Avaliação da frequência de anticorpos em pacientes com suspeita de síndrome antifosfolipídico
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10348/9087 |
Resumo: | O síndrome antifosfolipídico é uma doença autoimune, sistémica, caracterizada por trombose e/ou complicações obstétricas, que ocorrem em associação com anticorpos antifosfolipídicos persistentes. No laboratório, estes anticorpos são avaliados por três testes laboratoriais: dois ensaios em fase sólida, que detetam anticorpos anti-cardiolipina e anti-β2- glicoproteína-I e um ensaio funcional, o teste anticoagulante lúpico. Os critérios de Sapporo, usados na classificação desta doença foram apresentados em 1999 e revistos em 2006. A introdução destes critérios permitiu uma uniformização na classificação do síndrome antifosfolipídico, representando um avanço considerável no diagnóstico desta patologia. No entanto, ainda permanecem algumas dúvidas relativas aos testes de diagnóstico atualmente existentes. Estes apresentam várias limitações relativas à sua robustez, reprodutibilidade e padronização. Para além disto, existe alguma controvérsia sobre o seu papel diagnóstico e prognóstico. Assim, com este trabalho, pretendeu-se fornecer um contributo à problemática do diagnóstico do síndrome antifosfolipídico, através da avaliação da prevalência de anticorpos utilizados na deteção laboratorial desta patologia e da associação entre eventos clínicos e testes laboratoriais, na população do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, EPE. Foram avaliadas 1179 amostras de pacientes com suspeita de síndrome antifosfolipídico relativas a um período de três anos, compreendido entre janeiro de 2015 e dezembro de 2017. Incluíram-se neste estudo amostras provenientes de serviços de internamento e urgência e serviços de ambulatório. A população estudada foi constituída maioritariamente por indivíduos do sexo feminino e a idade média foi de 46,8 anos. As manifestações clínicas mais frequentemente encontradas foram: acidente vascular cerebral/acidente isquémico transitório, doenças inflamatórias/osteoarticulares e eventos obstétricos. A positividade geral encontrada foi de 17,8% e o anticorpo antifosfolipídico mais frequentemente encontrado em todas as patologias foi o anticoagulante lúpico. Os anticorpos encontrados surgiram tanto isolados como em associação. A prevalência de tripla positividade nas amostras positivas foi de 4,4% e de dupla positividade 10,0%. A positividade encontrada foi maior em serviços de internamento e urgência comparativamente com os serviços de ambulatório. Verificou-se também que a positividade foi maior na população com idade superior a 41 anos e no sexo masculino. Avaliando a positividade por manifestação clínica, verificou-se que, a prevalência de positividade foi maior no lúpus eritematoso sistémico, nas complicações renais e na trombose venosa profunda/tromboflebite. Analisando a confirmação de positividade em segunda amostra, verificou-se que, 39,5% das amostras positivas confirmaram em segunda amostra. Nas amostras positivas, 50,6% confirmaram pelo mesmo perfil e 17,3% por um perfil diferente. Verificou-se ainda que, 2,5% das amostras confirmaram positividade por um anticorpo diferente do detetado previamente. Relativamente à avaliação da pertinência da utilização do teste de sílica clotting time, concluiuse que, este permitiu identificar 4,8% de amostras positivas que não seriam identificadas apenas com o teste de veneno diluído da víbora de Russel. Concluiu-se ainda que, 7,9% dos pacientes com determinação positiva em primeira amostra teriam negativado caso não tivessem sido utilizados os dois testes na confirmação da positividade Estudos que incluam um maior número de pacientes poderão ser úteis para determinar com mais certeza, os resultados obtidos no presente estudo. |
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Estes apresentam várias limitações relativas à sua robustez, reprodutibilidade e padronização. Para além disto, existe alguma controvérsia sobre o seu papel diagnóstico e prognóstico. Assim, com este trabalho, pretendeu-se fornecer um contributo à problemática do diagnóstico do síndrome antifosfolipídico, através da avaliação da prevalência de anticorpos utilizados na deteção laboratorial desta patologia e da associação entre eventos clínicos e testes laboratoriais, na população do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, EPE. Foram avaliadas 1179 amostras de pacientes com suspeita de síndrome antifosfolipídico relativas a um período de três anos, compreendido entre janeiro de 2015 e dezembro de 2017. Incluíram-se neste estudo amostras provenientes de serviços de internamento e urgência e serviços de ambulatório. A população estudada foi constituída maioritariamente por indivíduos do sexo feminino e a idade média foi de 46,8 anos. As manifestações clínicas mais frequentemente encontradas foram: acidente vascular cerebral/acidente isquémico transitório, doenças inflamatórias/osteoarticulares e eventos obstétricos. A positividade geral encontrada foi de 17,8% e o anticorpo antifosfolipídico mais frequentemente encontrado em todas as patologias foi o anticoagulante lúpico. Os anticorpos encontrados surgiram tanto isolados como em