Banco de Terras de Montemor-o-Novo: uma nova forma de acesso e utilização da terra

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fonseca, Ana
Data de Publicação: 2013
Outros Autores: Pinto-Correia, Teresa
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/10253
Resumo: Este trabalho visa apresentar uma iniciativa que tem vindo a decorrer em Montemor-o-Novo nos últimos dois anos e que evidencia novas procuras de terra agrícola, sempre para produção, mas tendo como motivação tanto o rendimento económico como o usufruto da terra como espaço de lazer. Por outro lado, esta iniciativa que surgiu em 2010 a partir da “Rede de Cidadania” (Rede), um grupo informal de cidadãos desta cidade alentejana, que tem como um dos seus objectivos promover o consumo e produção local de alimentos de forma a reforçar a sustentabilidade da comunidade. Mas a lógica de partilha de recursos e de usos múltiplos da terra, por indivíduos com interesse e actividades diferentes mas que colaboram entre si para a gestão da terra, é já ancestral na região do Alentejo, e veio sem dúvida facilitar um processo de partilha que noutras regiões da Europa dificilmente se conseguiria implementar. O Banco de Terras visa aproximar as entidades e pessoas que possuem terra e não a cultivam, e pessoas que não possuem terra mas gostariam de produzir hortícolas, ou outros produtos agrícolas passíveis de serem produzidos em pequenas parcelas. O seu carácter inovador reside no facto de ter sido criado por iniciativa privada, numa perspectiva de voluntariado e sem qualquer instituição envolvida. Após dois anos de implementação, o Banco de Terras pode ser considerado um sucesso com 21 talhões atribuídos, em terrenos privados. A procura de terrenos continua a crescer e as razões dessa procura prendem-se com: a) a crise económica actual e a necessidade de produção de alimentos como complemento ao rendimento familiar; , nb) procura do espaço rural como suporte de actividades de lazer, ou c) importância crescente atribuída a uma alimentação saudável. Que conclusões se podem retirar desta iniciativa? No processo contínuo de múltiplas transições no espaço rural e de mudanças funcionais entre espaço de produção, consumo ou de protecção, existe um claro retorno à terra não apenas com o objectivo de usufruir de uma melhor qualidade de vida, de oportunidades de recreio e lazer mas também e com uma importância crescente, para produção. Neste sentido, na utilização do espaço rural em pequenas parcelas mais factores devem agora ser considerados que não estavam presentes há apenas cinco anos. Também, de forma a compreender o modo como os acordos são feitos e a ausência de formalidade que está presente em todo o projecto, é necessário ter em conta as práticas tradicionais em que múltiplos utilizadores (pastor, produtor de mel, caçador, recolector de cogumelos, produtor em pequena horta, etc.), exploravam uma mesma parcela de terra com base em acordos informais entre cada um dos utilizadores e o proprietário, e em que a utilização de todos se devia articular entre si, que deu forma a relações de entreajuda no mundo rural próprias do mundo mediterrânico e em geral de regiões com condições difíceis em termos de produção. A literatura descreve a baixa taxa de participação em organizações colectivas no Sul da Europa, mas deixa de lado esta forma complexa de cooperação onde vários interesses e indivíduos interagem para o bem de todos.O projecto Banco de Terras é uma demonstração de novos processos de mudança no espaço rural e da forma particular que estes podem tomar no contexto mediterrânico.
