Estratégias enunciativas e retóricas do Jornalismo Cultural

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Marisa Torres da
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.34624/sopcom.v0i0.15475
Resumo: O jornalismo cultural constitui-se como uma área em que os deveres do jornalista e do especialista se confundem (Tubau, 1982; Harries & Wahl-Jorgensen, 2007), caracterizando-se como um espaço de confluência entre repórteres, intelectuais ou mesmo criadores,  tornando-se por isso distinto de outras formas convencionais de produção jornalística. Também aqui existe uma maior liberdade em relação à linguagem utilizada, permitindo-se a utilização de recursos mais criativos, estéticos ou coloquiais, dada a ligação afectiva que se estabelece entre o jornalista de cultura e os seus leitores (Golin & Cardoso, 2009: 77). No entanto, o jornalismo cultural é, antes de mais, jornalismo, não prescindindo de um vínculo com a atualidade e, por outro lado, com as convenções associadas ao estilo de escrita jornalística (Lopez & Freire, 2007: 6-8). No âmbito de um projeto mais alargado que tem como objectivo efetuar um retrato profundo da cobertura cultural dos principais jornais portugueses durante a primeira década do século XXI, pretende-se neste trabalho analisar as narrativas que compõem o jornalismo cultural, observando as formas discursivas utilizadas pelos jornalistas em peças jornalísticas que se enquadrem dentro do estilo informativo (notícia, reportagem e entrevista), sobre o tema música, em quatro jornais portugueses, durante o ano de 2010. Este estudo coloca, assim, as seguintes questões: até que ponto é que as regras de escrita jornalística se aplicam ao jornalismo cultural? Será que podemos falar, além de um “jornalês”, de um “culturês”? Para dar uma resposta a estas interrogações, mobilizamos aqui algumas das categorias utilizadas pela análise crítica do discurso, metodologia de carácter qualitativo que presta uma particular atenção à linguagem enquanto prática discursiva – a escolha de palavras (lexicalização), sobretudo ao nível da predicação (atributos) e da pressuposição; e o tipo de linguagem utilizada, particularmente no que diz respeito aos recursos retóricos.
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