A filiação socioafetiva e a possibilidade jurídica da pluriparentalidade em Portugal : o caso Esmeralda
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/52539 |
Resumo: | A denominada filiação socioafetiva advém da modernização do direito de família, que passa a não mais interpretar seus institutos com base apenas no biologismo, imputando ao amor, afeto e a felicidade, a relevância que sempre tiveram no que concerne a filiação. Trata-se, em verdade, de uma quebra do paradigma da família antiga, pautada no patriarcalismo e na sucessão consanguínea. A criança ganhou a qualidade de sujeito de direitos e seu melhor interesse é o que deverá reger todas as decisões que lhe afetem. E mais, no âmbito do Estado Democrático de Direitos, a interferência estatal na vida privada deve ser restrita a prática de atos específicos e que lhe dizem respeito. Nesse cenário, a autonomia de vontade deve reger as relações privadas. Não mais é o Estado que determina com quem nos casamos, quando nos divorciamos e quem são nossos pais. Nesse contexto, a pluriparentalidade surge como um elemento que busca regularizar as relações familiares fáticas já vivenciadas, com base na dignidade da pessoa humana, no superior interesse da criança, no direito a busca da felicidade e a identidade pessoal, interpretada de uma forma plena. No “novo mundo” que estamos vivenciando, cada vez mais deixam de ser utilizados modelos pré-concebidos e discriminatórios de família, que dão a vez para interpretações muito mais humanizadas e que colocam a dignidade, o amor e a felicidade em primeiro plano. Toda essa “revolução” não é feita à margem da lei, pelo contrário, trata-se de uma interpretação contextual dos princípios e valores contidos na Constituição da República Portuguesa e demais normas nacionais e internacionais. Torna-se assim necessário a mudança de mentalidade dos intérpretes do direito, que continuam presos a supostos valores e princípios nunca reais e há muito superados, como pudemos demonstrar ao longo do trabalho, em especial com o julgamento da “Caso Esmeralda”. |
id |
RCAP_e3069842a93626cb546093f399ff2e9a |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ul.pt:10451/52539 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
A filiação socioafetiva e a possibilidade jurídica da pluriparentalidade em Portugal : o caso EsmeraldaDireito da famíliaFiliaçãoSuperior interesse da criançaAutonomia da vontadePluriparentalidadeTeses de mestrado - 2021Direito civilA denominada filiação socioafetiva advém da modernização do direito de família, que passa a não mais interpretar seus institutos com base apenas no biologismo, imputando ao amor, afeto e a felicidade, a relevância que sempre tiveram no que concerne a filiação. Trata-se, em verdade, de uma quebra do paradigma da família antiga, pautada no patriarcalismo e na sucessão consanguínea. A criança ganhou a qualidade de sujeito de direitos e seu melhor interesse é o que deverá reger todas as decisões que lhe afetem. E mais, no âmbito do Estado Democrático de Direitos, a interferência estatal na vida privada deve ser restrita a prática de atos específicos e que lhe dizem respeito. Nesse cenário, a autonomia de vontade deve reger as relações privadas. Não mais é o Estado que determina com quem nos casamos, quando nos divorciamos e quem são nossos pais. Nesse contexto, a pluriparentalidade surge como um elemento que busca regularizar as relações familiares fáticas já vivenciadas, com base na dignidade da pessoa humana, no superior interesse da criança, no direito a busca da felicidade e a identidade pessoal, interpretada de uma forma plena. No “novo mundo” que estamos vivenciando, cada vez mais deixam de ser utilizados modelos pré-concebidos e discriminatórios de família, que dão a vez para interpretações muito mais humanizadas e que colocam a dignidade, o amor e a felicidade em primeiro plano. Toda essa “revolução” não é feita à margem da lei, pelo contrário, trata-se de uma interpretação contextual dos princípios e valores contidos na Constituição da República Portuguesa e demais normas nacionais e internacionais. Torna-se assim necessário a mudança de mentalidade dos intérpretes do direito, que continuam presos a supostos valores e princípios nunca reais e há muito superados, como pudemos demonstrar ao longo do trabalho, em especial com o julgamento da “Caso Esmeralda”.The so-called socio-affective affiliation comes from the modernization of family law, which no longer interprets its institutes based solely on biology, imputing to love, affection and happiness, the relevance they have always had regarding affiliation. It is, in fact, a breach of the paradigm of the old family, based on patriarchy and inbreeding succession. The child has gained the quality of subject of rights and his best interest is what should govern all decisions that affect him. Furthermore, in the context of the Democratic State of Rights, state interference in private life must be restricted to the practice of specific acts that concern it. In this scenario, autonomy of will must govern private relations. It is no longer the state that determines who we marry, when we divorce and who our parents are. In this context, pluriparentality emerges as an element that seeks to regularize the factual family