id RCAP_f46a1b906e03100ab55f1dd8fbc69cd3
oai_identifier_str oai:dspace.uevora.pt:10174/10253
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Banco de Terras de Montemor-o-Novo: uma nova forma de acesso e utilização da terraProdução localRegresso à terraTransiçãoVoluntariadoInformalidadeEste trabalho visa apresentar uma iniciativa que tem vindo a decorrer em Montemor-o-Novo nos últimos dois anos e que evidencia novas procuras de terra agrícola, sempre para produção, mas tendo como motivação tanto o rendimento económico como o usufruto da terra como espaço de lazer. Por outro lado, esta iniciativa que surgiu em 2010 a partir da “Rede de Cidadania” (Rede), um grupo informal de cidadãos desta cidade alentejana, que tem como um dos seus objectivos promover o consumo e produção local de alimentos de forma a reforçar a sustentabilidade da comunidade. Mas a lógica de partilha de recursos e de usos múltiplos da terra, por indivíduos com interesse e actividades diferentes mas que colaboram entre si para a gestão da terra, é já ancestral na região do Alentejo, e veio sem dúvida facilitar um processo de partilha que noutras regiões da Europa dificilmente se conseguiria implementar. O Banco de Terras visa aproximar as entidades e pessoas que possuem terra e não a cultivam, e pessoas que não possuem terra mas gostariam de produzir hortícolas, ou outros produtos agrícolas passíveis de serem produzidos em pequenas parcelas. O seu carácter inovador reside no facto de ter sido criado por iniciativa privada, numa perspectiva de voluntariado e sem qualquer instituição envolvida. Após dois anos de implementação, o Banco de Terras pode ser considerado um sucesso com 21 talhões atribuídos, em terrenos privados. A procura de terrenos continua a crescer e as razões dessa procura prendem-se com: a) a crise económica actual e a necessidade de produção de alimentos como complemento ao rendimento familiar; , nb) procura do espaço rural como suporte de actividades de lazer, ou c) importância crescente atribuída a uma alimentação saudável. Que conclusões se podem retirar desta iniciativa? No processo contínuo de múltiplas transições no espaço rural e de mudanças funcionais entre espaço de produção, consumo ou de protecção, existe um claro retorno à terra não apenas com o objectivo de usufruir de uma melhor qualidade de vida, de oportunidades de recreio e lazer mas também e com uma importância crescente, para produção. Neste sentido, na utilização do espaço rural em pequenas parcelas mais factores devem agora ser considerados que não estavam presentes há apenas cinco anos. Também, de forma a compreender o modo como os acordos são feitos e a ausência de formalidade que está presente em todo o projecto, é necessário ter em conta as práticas tradicionais em que múltiplos utilizadores (pastor, produtor de mel, caçador, recolector de cogumelos, produtor em pequena horta, etc.), exploravam uma mesma parcela de terra com base em acordos informais entre cada um dos utilizadores e o proprietário, e em que a utilização de todos se devia articular entre si, que deu forma a relações de entreajuda no mundo rural próprias do mundo mediterrânico e em geral de regiões com condições difíceis em termos de produção. A literatura descreve a baixa taxa de participação em organizações colectivas no Sul da Europa, mas deixa de lado esta forma complexa de cooperação onde vários interesses e indivíduos interagem para o bem de todos.O projecto Banco de Terras é uma demonstração de novos processos de mudança no espaço rural e da forma particular que estes podem tomar no contexto mediterrânico.2014-01-29T12:52:01Z2014-01-292013-10-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjecthttp://hdl.handle.net/10174/10253http://hdl.handle.net/10174/10253engFonseca A. Pinto-Correia T. 2013. Banco de Terras de Montemor-o-Novo: uma nova forma de acesso e utilização da terra. Oral communication: ESADR 2013 – VII Congresso da APDEA|V Congresso da SPER|I Encontro lusófono de economia, sociologia, ambiente e desenvolvimento rural. 15-19 October. Évora, PortugalsimnaonaoPAO – Comunicações – Em Congressos Científicos Internacionaisanafonseca@uevora.ptmtpc@uevora.ptFonseca, AnaPinto-Correia, Teresainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-01-03T18:52:29Zoai:dspace.uevora.pt:10174/10253Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T01:03:59.170936Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Banco de Terras de Montemor-o-Novo: uma nova forma de acesso e utilização da terra
title Banco de Terras de Montemor-o-Novo: uma nova forma de acesso e utilização da terra
spellingShingle Banco de Terras de Montemor-o-Novo: uma nova forma de acesso e utilização da terra
Fonseca, Ana
Produção local
Regresso à terra
Transição
Voluntariado
Informalidade
title_short Banco de Terras de Montemor-o-Novo: uma nova forma de acesso e utilização da terra
