Utentes com feridas crónicas e suas famílias: Intervenção do enfermeiro de família
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10348/9915 |
Resumo: | Enquadramento: O presente relatório de estágio de natureza profissional integra-se no Curso de Mestrado em Enfermagem de Saúde Familiar e pretende explicitar o processo de desenvolvimento das competências do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Familiar e a concretização de um estudo empírico. O estágio decorreu numa Unidade de Saúde Familiar do norte de País durante o qual desenvolvemos várias atividades, com destaque para a realização do estudo “Utentes com feridas crónicas e suas famílias: Intervenção do enfermeiro de família”. As feridas crónicas constituem uma problemática relevante, com estudos a apontarem para o aumento da sua prevalência como resultado do envelhecimento da população, e a evidenciarem que os utentes com ferida crónica sofrem limitações nas suas atividades de vida diária, bem-estar e qualidade de vida. A presença de feridas crónicas pode ter repercussões no equilíbrio e dinâmica familiar, o que desafia os enfermeiros a adotarem uma atitude ativa e inovadora na promoção e na recuperação do bem-estar da família, no contexto atual dos cuidados às famílias. Objetivos: i) Descrever as atividades que contribuíram para o processo de desenvolvimento das competências do enfermeiro especialista em enfermagem comunitária na área de enfermagem de saúde familiar; ii) Descrever o estudo empírico designado “Utentes com feridas crónicas e suas famílias: Intervenção do enfermeiro de família”, no qual procedemos à avaliação da qualidade de vida e bem-estar psicológico dos utentes com feridas crónicas e à avaliação do bem-estar psicológico dos cuidadores informais. Metodologia: Realizamos uma análise crítico-reflexiva do processo de desenvolvimento das competências e um estudo de abordagem quantitativa, analítico, exploratório e longitudinal. Para o estudo empírico, utilizamos como instrumento de colheita dos dados um formulário, constituído por questões que incluíam variáveis de caracterização sociodemográfica, o Genograma, FACES II, o questionário MNA, a escala Resvech 2.0, o questionário de bem-estar psicológico versão reduzida (QGBEP-R) e o questionário da qualidade de vida (WHOQOL-BREF). Foram respeitados os procedimentos éticos, inerentes à recolha de dados. Resultados: Destaca-se no âmbito das competências especificas na área de Enfermagem de Saúde Familiar a conceção da família enquanto unidade de cuidados, privilegiando abordagens de natureza sistémica bem como o desenvolvimento de atividades que contribuam para a capacitação da família nos processos de saúde doença. No que respeita ao estudo empírico, a maioria os utentes com ferida crónica, pertencia ao sexo masculino (57,1%,) com idades compreendidas entre os 44 e 89 anos, casados, com baixo nível de escolaridade. O fator de risco que mais se evidenciou foi a hipertensão arterial. Quanto a avaliação familiar predomina a família extensa (66,7%) e no que respeita à coesão e adaptabilidade familiar, 38,1% das famílias foram classificadas como desmembradas e rígidas. O tipo de ferida crónica mais frequente foi a úlcera da perna (67,7%), seguido da úlcera por pressão (14,3%). No que concerne à monotorização do processo de cicatrização da ferida crónica após aplicação da escala RESVECH 2.0, verificou-se uma média de 8,80 valores, revelando um processo de cicatrização favorável. Em relação aos cuidadores informais, verificamos que todos eram familiares, com uma média de idade de 66,3 anos e com baixo nível de escolaridade (76,2%). Por sua vez, na avaliação de bem-estar psicológico dos cuidadores informais, verificamos que apresentavam valores acima do ponto médio da escala (17,2). Em relação aos utentes com feridas crónicas, constatamos que estes apresentavam valores acima do ponto médio da escala (18,9) na dimensão de bem-estar psicológico, e no que concerne aos domínios da qualidade de vida, constatamos que o domínio físico apresentou a média com valor mais baixo (12,2), e o domínio social a média mais elevada (15,3). Verificamos que existe correlação entre a variável bem-estar psicológico e os domínios da qualidade de vida na perceção dos utentes com ferida crónica, evidenciando-se uma relação moderada e significativa nos domínios físico e psicológico. Quanto ao desenvolvimento do projeto de intervenção “Viver melhor com ferida crónica”, após a intervenção, constatamos um aumento estatisticamente significativo na pontuação de bem-estar psicológico e em relação à qualidade de vida verificamos um aumento em todos os domínios, mas não se observou uma relação estatisticamente significativa. Conclusão: O estágio permitiu-nos o desenvolvimento das competências do enfermeiro especialista em enfermagem comunitária na área da enfermagem de saúde familiar. No que respeita ao estudo empírico, e após implementação do projeto de intervenção “Viver melhor com ferida crónica”, verificou-se uma relação estatisticamente significativa entre bem-estar psicológico e qualidade de vida. No que concerne às implicações para a prática de enfermagem, este estudo permitiu aumentar a evidência sobre esta problemática e sensibilizar a equipa da Unidade de Saúde Familiar para a importância da intervenção do enfermeiro de família, privilegiando uma abordagem holística das famílias em que um dos elementos possui uma ferida crónica de modo a promover o bem-estar psicológico e a qualidade de vida destas famílias. |
