Romantismo político e constitucionalismo identitário : o paradoxo do conceito romântico de povo
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/54972 |
Resumo: | Neste artigo revisitamos em que consistiu o movimento do romantismo político e as suas várias fontes, definições e tradições nacionais e filosóficas. Centramo- nos, todavia, no conceito de povo a fim de ilustrar a forma como os românticos, desviando- se do normativismo liberal, entenderam o povo enquanto entidade dependente de formas superiores e autênticas de vida, integradas na unidade cultural do Estado- nação, transformando- se o povo também numa experiência existencial para cada um dos seus membros. Deste modo, encontramos aqui um paradoxo do conceito romântico: se, por um lado, o romantismo trouxe a diferenciação das comunidades nacionais, por outro abriu também portas a um complexo movimento reivindicações identitárias do sujeito. O paradoxo implicou por isso um duplo movimento de auto- identificação e desidentificação individual: auto- identificação do sujeito com as identidades que historicamente o situam e definem; mas desidentificação com outras formas de identidade biológica, cultural e socialmente adquiridas, num movimento já não orgânico mas ‘anti- orgânico’ e híper- individualista. Este paradoxo subsiste até aos nossos dias, tal como nos demonstra a experiência política da União Europeia, ela própria imersa num processo de justaposição identitária |
id |
RCAP_e62632f9213b598726c4cdd5f11cc603 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ul.pt:10451/54972 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
Romantismo político e constitucionalismo identitário : o paradoxo do conceito romântico de povoPolitical romanticism and identitarian constitutionalism : the paradox of the romantic concept of peopleConstitucionalismoIdentidade europeiaDemocraciaNeste artigo revisitamos em que consistiu o movimento do romantismo político e as suas várias fontes, definições e tradições nacionais e filosóficas. Centramo- nos, todavia, no conceito de povo a fim de ilustrar a forma como os românticos, desviando- se do normativismo liberal, entenderam o povo enquanto entidade dependente de formas superiores e autênticas de vida, integradas na unidade cultural do Estado- nação, transformando- se o povo também numa experiência existencial para cada um dos seus membros. Deste modo, encontramos aqui um paradoxo do conceito romântico: se, por um lado, o romantismo trouxe a diferenciação das comunidades nacionais, por outro abriu também portas a um complexo movimento reivindicações identitárias do sujeito. O paradoxo implicou por isso um duplo movimento de auto- identificação e desidentificação individual: auto- identificação do sujeito com as identidades que historicamente o situam e definem; mas desidentificação com outras formas de identidade biológica, cultural e socialmente adquiridas, num movimento já não orgânico mas ‘anti- orgânico’ e híper- individualista. Este paradoxo subsiste até aos nossos dias, tal como nos demonstra a experiência política da União Europeia, ela própria imersa num processo de justaposição identitáriaThis paper returns to political romanticism and to its various national and philosophical sources, definitions and traditions. By focusing on the concept of people, this article aims at illustrating how the romantics, deviating from liberal normativism, understood the people as an entity dependent on superior and authentic forms of life, integrated in the cultural unity of the nation-state, transforming the people also into a existential experience for each of its members. In this way, we face here a paradox of the romantic concept: if, on the one hand, romanticism brought the differentiation of national communities, on the other hand also opened doors to a complex movement of the subject's identity claims. The paradox implied therefore, a double movement of individual self-identification and de-identification: the subject’s self-identification with the identities that historically define and situate him; but disidentification with other forms of biological, cultural and socially acquired identities, in a movement that is no longer organic but ‘anti-organic’ and hyperindividualistic. This paradox persists today, as shown by the European Union's political experience, itself immersed in a process of overlapping identitiesAssociação Académica da Faculdade de DireitoRepositório da Universidade de LisboaLomba, Pedro2022-11-04T19:25:18Z20192019-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleimage/jpegapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/54972porIn: Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa: Lisbon Law Review, Vol. 61, nº 2 (2019), 0870-3116. - p. 141-1760870-3116info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T17:01:40Zoai:repositorio.ul.pt:10451/54972Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:05:42.372385Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
Romantismo político e constitucionalismo identitário : o paradoxo do conceito romântico de povo Political romanticism and identitarian constitutionalism : the paradox of the romantic concept of people |
title |
Romantismo político e constitucionalismo identitário : o paradoxo do conceito romântico de povo |
spellingShingle |
Romantismo político e constitucionalismo identitário : o paradoxo do conceito romântico de povo Lomba, Pedro Constitucionalismo Identidade europeia Democracia |
title_short |
Romantismo político e constitucionalismo identitário : o paradoxo do conceito romântico de povo |
title_full |
Romantismo político e constitucionalismo identitário : o paradoxo do conceito romântico de povo |
title_fullStr |
Romantismo político e constitucionalismo identitário : o paradoxo do conceito romântico de povo |
title_full_unstemmed |
Romantismo político e constitucionalismo identitário : o paradoxo do conceito romântico de povo |
title_sort |
Romantismo político e constitucionalismo identitário : o paradoxo do conceito romântico de povo |
author |
Lomba, Pedro |
author_facet |
Lomba, Pedro |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Repositório da Universidade de Lisboa |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Lomba, Pedro |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Constitucionalismo Identidade europeia Democracia |
topic |
Constitucionalismo Identidade europeia Democracia |
description |
Neste artigo revisitamos em que consistiu o movimento do romantismo político e as suas várias fontes, definições e tradições nacionais e filosóficas. Centramo- nos, todavia, no conceito de povo a fim de ilustrar a forma como os românticos, desviando- se do normativismo liberal, entenderam o povo enquanto entidade dependente de formas superiores e autênticas de vida, integradas na unidade cultural do Estado- nação, transformando- se o povo também numa experiência existencial para cada um dos seus membros. Deste modo, encontramos aqui um paradoxo do conceito romântico: se, por um lado, o romantismo trouxe a diferenciação das comunidades nacionais, por outro abriu também portas a um complexo movimento reivindicações identitárias do sujeito. O paradoxo implicou por isso um duplo movimento de auto- identificação e desidentificação individual: auto- identificação do sujeito com as identidades que historicamente o situam e definem; mas desidentificação com outras formas de identidade biológica, cultural e socialmente adquiridas, num movimento já não orgânico mas ‘anti- orgânico’ e híper- individualista. Este paradoxo subsiste até aos nossos dias, tal como nos demonstra a experiência política da União Europeia, ela própria imersa num processo de justaposição identitária |
publishDate |
2019 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2019 2019-01-01T00:00:00Z 2022-11-04T19:25:18Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10451/54972 |
url |
http://hdl.handle.net/10451/54972 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
In: Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa: Lisbon Law Review, Vol. 61, nº 2 (2019), 0870-3116. - p. 141-176 0870-3116 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
image/jpeg application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Associação Académica da Faculdade de Direito |
publisher.none.fl_str_mv |
Associação Académica da Faculdade de Direito |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1799134609216110592 |