Escultura devocional portuguesa dos séculos XI ao XIV

• Autor(a) principal: Abreu, Inês Mineiro de
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/157700
• topic: Românico; Escultura; Escultura devocional; Imaginária; Idade Média; Domínio/Área Científica::Humanidades::História e Arqueologia; Domínio/Área Científica::Humanidades::Artes

Desde 1870, com a primeira publicação sobre o Românico em Portugal, que a historiografia se questionou sobre a ausência de imagens devocionais românicas em Portugal. A modéstia dos programas iconográficos, a influência de Cister, o legado muçulmano e a periferia do território português foram algumas das várias hipóteses avançadas para tentar reunir justificações que explicassem as particularidades da escultura românica portuguesa e as razões pela qual sobreviveram apenas uma mão cheia de exemplares desse património. Hoje, com este trabalho, reuniram-se as condições para reavaliar aquilo que se pensava sobre a escultura devocional românica portuguesa. Através do desenvolvimento de um recenseamento destas imagens ao nível nacional, que levou à identificação de mais de uma centena de esculturas datadas dentro do período que é mais consensualmente aceite para o desenrolar do Românico em Portugal – começando no séc. XI e acabando no séc. XIV –, e com o complemento da cripto-história da arte, que nos revelou diversos testemunhos que documentam a presença de imagens devocionais em igrejas românicas nacionais, avançamos hoje com um primeiro trabalho global e de síntese sobre a escultura devocional portuguesa do período românico. Com dezenas de imagens marianas identificadas, tema iconográfico predominante nas imagens devocionais do Românico português, recolheram-se também dezenas de imagens de Cristos, santos e até de figuras históricas. A riqueza deste património também se verifica ao nível material, incluindo algumas imagens de vulto em marfim, metais preciosos, além da madeira e da pedra. A escultura devocional portuguesa deste período acompanhou não só as tendências estilísticas de outros centros artísticos europeus, como também as cronologias de outros países: de facto, integram este levantamento três esculturas devocionais datadas criticamente do séc. XI, mas também esculturas que ultrapassam a centúria de 1300. Este levantamento permitiu avançar uma abordagem ainda não tentada sobre este tema, verificando-se a existência de um património muito mais extenso do que até agora se conhecia, rico nas formas que assumiu.