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A presença de feridas crónicas pode ter repercussões no equilíbrio e dinâmica familiar, o que desafia os enfermeiros a adotarem uma atitude ativa e inovadora na promoção e na recuperação do bem-estar da família, no contexto atual dos cuidados às famílias. Objetivos: i) Descrever as atividades que contribuíram para o processo de desenvolvimento das competências do enfermeiro especialista em enfermagem comunitária na área de enfermagem de saúde familiar; ii) Descrever o estudo empírico designado “Utentes com feridas crónicas e suas famílias: Intervenção do enfermeiro de família”, no qual procedemos à avaliação da qualidade de vida e bem-estar psicológico dos utentes com feridas crónicas e à avaliação do bem-estar psicológico dos cuidadores informais. Metodologia: Realizamos uma análise crítico-reflexiva do processo de desenvolvimento das competências e um estudo de abordagem quantitativa, analítico, exploratório e longitudinal. Para o estudo empírico, utilizamos como instrumento de colheita dos dados um formulário, constituído por questões que incluíam variáveis de caracterização sociodemográfica, o Genograma, FACES II, o questionário MNA, a escala Resvech 2.0, o questionário de bem-estar psicológico versão reduzida (QGBEP-R) e o questionário da qualidade de vida (WHOQOL-BREF). Foram respeitados os procedimentos éticos, inerentes à recolha de dados. Resultados: Destaca-se no âmbito das competências especificas na área de Enfermagem de Saúde Familiar a conceção da família enquanto unidade de cuidados, privilegiando abordagens de natureza sistémica bem como o desenvolvimento de atividades que contribuam para a capacitação da família nos processos de saúde doença. No que respeita ao estudo empírico, a maioria os utentes com ferida crónica, pertencia ao sexo masculino (57,1%,) com idades compreendidas entre os 44 e 89 anos, casados, com baixo nível de escolaridade. O fator de risco que mais se evidenciou foi a hipertensão arterial. Quanto a avaliação familiar predomina a família extensa (66,7%) e no que respeita à coesão e adaptabilidade familiar, 38,1% das famílias foram classificadas como desmembradas e rígidas. O tipo de ferida crónica mais frequente foi a úlcera da perna (67,7%), seguido da úlcera por pressão (14,3%). No que concerne à monotorização do processo de cicatrização da ferida crónica após aplicação da escala RESVECH 2.0, verificou-se uma média de 8,80 valores, revelando um processo de cicatrização favorável. Em relação aos cuidadores informais, verificamos que todos eram familiares, com uma média de idade de 66,3 anos e com baixo nível de escolaridade (76,2%). Por sua vez, na avaliação de bem-estar psicológico dos cuidadores informais, verificamos que apresentavam valores acima do ponto médio da escala (17,2). Em relação aos utentes com feridas crónicas, constatamos que estes apresentavam valores acima do ponto médio da escala (18,9) na dimensão de bem-estar psicológico, e no que concerne aos domínios da qualidade de vida, constatamos que o domínio físico apresentou a média com valor mais baixo (12,2), e o domínio social a média mais elevada (15,3). Verificamos que existe correlação entre a variável bem-estar psicológico e os domínios da qualidade de vida na perceção dos utentes com ferida crónica, evidenciando-se uma relação moderada e significativa nos domínios físico e psicológico. Quanto ao desenvolvimento do projeto de intervenção “Viver melhor com ferida crónica”, após a intervenção, constatamos um aumento estatisticamente significativo na pontuação de bem-estar psicológico e em relação à qualidade de vida verificamos um aumento em todos os domínios, mas não se observou uma relação estatisticamente significativa. Conclusão: O estágio permitiu-nos o desenvolvimento das competências do enfermeiro especialista em enfermagem comunitária na área da enfermagem de saúde familiar. No que respeita ao estudo empírico, e após implementação do projeto de intervenção “Viver melhor com ferida crónica”, verificou-se uma relação estatisticamente significativa entre bem-estar psicológico e qualidade de vida. No que concerne às implicações para a prática de enfermagem, este estudo permitiu aumentar a evidência sobre esta problemática e sensibilizar a equipa da Unidade de Saúde Familiar para a importância da intervenção do enfermeiro de família, privilegiando uma