Determinantes sociodemográficos do consumo de tabaco na gravidez em Portugal entre 2005 e 2014: um estudo transversal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carvalho, Joana Patrícia Mendes de
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/163143
Resumo: RESUMO - Introdução: O consumo de tabaco durante a gravidez é nefasto para a saúde da grávida e do feto. Em Portugal, existem poucos estudos dirigidos à magnitude deste problema e aos determinantes que lhe estão associados. Objetivos: O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência de consumo de tabaco durante a gravidez, nas mulheres residentes em Portugal, entre 2005 e 2014, e determinar que fatores sociodemográficos e de acesso aos cuidados de saúde estão associados ao mesmo. Métodos: Foi realizado um estudo transversal, com dados do Inquérito Nacional de Saúde 2014. Incluíram-se mulheres cuja última gravidez ocorreu entre 2005 e 2014. Como outcome, foi utilizado o consumo global (diário e ocasional) de tabaco durante a gravidez. As variáveis de exposição avaliadas foram: grupo etário, nacionalidade, estado civil, região de residência, nível de escolaridade, situação perante o emprego, suporte social, rendimento mensal líquido individual, à data do inquérito, e trimestre de gravidez na primeira consulta de vigilância. Foram estimadas as prevalências globais e estratificadas, por categoria de cada variável de exposição, de consumo de tabaco, com um intervalo de confiança a 95% (IC 95%). A associação entre os fatores de exposição e o consumo de tabaco na gravidez foi testada através de regressão logística, tendo sido calculados odds ratio (OR) brutos e ajustados (ORa), e respetivo intervalo de confiança a 95%. Resultados: A prevalência estimada de consumo de tabaco durante a gravidez foi de 10,9% (IC 95%: 8,9-13,4). A prevalência estimada de consumo foi semelhante entre os grupos etários dos 15-34 anos e 35-54 anos, entre as grávidas portuguesas e estrangeiras, e entre todas os quintis de rendimento, exceto o 5º quintil, com menor prevalência (7,5%, IC 95%: 4,3-12,9). A prevalência de consumo foi superior em grávidas sem companheiro(a) (17,7%, IC 95%: 12,0- 25,2), residentes nos Açores (16,6%, IC 95%: 11,4-23,4), Algarve (16,0%, IC 95%: 11,0-22,7), Alentejo (14,1%, IC 95%: 9,4-20,5) e Lisboa e Vale do Tejo (LVT) (12,4%, IC 95%: 8,1-18,7), com o 3º ciclo (16,1%, IC 95%: 10,8-23,2) ou até ao 6º ano de escolaridade (12,4%, IC 95%: 7,9- 19,0), não empregadas (13,8%, IC 95%: 9,7-19,4), com fraco suporte social (15,2%, IC 95%: 9,4- 24,3 e com a primeira consulta de gravidez no 2º trimestre (20,8%, IC 95%: 10,7-36,5). Foi encontrada associação entre o tabagismo na gravidez e não ter companheiro(a) (ORa 2,01, IC 95%: 1,17-3,44), residir nos Açores (ORa 2,14, IC 95%: 1,15-3,98) e LVT (ORa 2,04, IC 95%: 1,09-3,81) e ter o 3º ciclo (ORa 2,97, IC 95%: 1,51-5,84) ou até ao 6º ano de escolaridade (ORa 2,18, IC 95%: 1,09-4,36). Conclusão: O consumo de tabaco durante a gravidez é um problema de saúde em Portugal, com prevalência superior em grávidas menos escolarizadas, sem companheiro e residentes nos Açores e em Lisboa e Vale do Tejo. Estratégias que visem estes grupos devem ser priorizadas.
