Vinculação ao lugar e redes de suporte social : Contributos para aging in place no núcleo urbano de Viana do Castelo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pinto, Isabel Maria Bezerra
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/20.500.11960/1795
Resumo: O envelhecimento populacional é um fenómeno de dimensão mundial com fortes implicações políticas, económicas e sociais. Já o envelhecimento individual é um processo multidimensional, multicausal, multidirecional e contextual que coloca exigências e desafios sistemáticos à pessoa (Baltes, 1997). Neste contexto, o modo como se vive e envelhece pode ser lido a partir de uma matriz conceptual sistémica e ecológica em que a pessoa e o ambiente constituem uma unidade de análise em constante interação e influência mútuas (Bronfenbrenner, 1978). Assim, compreender o processo de envelhecimento obriga a uma leitura contextualizada, assente nas relações que a pessoa constrói com lugares, objetos e pessoas ao longo do tempo. O lugar primordial de envelhecimento é a casa, pelo que a literatura tem procurado compreender a natureza da relação idoso-casa a partir das teorias que explicam a vinculação ao lugar entendida como a relação emocional que a pessoa estabelece com os lugares (Altman & Low, 1992). Esta relação ou vínculo assume uma importância nuclear no modo como se envelhece, estando profundamente associado à preferência dos idosos por envelhecer no seu próprio lugar (Aging in place). Assim, os ambientes físico e social, particularmente as redes de vizinhança e de suporte social, das pessoas mais velhas podem ser optimizadores ou condicionadores do processo de envelhecimento com efeitos na autonomia, e na qualidade de vida e bem-estar (Paúl, 2005). Neste contexto, desenhamos um estudo qualitativo com os objetivos de (1) compreender a vinculação ao lugar na perspetiva dos idosos; (2) caracterizar as redes de suporte social de idosos que vivem num lugar específico; e (3) explorar o contributo das relações de vizinhança para o Aging in Place. Participam no estudo 13 pessoas com idade superior a 65 anos, residentes numa rua da ribeira numa freguesia do centro histórico de uma cidade da região norte do litoral do país. Os dados foram recolhidos com recurso a entrevista semiestruturada construída especificamente para o estudo e a Técnica Convoy. A análise de conteúdo efetuada às entrevistas permitiu identificar que se organizam em torno de um tema comum – Viver e envelhecer na “minha Rua” que integra três domínios designados como (1) Relacional, (2) Individual/Self, e (3) Contextual, que por sua vez agregam um número variável de categorias e subcategorias. Quanto à rede de suporte social dos participantes, esta é constituída em média por seis elementos mais íntimos, maioritariamente do género feminino, cuja duração da relação é superior a 60 ou mais anos e com uma frequência diária de contacto. Os filhos proporcionam essencialmente suporte do tipo cuidar e apoio em situações relacionadas com a saúde. Já os amigos e vizinhos assumem-se como confidentes e fontes de suporte emocional em momentos emocionalmente negativos. Considerando os resultados obtidos, foi possível verificar a existência de um vínculo afetivo idoso-lugar (casa/rua/freguesia), a preferência por continuar a viver e envelhecer no seu próprio lugar e a relevância das redes de suporte social, nomeadamente dos familiares e dos vizinhos, para o processo de envelhecimento. Globalmente, os nossos resultados parecem reforçar a leitura ecológica do processo de envelhecimento, enfatizando a relevância dos ambientes físicos e sociais para o modo como as pessoas vivem e envelhecem em lugares específicos.