associação. A prevalência de tripla positividade nas amostras positivas foi de 4,4% e de dupla positividade 10,0%. A positividade encontrada foi maior em serviços de internamento e urgência comparativamente com os serviços de ambulatório. Verificou-se também que a positividade foi maior na população com idade superior a 41 anos e no sexo masculino. Avaliando a positividade por manifestação clínica, verificou-se que, a prevalência de positividade foi maior no lúpus eritematoso sistémico, nas complicações renais e na trombose venosa profunda/tromboflebite. Analisando a confirmação de positividade em segunda amostra, verificou-se que, 39,5% das amostras positivas confirmaram em segunda amostra. Nas amostras positivas, 50,6% confirmaram pelo mesmo perfil e 17,3% por um perfil diferente. Verificou-se ainda que, 2,5% das amostras confirmaram positividade por um anticorpo diferente do detetado previamente. Relativamente à avaliação da pertinência da utilização do teste de sílica clotting time, concluiuse que, este permitiu identificar 4,8% de amostras positivas que não seriam identificadas apenas com o teste de veneno diluído da víbora de Russel. Concluiu-se ainda que, 7,9% dos pacientes com determinação positiva em primeira amostra teriam negativado caso não tivessem sido utilizados os dois testes na confirmação da positividade Estudos que incluam um maior número de pacientes poderão ser úteis para determinar com mais certeza, os resultados obtidos no presente estudo.The antiphospholipid syndrome is an autoimmune, systemic disorder characterized by thrombosis and/or obstetric complications in association with persistent antiphospholipid antibodies. In laboratory, these antibodies are evaluated with three tests: two solid-phase assays detecting anti-cardiolipin and anti-β2-glycoprotein-I antibodies and a functional assay, lupus anticoagulant test. The Sapporo criteria, used in the classification of this disease were presented in 1999 and revised in 2006. The introduction of these criteria allowed some standardization in antiphospholipid syndrome classification and represented a great advance in the diagnosis of this pathology. However, some questions still remain about the diagnostic tests that currently exist. They have several limitations regarding their robustness, reproducibility and standardization. In addition, there is some controversy about its diagnostic and prognostic role. The aim of this study was contribute to the diagnosis of antiphospholipid syndrome by the assessment of prevalence of antibodies used in the laboratory detection of this disease and making the association between clinical events and laboratory tests in the population of the Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, EPE. We evaluated 1179 samples from patients with suspected antiphospholipid syndrome in a period of three years understood between January 2015 to December 2017. All samples from inpatient and outpatient services were included in this study. The population consisted mainly of female subjects and the mean age was 46,8 years. The most frequent clinical manifestations found were: stroke/transient ischemic attack, inflammatory/osteoarticular diseases and obstetric events. Overall positivity in this population was 17.8% and the most frequent antiphospholipid antibody found in all pathologies was lupus anticoagulant. Antibodies found were determined isolated and in association. In the positive samples, the prevalence of triple positivity was 4.4% and double positivity 10.0%. The positivity found was higher in inpatient services compared to outpatient services. It was also verified that, the positivity was higher in mans and in the population over 41 years. Evaluating the positivity by clinical manifestation, it was verified that, the positivity prevalence was higher in systemic lupus erythematosus, renal complications and deep venous thrombosis/thrombophlebitis. Analyzing the positivity confirmation in second sample, it was verified that, 39.5% of positive samples confirmed positivity in the second sample. In positive samples, 50.6% was confirmed with same positivity profile and in 17.3% with different profile. It was also verified that 2.5% of the samples confirmed positivity by a different antibody of previously detected. In the evaluation of the pertinence of the silica clotting time test, it was concluded that this test allowed to identify 4.8% of positive samples that would not be identified with dilute Russell's viper venom time test only. It was also concluded that 7.9% of the patients with positive determination in first sample became negative if two tests had not been used in positivity confirmation. Studies that include a larger number of patients may be useful to determine with more confidence the results obtained in the present study.2019-02-26T11:36:44Z2018-10-24T00:00:00Z2018-10-24info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/9087TID:202324770porMartins, Filipe Ferreirainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:56:31Zoai:repositorio.utad.pt:10348/9087Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:06:24.461577Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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