determinar os factores que influenciam a sua selecção e disseminação.
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