Real-world evidence on the use and practice of electroconvulsive therapy at a Portuguese general hospital
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10362/124102 |
Resumo: | Introdução A eletroconvulsivoterapia (ECT) modificada é fruto do que a medicina baseada na evidência é capaz de alcançar. As diretrizes internacionais posicionam-na como o tratamento padrão-ouro para condições psiquiátricas bem definidas, incluindo em doentes geriátricos e naqueles não responsivos ao tratamento habitual. Uma publicação recente sugere que a ECT é subutilizada em Portugal, país cuja prevalência de doença mental severa se encontra bem documentada. No entanto, não existe evidência disponível sobre o uso e a prática de ECT na prática clínica do mundo real, neste país. Objetivos Caracterizar o uso e a prática de ECT no Hospital de Vila Franca de Xira (HVFX), em Portugal, com particular enfoque nos desafios apresentados pela população geriátrica. Métodos Foi realizada uma revisão narrativa sobre a eficácia da ECT na população geriátrica com depressãounipolarresistente ao tratamento. Seguiu-se um estudo de investigação observacional,transversal e retrospetivo que incluiu osdoentes tratados com ECT no HVFX, de 2018 a maio de 2021, após aprovação pela comissão de ética. Considerou-se o último tratamento de fase aguda, administrado em regime de internamento ou em ambulatório. Os doentes com processos clínicos incompletos (n = 2) ou abandono precoce do tratamento (< 4 sessões consecutivas, n = 6) e uma doente crónica refratária não-responsivaforam excluídos. Colheram-se variáveis sociodemográficas, clínicas e relacionadas com o curso de ECT a partir dos registos clínicos eletrónicos dos doentes elegíveis (n = 18). Estimou-se a taxa de prevalência de ECT entre os doentes internados(iP%). Foi conduzida uma análise descritiva comparando os doentes jovens (18-59 anos) e idosos (≥ 60 anos). Entrevistou-se o coordenador da unidade de ECT visando a identificação de barreiras locais no acesso a este tratamento. Por fim, descreveram-se três casos clínicos selecionados entre a subpopulação geriátrica (dois de depressão majore um de perturbação bipolar), a fim de ilustrar desafios diagnósticos, dilemas clínicos e achados de interesse. Resultados A idade média da amostra em estudo foi de 49,8 anos; 44,4% (n = 8) dos doentes pertenciam à faixa etária geriátrica. O diagnóstico mais frequente foi o de perturbação bipolar (n = 9; 50%), à custa dos episódios depressivos, seguindo-se depressão major(n =6; 33,3%). A resposta inadequada a múltiplos ciclos farmacológicos constituiu a indicação mais comum (n = 9; 50%). A ECT foi iniciada com elétrodos em colocação bifrontal e pulso (ultra)breve. Verificou-se remissão em 60% (6/10) dos indivíduos jovens e emaproximadamente 88% (7/8) dos idosos. A mediana do número de sessões de ECT até à remissão foi de 4,0. Todos os efeitos adversos documentados foramtransitórios e ligeiros, sendo os do foro cardiovascular os mais comuns. Durante o follow-up, objetivou-se recidiva ou recorrência em 25% (2/8) dos doentes jovens e em 37,5% (3/8) dos idosos. O iP% global foi de 1,9% (2,5% no período pré-pandémicoe 4,0% no primeiro ano de atividade da Unidade de ECT). Entre as principais barreiras à provisão de ECT constam a falta de anestesiologistas, limitações de espaço e atitudes negativas em relação à ECT, seja por parte dos doentes ou dos profissionais de saúde. Limitações A reduzida dimensão da amostra e a quantidade/qualidade de informação documentada representam limitações importantes. Conclusão Esta tese fornece evidência empírica que suporta a ECT como um tratamento extraordinariamente eficaz, com ação rápida e bom perfil de tolerância, assumindo assim especial relevo na população geriátrica não responsiva ao tratamento farmacológico. Estes resultados, que estão de acordo com a evidência científica, devem encorajar o seu recurso como tratamento de primeira linha nos pacientes para os quais está indicada. Mais preocupante, contudo, é o uso subótimo da ECT, severamente limitado por razões não clínicas. No futuro serão necessários esforços colaborativos para colocar a ECT no lugar que merece: ao alcance dos doentes que dela beneficiam. |
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Objetivos Caracterizar o uso e a prática de ECT no Hospital de Vila Franca de Xira (HVFX), em Portugal, com particular enfoque nos desafios apresentados pela população geriátrica. Métodos Foi realizada uma revisão narrativa sobre a eficácia da ECT na população geriátrica com depressãounipolarresistente ao tratamento. Seguiu-se um estudo de investigação observacional,transversal e retrospetivo que incluiu osdoentes tratados com ECT no HVFX, de 2018 a maio de 2021, após aprovação pela comissão de ética. Considerou-se o último tratamento de fase aguda, administrado em regime de internamento ou em ambulatório. Os doentes com processos clínicos incompletos (n = 2) ou abandono precoce do tratamento (< 4 sessões consecutivas, n = 6) e uma doente crónica refratária não-responsivaforam excluídos. Colheram-se variáveis sociodemográficas, clínicas e relacionadas com o curso de ECT a partir dos registos clínicos eletrónicos dos doentes elegíveis (n = 18). Estimou-se a taxa de prevalência de ECT entre os doentes internados(iP%). Foi conduzida uma análise descritiva comparando os doentes jovens (18-59 anos) e idosos (≥ 60 anos). Entrevistou-se o coordenador da unidade de ECT visando a identificação de barreiras locais no acesso a este tratamento. Por fim, descreveram-se três casos clínicos selecionados entre a subpopulação geriátrica (dois de depressão majore um de perturbação bipolar), a fim de ilustrar desafios diagnósticos, dilemas clínicos e achados de interesse. Resultados A idade média da amostra em estudo foi de 49,8 anos; 44,4% (n = 8) dos doentes pertenciam à faixa etária geriátrica. O diagnóstico mais frequente foi o de perturbação bipolar (n = 9; 50%), à custa dos episódios depressivos, seguindo-se depressão major(n =6; 33,3%). A resposta inadequada a múltiplos ciclos farmacológicos constituiu a indicação mais comum (n = 9; 50%). A ECT foi iniciada com elétrodos em colocação bifrontal e pulso (ultra)breve. Verificou-se remissão em 60% (6/10) dos indivíduos jovens e emaproximadamente 88% (7/8) dos idosos. A mediana do número de sessões de ECT até à remissão foi de 4,0. Todos os efeitos adversos documentados foramtransitórios e ligeiros, sendo os do foro cardiovascular os mais comuns. Durante o follow-up, objetivou-se recidiva ou recorrência em 25% (2/8) dos doentes jovens e em 37,5% (3/8) dos idosos. O iP% global foi de 1,9% (2,5% no período pré-pandémicoe 4,0% no primeiro ano de atividade da Unidade de ECT). Entre as principais barreiras à provisão de ECT constam a falta de anestesiologistas, limitações de espaço e atitudes negativas em relação à ECT, seja por parte dos doentes ou dos profissionais de saúde. Limitações A reduzida dimensão da amostra e a quantidade/qualidade de informação documentada representam limitações importantes. 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