Trajetórias de vida e reclusão : estudo qualitativo com homicidas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Garcia, Cláudia Alexandra Rodrigues de Brito
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10437/11914
Resumo: Enquadramento: Há um vasto leque de estudos sobre o homicídio que, na sua maioria, são de natureza quantitativa (e.g., taxas de prevalência, reincidência, perfis do homicida, tipologias de homicídio). Vários autores indicam a importância de desenvolver investigações de natureza qualitativa com os próprios ofensores, no sentido de compreender o homicida, sendo este uma fonte de informação importante sobre o crime. Objetivos: Pretende-se analisar as histórias de vida de homicidas, procurando explorar as suas trajetórias e experiências. Procura-se ainda comparar as histórias de vida de homens e mulheres homicidas. Método: Este estudo inclui 12 participantes condenados por homicídio e a cumprir pena efetiva de prisão em Estabelecimento Prisional (EP), selecionados de acordo com critérios de inclusão. A recolha de dados ocorreu em duas fases: na primeira fase administrou-se o Questionário Sociodemográfico e Criminal (para recolha de dados sociodemográficos, jurídico-penais e prisionais) e o Brief Symptom Inventory (BSI) (para identificar os participantes sem indicadores de psicopatologia). Na segunda fase administrou-se a Entrevista de História de Vida de McAdams, para recolher informação aprofundada sobre as trajetórias de vida e experiências dos homicidas. Utilizou-se a análise narrativa como metodologia de análise dos dados das entrevistas. Resultados: Identificaram-se cinco temas centrais nas histórias dos homicidas – família, vitimização, crime, reclusão e dependências. A forma como organizam as experiências em torno destes temas permite-lhes manter uma identidade positiva. Identificou-se uma narrativa central transversal a todos os homicidas – narrativa sofredora – mas identificam-se diferenças relevantes entre homens e mulheres homicidas. Conclusão: Apesar da narrativa sofredora comum, as mulheres revelam uma narrativa de vitimização, enquanto os homens veiculam uma narrativa de frustração/fracasso. Estas diferenças são discutidas em termos das suas implicações na intervenção.
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