Trajetórias de vida e reclusão : estudo qualitativo com agressores sexuais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira, Ana Lúcia da Silva
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10437/11912
Resumo: A investigação com os agressores sexuais tem procurando identificar fatores explicativos para o crime, proceder à sua tipificação, bem como encontrar especificidades que os distingam. Na sua maioria, os estudos são de natureza quantitativa, sendo escassos os estudos que procurem compreender a sua trajetória de vida a partir do autorrelato da sua história, que permita entender como constroem a sua história de vida, a sua identidade e como integram o passado, presente e futuro. Considerando que os crimes sexuais possuem uma grande conotação negativa e quem os pratica é alvo de estigmatização social e alarmismo, é importante compreender como é que os ofensores sexuais integram isto na sua história de vida e na construção da sua identidade. Assim, o presente trabalho procura adaptar uma abordagem narrativa na compreensão dos diferentes ofensores sexuais, contrastando as narrativas dos abusadores com a dos violadores, das mulheres ofensoras com a dos homens ofensores e dos ofensores que têm indicadores de psicopatologia e os que não têm tais indicadores. Administrou-se individualmente a Entrevista de História de Vida de McAdams a 11 participantes condenados por crimes sexuais, procedendo-se à análise narrativa dos dados. Os resultados indicam diferenças no relato entre os diferentes ofensores mas, na sua globalidade, identificam uma narrativa que se centra nas experiências familiares precoces adversas e que nenhum participante reconhece ter perpetrado o crime sexual. Identifica-se uma narrativa comum, a narrativa da adversidade e dissociação/negação do crime. No entanto, desta narrativa, emergem duas narrativas distintas: a narrativa da adversidade resiliente e a narrativa da adversidade sofredora/vitimizadora, sendo a primeira mais veiculada pelas mulheres ofensoras e a segunda pelos homens ofensores. Discutem-se as implicações destes resultados em termos de intervenção.
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