relationships already experienced, based on the dignity of the human person, on the child's best interest, on the right to search for happiness and personal identity, interpreted in a full way. In the “new world” that we are experiencing, more and more pre-conceived and discriminatory models of family are no longer used, which give way to much more humanized interpretations and that place dignity, love and happiness in the foreground. All this "revolution" is not done outside the law, on the contrary, it is a contextual interpretation of the principles and values contained in the Constitution of the Portuguese Republic and other national and international standards. It is therefore necessary to change the mentality of legal interpreters, who continue to be bound by supposed values and principles that are never real and have long been overcome, as we have been able to demonstrate throughout the work, especially with the judgment of the “Esmeralda Case”.Corte Real, Carlos PamplonaRepositório da Universidade de LisboaBet, Thiago Barelli2022-04-22T18:36:06Z2021-12-092021-12-09T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/52539porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:57:47Zoai:repositorio.ul.pt:10451/52539Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:03:37.600468Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
A filiação socioafetiva e a possibilidade jurídica da pluriparentalidade em Portugal : o caso Esmeralda |
title |
A filiação socioafetiva e a possibilidade jurídica da pluriparentalidade em Portugal : o caso Esmeralda |
spellingShingle |
A filiação socioafetiva e a possibilidade jurídica da pluriparentalidade em Portugal : o caso Esmeralda Bet, Thiago Barelli Direito da família Filiação Superior interesse da criança Autonomia da vontade Pluriparentalidade Teses de mestrado - 2021 Direito civil |
title_short |
A filiação socioafetiva e a possibilidade jurídica da pluriparentalidade em Portugal : o caso Esmeralda |
title_full |
A filiação socioafetiva e a possibilidade jurídica da pluriparentalidade em Portugal : o caso Esmeralda |
title_fullStr |
A filiação socioafetiva e a possibilidade jurídica da pluriparentalidade em Portugal : o caso Esmeralda |
title_full_unstemmed |
A filiação socioafetiva e a possibilidade jurídica da pluriparentalidade em Portugal : o caso Esmeralda |
title_sort |
A filiação socioafetiva e a possibilidade jurídica da pluriparentalidade em Portugal : o caso Esmeralda |
author |
Bet, Thiago Barelli |
author_facet |
Bet, Thiago Barelli |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Corte Real, Carlos Pamplona Repositório da Universidade de Lisboa |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Bet, Thiago Barelli |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Direito da família Filiação Superior interesse da criança Autonomia da vontade Pluriparentalidade Teses de mestrado - 2021 Direito civil |
topic |
Direito da família Filiação Superior interesse da criança Autonomia da vontade Pluriparentalidade Teses de mestrado - 2021 Direito civil |
description |
A denominada filiação socioafetiva advém da modernização do direito de família, que passa a não mais interpretar seus institutos com base apenas no biologismo, imputando ao amor, afeto e a felicidade, a relevância que sempre tiveram no que concerne a filiação. Trata-se, em verdade, de uma quebra do paradigma da família antiga, pautada no patriarcalismo e na sucessão consanguínea. A criança ganhou a qualidade de sujeito de direitos e seu melhor interesse é o que deverá reger todas as decisões que lhe afetem. E mais, no âmbito do Estado Democrático de Direitos, a interferência estatal na vida privada deve ser restrita a prática de atos específicos e que lhe dizem respeito. Nesse cenário, a autonomia de vontade deve reger as relações privadas. Não mais é o Estado que determina com quem nos casamos, quando nos divorciamos e quem são nossos pais. Nesse contexto, a pluriparentalidade surge como um elemento que busca regularizar as relações familiares fáticas já vivenciadas, com base na dignidade da pessoa humana, no superior interesse da criança, no direito a busca da felicidade e a identidade pessoal, interpretada de uma forma plena. No “novo mundo” que estamos vivenciando, cada vez mais deixam de ser utilizados modelos pré-concebidos e discriminatórios de família, que dão a vez para interpretações muito mais humanizadas e que colocam a dignidade, o amor e a felicidade em primeiro plano. Toda essa “revolução” não é feita à margem da lei, pelo contrário, trata-se de uma interpretação contextual dos princípios e valores contidos na Constituição da República Portuguesa e demais normas nacionais e internacionais. Torna-se assim necessário a mudança de mentalidade dos intérpretes do direito, que continuam presos a supostos valores e princípios nunca reais e há muito superados, como pudemos demonstrar ao longo do trabalho, em especial com o julgamento da “Caso Esmeralda”. |
publishDate |
2021 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2021-12-09 2021-12-09T00:00:00Z 2022-04-22T18:36:06Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10451/52539 |
url |
http://hdl.handle.net/10451/52539 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1799134586961133568 |