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Incluíram-se mulheres cuja última gravidez ocorreu entre 2005 e 2014. Como outcome, foi utilizado o consumo global (diário e ocasional) de tabaco durante a gravidez. As variáveis de exposição avaliadas foram: grupo etário, nacionalidade, estado civil, região de residência, nível de escolaridade, situação perante o emprego, suporte social, rendimento mensal líquido individual, à data do inquérito, e trimestre de gravidez na primeira consulta de vigilância. Foram estimadas as prevalências globais e estratificadas, por categoria de cada variável de exposição, de consumo de tabaco, com um intervalo de confiança a 95% (IC 95%). A associação entre os fatores de exposição e o consumo de tabaco na gravidez foi testada através de regressão logística, tendo sido calculados odds ratio (OR) brutos e ajustados (ORa), e respetivo intervalo de confiança a 95%. Resultados: A prevalência estimada de consumo de tabaco durante a gravidez foi de 10,9% (IC 95%: 8,9-13,4). A prevalência estimada de consumo foi semelhante entre os grupos etários dos 15-34 anos e 35-54 anos, entre as grávidas portuguesas e estrangeiras, e entre todas os quintis de rendimento, exceto o 5º quintil, com menor prevalência (7,5%, IC 95%: 4,3-12,9). A prevalência de consumo foi superior em grávidas sem companheiro(a) (17,7%, IC 95%: 12,0- 25,2), residentes nos Açores (16,6%, IC 95%: 11,4-23,4), Algarve (16,0%, IC 95%: 11,0-22,7), Alentejo (14,1%, IC 95%: 9,4-20,5) e Lisboa e Vale do Tejo (LVT) (12,4%, IC 95%: 8,1-18,7), com o 3º ciclo (16,1%, IC 95%: 10,8-23,2) ou até ao 6º ano de escolaridade (12,4%, IC 95%: 7,9- 19,0), não empregadas (13,8%, IC 95%: 9,7-19,4), com fraco suporte social (15,2%, IC 95%: 9,4- 24,3 e com a primeira consulta de gravidez no 2º trimestre (20,8%, IC 95%: 10,7-36,5). Foi encontrada associação entre o tabagismo na gravidez e não ter companheiro(a) (ORa 2,01, IC 95%: 1,17-3,44), residir nos Açores (ORa 2,14, IC 95%: 1,15-3,98) e LVT (ORa 2,04, IC 95%: 1,09-3,81) e ter o 3º ciclo (ORa 2,97, IC 95%: 1,51-5,84) ou até ao 6º ano de escolaridade (ORa 2,18, IC 95%: 1,09-4,36). Conclusão: O consumo de tabaco durante a gravidez é um problema de saúde em Portugal, com prevalência superior em grávidas menos escolarizadas, sem companheiro e residentes nos Açores e em Lisboa e Vale do Tejo. Estratégias que visem estes grupos devem ser priorizadas.ABSTRACT - Background: Smoking during pregnancy is harmful to the health of the pregnant woman and the fetus. In Portugal, there are few studies addressing the magnitude of this problem and its associated determinants. Objectives: The aim of this study was to estimate the prevalence of tobacco consumption during pregnancy, in Portuguese residents between 2005 and 2014, and to determine sociodemographic and healthcare access associated factors. Methods: A cross-sectional study was conducted using data from the 2014 National Health Survey. Women whose last pregnancy occurred between 2005 and 2014 were included. Exposure variables were: age group in the year of pregnancy, nationality, marital status, region of residence, educational level, employment status, social support, individual net monthly income and trimester of pregnancy at the first surveillance visit. Global prevalence of tobacco use during pregnancy and stratified prevalence were estimated by category of each exposure variable, with a 95% confidence interval (95% CI). The association between exposure factors and smoking in pregnancy was tested by logistic regression, and crude (OR) and adjusted odds ratios (ORa) were calculated with a 95% confidence interval. Results: The estimated prevalence of tobacco consumption during pregnancy was 10.9% (95% CI: 8.9-13.4). The estimated prevalence of consumption was similar between the age groups 15- 34 years and 35-54 years, among Portuguese and foreign pregnant, and among all income quintiles, except the 5th quintile, with the lowest prevalence (7.5%, 95% CI: 4.3-12.9). The prevalence of consumption was higher in pregnant women without a partner (17.7%, 95% CI: 12.0-25.2), residents of the Azores (16.6%, 95% CI: 11.4-23 .4), Algarve (16.0%, 95% CI: 11.0- 22.7), Alentejo (14.1%, 95% CI: 9.4-20.5) and Lisbon and the Tagus Valley ( LVT) (12.4%, 95% CI: 8.1-18.7), with the 3rd cycle (16.1%, 95% CI: 10.8-23.2) or up to the 6th grade (12.4%, 95% CI: 7.9-19.0), not employed (13.8%, 95% CI: 9.7-19.4), with poor social support (15.2%, 95% CI: 9.4-24.3 and with the first pregnancy consultation in the 2nd trimester (20.8%, 95% CI: 10.7-36.5). An association was found between smoking during pregnancy and not have a partner (ORa 2.01, CI 95%: 1.17-3.44), reside in the Azores (ORa 2.14, CI 95%: 1.15-3.98) and LVT (ORa 2 .04, CI 95%: 1.09-3.81) and have completed the 3rd cycle (ORa 2.97, CI 95%: 1.51-5.84) or up to the 6th year of schooling (ORa 2.18 , 95% CI: 1.09-4.36). Conclusion: Tobacco consumption during pregnancy is a problem of high magnitude in Portugal, with higher prevalence in less educated pregnant women, without partners and living in the Azores and Lisbon and Tagus Valley regions. Strategies targeting these groups should be prioritized.Leite, AndreiaMachado, AusendaRUNCarvalho, Joana Patrícia Mendes de20232024-09-20T00:00:00Z2023-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/163143TID:203434811porinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T05:46:13Zoai:run.unl.pt:10362/163143Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:59:16.411116Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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