abordagem holística das famílias em que um dos elementos possui uma ferida crónica de modo a promover o bem-estar psicológico e a qualidade de vida destas famílias.Framework: This internship report is part of the master’s degree in Family Health Nursing and intends to explain the process of skills development as a Specialist Nurse in Family Health Nursing and the accomplishment of an empirical study. The internship took place in a Family Health Unit in the north of the country during which several activities were developed, with emphasis on the study “Patients with chronic wounds and their families: Intervention of the family nurse”. Chronic wounds are a relevant problem, with studies showing an increase in their prevalence as a result of population aging and demonstrating that patients with chronic wounds suffer limitations in their daily activities, well-being, and quality of life. The presence of chronic wounds can have repercussions upon families’ balance and dynamics, which challenges nurses to adopt an active and innovative attitude in promoting and recovering family well-being in the current context of family care. Objectives: i) Describe the activities which contributed to the process of skills development as a Specialist Nurse in community nursing in the area of family health nursing; ii) Describe the empirical study called “Patients with chronic wounds and their families: Intervention of the family nurse”, in which the quality of life and psychological well-being of patients with chronic wounds and their informal caregivers was evaluated. Methodology: A critical-reflective analysis of the process of skills development and a study with a quantitative, analytical, exploratory, and longitudinal approaches. For the empirical study, the instrument for data collection was a form, consisting of questions which included sociodemographic characterization variables, Genogram, FACES II, the MNA questionnaire, the Resvech 2.0 scale, the psychological well-being questionnaire abridged version (QGBEP-R), and the quality of life questionnaire (WHOQOL- BREF). Ethical procedures inherent to data collection were respected. Results: Within the context of the specific competencies of Family Health Nursing the concept of the family as a care unit is clear, privileging systemic approaches as well as the development of activities which contribute for the empowerment of the family in health-disease processes. As to the empirical study, most patients with chronic wounds were male (57.1%,) aged between 44 and 89, married, and with a low level of education. The most common risk factor was arterial hypertension. Regarding family evaluation, extended families (66.7%) prevail and as to cohesion and family adaptability, 38.1% of the families were classified as dismembered and rigid. The most frequent type of chronic wound was the leg ulcer (67.7%), followed by pressure ulcer (14.3%). Regarding the monitorization of the healing process of the chronic wound after the application of the RESVECH 2.0 scale, an average of 8.80 values was verified, revealing a favorable healing process. Concerning informal caregivers, it was found that all were family members, with an average age of 66.3 and a low level of education (76.2%). In turn, in the psychological well-being assessment of the informal caregivers presented values above average xii (17.2). As to patients with chronic wounds, they presented values above average (18.9) in the psychological well-being parameter, and as to quality of life, the physical component presented the lowest average (12.2), and the social aspect the highest (15.3). It was found that there is a correlation between the psychological well-being variable and the components of quality of life in the perception of patients with chronic wounds, highlighting a moderate and significant relationship in the physical and psychological parameters. Concerning the development of the intervention project “Live better with a chronic wound”, after the intervention, a statistically significant increase in psychological well-being scores was verified. As to quality of life, an improvement in all areas have been noticed, although statistically not significant. Conclusion: The internship allowed us to develop the skills of specialist nurses in the area of family health nursing. As to the empirical study, and after the implementation of the intervention project “Live better with a chronic wound”, there was a statistically significant relationship between psychological well-being and quality of life. Concerning the implications for nursing, this study allowed for an increased awareness about this problem and sensitize the Family Health Unit’s team towards the importance of the family nurse intervention, focusing on a holistic approach in families in which one of the members has a chronic wound in order to promote the psychological well-being and quality of life of these