Alexitimia, dor e psicopatologia em doentes com enfarte agudo do miocárdio

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Hélder José Loureiro e
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://repositorio.cespu.pt/handle/20.500.11816/132
http://hdl.handle.net/20.500.11816/132
Resumo: Em Portugal, à semelhança da generalidade dos paises industrializados, as doenças cardiovasculares são cada vez mais um problema major de Saúde Pública, não somente pela morbilidade e pelos altos custos socios-económicos que comportam, mas também pela sua elevada prevalência, sendo reponsáveis por importantes déficits funcionais que se manifestam a nível fisico e psicossocial. O estudo do papel das emoções na saúde e na doença tem sido referida em diversos estudos, donde subjacem a importância dos factores emocionais, nomeadamente da psicopatologia e de uma forma de não expressão emocional (a alexitimia), que se caracteriza por uma reconhecida dificuldade em identificar e expressar emoções e num estilo de pensamento orientado para acontecimentos externos e que se reconhece estar amplamente associada à ansiedade e depressão, podem influenciar no diagnóstico, no prognóstico e no percurso terapêutico dos doentes com EAM. Partindo desta assumpção o objectivo deste estudo foi investigar a alexitimia e os sintomas psicopatológicos entre doentes com EAM e a sua relação com as dimensões sensorial, afectiva e avaliativa decorrente da dor isquémica. Abordamos sequencialmente 30 doentes através do recurso ao perfil bioquímico e/ou evidência de alterações electrocardiográficas compativeis com um quadro de EAM numa unidade de cuidados intermédios de referência a nível nacional, com uma média de idades de 65.23  11.95 anos - 80% do sexo masculino e 20% do sexo feminino; e um grupo de controlo constituído por 41 individuos com uma média de idades de 42.85  7.83 – 46.3% do sexo masculino e 53.7% do sexo feminino; todos os doentes foram caracterizados sócio-demograficamente — (idade, género, situação conjugal, nível de escolaridade, situação sócio-profissional); e medicamente — em termos de diagnóstico e terapêutica em curso, pela Escala de Alexitimia de Toronto de 20 items (Bagby et al., 1994; Prazeres, Parker & Taylor, 1994), pelo Questionário de dor de McGill (Melzack, 1987; Correia et al., 2006), pelo Symptom Check List – 90 Revised (Derogatis, 1977; Baptista, 1993) e ainda pela Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar (Zigmond &Snaith, 1983; Pais-Ribeiro et al., 2007). Procedemos a análises comparativas e de associação entre as variáveis. Os principais resultados indicam que os doentes com EAM apresentam valores de alexitimia significativamente mais elevados do que o grupo de controlo, assim como níveis superiores de sintomas psicopatológicos, nomeadamente níveis mais elevados de somatização e depressão. Também constatamos que a alexitimia é uma condição mais prevalente nos doentes com EAM. As análises de relação mostraram que existe uma correlação positiva entre os sintomas psicopatológicos e a alexitimia, esencialmente devido às dimensões da somatização e da depressão. Os resultados deste estudo também confirmaram que para esta população a psicopatologia também aparece relacionada com as dimensões sensorial, afectiva e avaliativa da dor. Em conclusão podemos dizer que se verificou uma prevalência significativa de alexitimia entre os doentes com EAM e que os resultados favorecem a hipótese de que a psicopatologia relaciona-se com a experiência de dor assim como com a alexitimia. Neste contexto de elevada emocionalidade com défice de expressão das suas emoções os resultados sugerem uma necessidade de intervenção ao nível da expressão dos estados emocionais dos doentes cardíacos com o intuito de diminuir os seus níveis de psicopatologia e melhorar o seu prognóstico.
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