title_full Banco de Terras de Montemor-o-Novo: uma nova forma de acesso e utilização da terra
title_fullStr Banco de Terras de Montemor-o-Novo: uma nova forma de acesso e utilização da terra
title_full_unstemmed Banco de Terras de Montemor-o-Novo: uma nova forma de acesso e utilização da terra
title_sort Banco de Terras de Montemor-o-Novo: uma nova forma de acesso e utilização da terra
author Fonseca, Ana
author_facet Fonseca, Ana
Pinto-Correia, Teresa
author_role author
author2 Pinto-Correia, Teresa
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Fonseca, Ana
Pinto-Correia, Teresa
dc.subject.por.fl_str_mv Produção local
Regresso à terra
Transição
Voluntariado
Informalidade
topic Produção local
Regresso à terra
Transição
Voluntariado
Informalidade
description Este trabalho visa apresentar uma iniciativa que tem vindo a decorrer em Montemor-o-Novo nos últimos dois anos e que evidencia novas procuras de terra agrícola, sempre para produção, mas tendo como motivação tanto o rendimento económico como o usufruto da terra como espaço de lazer. Por outro lado, esta iniciativa que surgiu em 2010 a partir da “Rede de Cidadania” (Rede), um grupo informal de cidadãos desta cidade alentejana, que tem como um dos seus objectivos promover o consumo e produção local de alimentos de forma a reforçar a sustentabilidade da comunidade. Mas a lógica de partilha de recursos e de usos múltiplos da terra, por indivíduos com interesse e actividades diferentes mas que colaboram entre si para a gestão da terra, é já ancestral na região do Alentejo, e veio sem dúvida facilitar um processo de partilha que noutras regiões da Europa dificilmente se conseguiria implementar. O Banco de Terras visa aproximar as entidades e pessoas que possuem terra e não a cultivam, e pessoas que não possuem terra mas gostariam de produzir hortícolas, ou outros produtos agrícolas passíveis de serem produzidos em pequenas parcelas. O seu carácter inovador reside no facto de ter sido criado por iniciativa privada, numa perspectiva de voluntariado e sem qualquer instituição envolvida. Após dois anos de implementação, o Banco de Terras pode ser considerado um sucesso com 21 talhões atribuídos, em terrenos privados. A procura de terrenos continua a crescer e as razões dessa procura prendem-se com: a) a crise económica actual e a necessidade de produção de alimentos como complemento ao rendimento familiar; , nb) procura do espaço rural como suporte de actividades de lazer, ou c) importância crescente atribuída a uma alimentação saudável. Que conclusões se podem retirar desta iniciativa? No processo contínuo de múltiplas transições no espaço rural e de mudanças funcionais entre espaço de produção, consumo ou de protecção, existe um claro retorno à terra não apenas com o objectivo de usufruir de uma melhor qualidade de vida, de oportunidades de recreio e lazer mas também e com uma importância crescente, para produção. Neste sentido, na utilização do espaço rural em pequenas parcelas mais factores devem agora ser considerados que não estavam presentes há apenas cinco anos. Também, de forma a compreender o modo como os acordos são feitos e a ausência de formalidade que está presente em todo o projecto, é necessário ter em conta as práticas tradicionais em que múltiplos utilizadores (pastor, produtor de mel, caçador, recolector de cogumelos, produtor em pequena horta, etc.), exploravam uma mesma parcela de terra com base em acordos informais entre cada um dos utilizadores e o proprietário, e em que a utilização de todos se devia articular entre si, que deu forma a relações de entreajuda no mundo rural próprias do mundo mediterrânico e em geral de regiões com condições difíceis em termos de produção. A literatura descreve a baixa taxa de participação em organizações colectivas no Sul da Europa, mas deixa de lado esta forma complexa de cooperação onde vários interesses e indivíduos interagem para o bem de todos.O projecto Banco de Terras é uma demonstração de novos processos de mudança no espaço rural e da forma particular que estes podem tomar no contexto mediterrânico.
publishDate 2013
dc.date.none.fl_str_mv 2013-10-01T00:00:00Z
2014-01-29T12:52:01Z
2014-01-29
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/conferenceObject
format conferenceObject
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10174/10253
http://hdl.handle.net/10174/10253
url http://hdl.handle.net/10174/10253
dc.language.iso.fl_str_mv eng
language eng
dc.relation.none.fl_str_mv Fonseca A. Pinto-Correia T. 2013. Banco de Terras de Montemor-o-Novo: uma nova forma de acesso e utilização da terra. Oral communication: ESADR 2013 – VII Congresso da APDEA|V Congresso da SPER|I Encontro lusófono de economia, sociologia, ambiente e desenvolvimento rural. 15-19 October. Évora, Portugal
sim
nao
nao
PAO – Comunicações – Em Congressos Científicos Internacionais
anafonseca@uevora.pt
mtpc@uevora.pt
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799136523781668864