families.2020-05-27T11:04:03Z2020-01-28T00:00:00Z2020-01-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/9915porCerqueira, Irene da Conceição Jalesinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:49:11Zoai:repositorio.utad.pt:10348/9915Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:04:47.389946Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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A presença de feridas crónicas pode ter repercussões no equilíbrio e dinâmica familiar, o que desafia os enfermeiros a adotarem uma atitude ativa e inovadora na promoção e na recuperação do bem-estar da família, no contexto atual dos cuidados às famílias. Objetivos: i) Descrever as atividades que contribuíram para o processo de desenvolvimento das competências do enfermeiro especialista em enfermagem comunitária na área de enfermagem de saúde familiar; ii) Descrever o estudo empírico designado “Utentes com feridas crónicas e suas famílias: Intervenção do enfermeiro de família”, no qual procedemos à avaliação da qualidade de vida e bem-estar psicológico dos utentes com feridas crónicas e à avaliação do bem-estar psicológico dos cuidadores informais. Metodologia: Realizamos uma análise crítico-reflexiva do processo de desenvolvimento das competências e um estudo de abordagem quantitativa, analítico, exploratório e longitudinal. Para o estudo empírico, utilizamos como instrumento de colheita dos dados um formulário, constituído por questões que incluíam variáveis de caracterização sociodemográfica, o Genograma, FACES II, o questionário MNA, a escala Resvech 2.0, o questionário de bem-estar psicológico versão reduzida (QGBEP-R) e o questionário da qualidade de vida (WHOQOL-BREF). Foram respeitados os procedimentos éticos, inerentes à recolha de dados. Resultados: Destaca-se no âmbito das competências especificas na área de Enfermagem de Saúde Familiar a conceção da família enquanto unidade de cuidados, privilegiando abordagens de natureza sistémica bem como o desenvolvimento de atividades que contribuam para a capacitação da família nos processos de saúde doença. No que respeita ao estudo empírico, a maioria os utentes com ferida crónica, pertencia ao sexo masculino (57,1%,) com idades compreendidas entre os 44 e 89 anos, casados, com baixo nível de escolaridade. O fator de risco que mais se evidenciou foi a hipertensão arterial. Quanto a avaliação familiar predomina a família extensa (66,7%) e no que respeita à coesão e adaptabilidade familiar, 38,1% das famílias foram classificadas como desmembradas e rígidas. O tipo de ferida crónica mais frequente foi a úlcera da perna (67,7%), seguido da úlcera por pressão (14,3%). No que concerne à monotorização do processo de cicatrização da ferida crónica após aplicação da escala RESVECH 2.0, verificou-se uma média de 8,80 valores, revelando um processo de cicatrização favorável. Em relação aos cuidadores informais, verificamos que todos eram familiares, com uma média de idade de 66,3 anos e com baixo nível de escolaridade (76,2%). Por sua vez, na avaliação de bem-estar psicológico dos cuidadores informais, verificamos que apresentavam valores acima do ponto médio da escala (17,2). Em relação aos utentes com feridas crónicas, constatamos que estes apresentavam valores acima do ponto médio da escala (18,9) na dimensão de bem-estar psicológico, e no que concerne aos domínios da qualidade de vida, constatamos que o domínio físico apresentou a média com valor mais baixo (12,2), e o domínio social a média mais elevada (15,3). Verificamos que existe correlação entre a variável bem-estar psicológico e os domínios da qualidade de vida na perceção dos utentes com ferida crónica, evidenciando-se uma relação moderada e significativa nos domínios físico e psicológico. Quanto ao desenvolvimento do projeto de intervenção “Viver melhor com ferida crónica”, após a intervenção, constatamos um aumento estatisticamente significativo na pontuação de bem-estar psicológico e em relação à qualidade de vida verificamos um aumento em todos os domínios, mas não se observou uma relação estatisticamente significativa. Conclusão: O estágio permitiu-nos o desenvolvimento das competências do enfermeiro especialista em enfermagem comunitária na área da enfermagem de saúde familiar. No que respeita ao estudo empírico, e após implementação do projeto de intervenção “Viver melhor com ferida crónica”, verificou-se uma relação estatisticamente significativa entre bem-estar psicológico e qualidade de vida. No que concerne às implicações para a prática de enfermagem, este estudo permitiu aumentar a evidência sobre esta problemática e sensibilizar a equipa da Unidade de Saúde Familiar para a importância da intervenção do enfermeiro de família, privilegiando uma abordagem holística das famílias em que um dos elementos possui uma ferida crónica de modo a promover o bem-estar psicológico e a qualidade de vida destas famílias. |
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