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O lugar primordial de envelhecimento é a casa, pelo que a literatura tem procurado compreender a natureza da relação idoso-casa a partir das teorias que explicam a vinculação ao lugar entendida como a relação emocional que a pessoa estabelece com os lugares (Altman & Low, 1992). Esta relação ou vínculo assume uma importância nuclear no modo como se envelhece, estando profundamente associado à preferência dos idosos por envelhecer no seu próprio lugar (Aging in place). Assim, os ambientes físico e social, particularmente as redes de vizinhança e de suporte social, das pessoas mais velhas podem ser optimizadores ou condicionadores do processo de envelhecimento com efeitos na autonomia, e na qualidade de vida e bem-estar (Paúl, 2005). Neste contexto, desenhamos um estudo qualitativo com os objetivos de (1) compreender a vinculação ao lugar na perspetiva dos idosos; (2) caracterizar as redes de suporte social de idosos que vivem num lugar específico; e (3) explorar o contributo das relações de vizinhança para o Aging in Place. Participam no estudo 13 pessoas com idade superior a 65 anos, residentes numa rua da ribeira numa freguesia do centro histórico de uma cidade da região norte do litoral do país. Os dados foram recolhidos com recurso a entrevista semiestruturada construída especificamente para o estudo e a Técnica Convoy. A análise de conteúdo efetuada às entrevistas permitiu identificar que se organizam em torno de um tema comum – Viver e envelhecer na “minha Rua” que integra três domínios designados como (1) Relacional, (2) Individual/Self, e (3) Contextual, que por sua vez agregam um número variável de categorias e subcategorias. Quanto à rede de suporte social dos participantes, esta é constituída em média por seis elementos mais íntimos, maioritariamente do género feminino, cuja duração da relação é superior a 60 ou mais anos e com uma frequência diária de contacto. Os filhos proporcionam essencialmente suporte do tipo cuidar e apoio em situações relacionadas com a saúde. Já os amigos e vizinhos assumem-se como confidentes e fontes de suporte emocional em momentos emocionalmente negativos. Considerando os resultados obtidos, foi possível verificar a existência de um vínculo afetivo idoso-lugar (casa/rua/freguesia), a preferência por continuar a viver e envelhecer no seu próprio lugar e a relevância das redes de suporte social, nomeadamente dos familiares e dos vizinhos, para o processo de envelhecimento. Globalmente, os nossos resultados parecem reforçar a leitura ecológica do processo de envelhecimento, enfatizando a relevância dos ambientes físicos e sociais para o modo como as pessoas vivem e envelhecem em lugares específicos.The population aging is a phenomenon of global dimension with strong political, economic and social implications. On the other hand, individual aging is a multidimensional, multi-causal, multidirectional and contextual process that makes systematic challenges and demands to the person (Baltes, 1997). In this context, the way of the people live and age, can be read from a systemic and ecological conceptual matrix, in which, the persons and the environment constitute a unit of analysis in constant interaction and with mutual influence (Bronfenbrenner, 1978). Thus, understanding the aging process requires a contextualized reading, based on the relationships that the person builds with places, objects and other people, over the time. The primary place of aging is home, so the literature has sought to understand the nature of the relationship between the elderly and their home from theories that explain the attachment to place, described as the emotional relationship that the person establish with their location (Altman & Low, 1992). This relationship or bond assumes a central importance in how someone ages, being deeply associated with the preference of the elderly grow old in their own place (aging in place). Thus, the physical and social environments, particularly the neighbourhood networks and social support among older people can be conditioners or enhancers of the aging process with influence on autonomy, and in the quality of life and well-being (Paúl, 2005). In this context, we designed a qualitative study with the aim to (1) understand the attachment to place from the elderly perspective; (2) characterize the social support networks of elderly people living in a specific location; and (3) explore the contribution of neighbourhood relations for the “Aging in Place”. This work, had involved thirteen people aged over 65 years, and resident in a riverside street near to the historic centre of a city in northern coast of Portugal. Data were collected using a semi-structured interview constructed specifically for the study and from a Convoy technique. The content analysed from the interviews are organized around a common theme - Living and aging in "My Street" that integrates three main areas designated as (1) relational, (2) Individual/Self, and (3) Contextual, which in turn adds a variable number of categories and sub-categories. Regarding social support network of the participants, these are made up, on average, from six closest elements, mainly from the female gender, and with a relationship of daily contact with over 60 years. Their sons mainly provide some care and support in health-related situations. On the other hand, friends and neighbours are assumed as confidants and sources of emotional support even in the most emotionally negative moments. Considering these results, we could verify the existence of an effective link between the old and their living place (house/street/neighbourhood), the preference from the elderly, to continue to live and grow old in their own place and the importance of social support networks, including of family members and neighbours, in the aging process. Overall, our results seem to reinforce the ecological reading of the aging process, emphasizing the importance of physical and social environments for the way people live and age in specific places.2017-03-20T09:47:15Z2014-08-04T00:00:00Z2014-08-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/20.500.11960/1795TID:201649837porPinto, Isabel Maria Bezerrainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-21T14:38:23Zoai:repositorio.ipvc.pt:20.500.11960/1795Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T17:43:51.682920Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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