A foraclusão do pai: sobre a loucura de João José Dias em O que fazem mulheres

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sousa, Sérgio Guimarães de
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/1822/85075
Resumo: Em "O que fazem mulheres" (1858), como não raramente acontece em Camilo Castelo Branco, irrompe um capitalista assaz bronco e cheio de prosápia. Brasileiro de torna-viagem, João José Dias (assim se chama) casa com a jovem Ludovina em nome de conveniências económico-financeiras. Mais tarde, suspeitando que sua mulher lhe é infiel, atenta contra a vida do suposto amante dela e que, afinal, mais não é do que o pai biológico da moça. Este "qui pro quo" desemboca numa consequência dramática : a loucura do barão. Refeito da demência, João José Dias não apenas recupera a lucidez, mas recupera outra lucidez. A personagem é drasticamente outra. Desconsiderando uma leitura de cariz tradicional, que suporia no trajeto demencial e pós-demencial do barão uma (incongruente) expiação camiliana, enveredamos, pelo viés de uma análise de texto apoiada na psicoanálise lacaniana e no contributo teórico-analítico de Slavoj Zizek, por uma análise capaz de explicar o porquê da paranoia que acometa ao barão e do reduto psicótico em que se confina. Paranoia e psicose, ao que cremos, são tributárias de um proceso mental de foraclusão (a violação da Lei do Pai sob a forma de parricidio simbólico).
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