O Doente Reumatológico Proposto para Cirurgia: Manuseamento dos Agentes Antirreumáticos no Perioperatório
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.25751/rspa.17927 |
Resumo: | As doenças reumáticas inflamatórias são distúrbios funcionais do sistema músculo-esquelético cujos sinais e sintomas são de natureza inflamatória. As situações progressivas e crónicas que necessitam de cirurgia, nomeadamente do foro ortopédico, artroplastia total da anca e/ou do joelho, estão expostas a um risco elevado de infeção da ferida cirúrgica, agravado pelo tratamento imunossupressor com agentes antirreumáticos a que estes doentes são submetidos. O objetivo deste artigo é sumariar a evidência mais recente e disponível sobre o manuseio perioperatório destes fármacos nos doentes propostos para cirurgia, a sua manutenção versus suspensão no período préoperatório e o seu reinício no pós-operatório. Uma revisão narrativa da literatura foi conduzida com os descritores “agentes antirreumáticos/manuseamento perioperatório”, “doença reumática inflamatória/complicações pós-operatórias” e “fármacos antirreumáticos modificadores da doença” em diferentes bases de dados eletrónicas, tais como: MEDLINE, EMBASE, Cochrane Library e SciELo. Foram incluídos artigos em português e inglês publicados segundo critérios de seleção previamente definidos. Manter o metotrexato, leflunomida, sulfassalazina e hidroxicloroquina nos doentes com doenças reumáticas inflamatórias parece ser seguro no pré-operatório. No lúpus eritematoso sistémico grave a azatioprina, ciclosporina A, tacrolimus e micofenolato de mofetil devem ser mantidos e a sua suspensão uma semana antes da cirurgia só deve ser feita nas situações de lúpus eritematoso sistémico não grave. O tofacitinib deve ser suspenso uma semana antes do procedimento cirúrgico e reiniciado 3 a 5 dias do pós-operatório, na ausência de complicações da ferida cirúrgica. Para os agentes biológicos, o tempo de suspensão no pré-operatório depende do ciclo de dosagem do fármaco, pelo que a cirurgia deve ser planeada para o fim de cada ciclo terapêutico. A reintrodução deve ser feita ao 14º dia do pós-operatório, quando a ferida cirúrgica mostra sinais de cicatrização e não há evidência de infeção. A literatura sobre o manuseamento dos fármacos antirreumáticos no perioperatório é escassa. A manutenção da terapêutica pode dificultar a cicatrização de ferida cirúrgica e predispor a infeções. A sua suspensão está associada a agudizações da doença, o que pode aumentar a necessidade de corticosteroides para o seu controlo e limitar a mobilização e a reabilitação após a cirurgia. Pelos riscos associados e para a melhoria de todo o cuidado ao doente no perioperatório, são indispensáveis uma comunicação eficaz entre o anestesiologista e o reumatologista e mais evidência científica sobre o tema. |
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O Doente Reumatológico Proposto para Cirurgia: Manuseamento dos Agentes Antirreumáticos no PerioperatórioO Doente Reumatológico Proposto para Cirurgia: Manuseamento dos Agentes Antirreumáticos no PerioperatórioArtigo de Revisão NarrativaAs doenças reumáticas inflamatórias são distúrbios funcionais do sistema músculo-esquelético cujos sinais e sintomas são de natureza inflamatória. As situações progressivas e crónicas que necessitam de cirurgia, nomeadamente do foro ortopédico, artroplastia total da anca e/ou do joelho, estão expostas a um risco elevado de infeção da ferida cirúrgica, agravado pelo tratamento imunossupressor com agentes antirreumáticos a que estes doentes são submetidos. O objetivo deste artigo é sumariar a evidência mais recente e disponível sobre o manuseio perioperatório destes fármacos nos doentes propostos para cirurgia, a sua manutenção versus suspensão no período préoperatório e o seu reinício no pós-operatório. Uma revisão narrativa da literatura foi conduzida com os descritores “agentes antirreumáticos/manuseamento perioperatório”, “doença reumática inflamatória/complicações pós-operatórias” e “fármacos antirreumáticos modificadores da doença” em diferentes bases de dados eletrónicas, tais como: MEDLINE, EMBASE, Cochrane Library e SciELo. Foram incluídos artigos em português e inglês publicados segundo critérios de seleção previamente definidos. Manter o metotrexato, leflunomida, sulfassalazina e hidroxicloroquina nos doentes com doenças reumáticas inflamatórias parece ser seguro no pré-operatório. No lúpus eritematoso sistémico grave a azatioprina, ciclosporina A, tacrolimus e micofenolato de mofetil devem ser mantidos e a sua suspensão uma semana antes da cirurgia só deve ser feita nas situações de lúpus eritematoso sistémico não grave. O tofacitinib deve ser suspenso uma semana antes do procedimento cirúrgico e reiniciado 3 a 5 dias do pós-operatório, na ausência de complicações da ferida cirúrgica. Para os agentes biológicos, o tempo de suspensão no pré-operatório depende do ciclo de dosagem do fármaco, pelo que a cirurgia deve ser planeada para o fim de cada ciclo terapêutico. A reintrodução deve ser feita ao 14º dia do pós-operatório, quando a ferida cirúrgica mostra sinais de cicatrização e não há evidência de infeção. A literatura sobre o manuseamento dos fármacos antirreumáticos no perioperatório é escassa. A manutenção da terapêutica pode dificultar a cicatrização de ferida cirúrgica e predispor a infeções. A sua suspensão está associada a agudizações da doença, o que pode aumentar a necessidade de corticosteroides para o seu controlo e limitar a mobilização e a reabilitação após a cirurgia. Pelos riscos associados e para a melhoria de todo o cuidado ao doente no perioperatório, são indispensáveis uma comunicação eficaz entre o anestesiologista e o reumatologista e mais evidência científica sobre o tema.Inflammatory rheumatic diseases are functional disorders of the musculoskeletal system whose signs and symptoms are inflammatory. Progressive and chronic situations that require surgery, especially orthopedic surgery, total hip and/or knee arthroplasty, are exposed to a high risk of surgical wound infection, aggravated by immunosuppressive treatment with antirheumatic drugs to which these patients are submitted. The aim of this article is to summarize the most recent and available evidence on perioperative management of these drugs in patients proposed for surgery, their maintenance versus suspension in the preoperative period and their resumption in the postoperative. A narrative literature review was conducted with the terms “antirheumatic agents/perioperative management”, “disease modifying antirheumatic drugs” and “rheumatic disease/postoperative adverse events” in different electronic data bases such as: MEDLINE, EMBASE, Cochrane Library and SciELo. We included articles in Portuguese and English, according to pre-defined selection criteria. Continuation of methotrexate, leflunomide, sulfasalazine and hydroxychloroquine in patients with inflammatory rheumatic diseases appears to be safe in the preoperative period. In severe systemic lupus erythematosus, azathioprine, cyclosporine A, tacrolimus and mycophenolate mofetil should be maintained and its suspension one week before surgery should only be done in situations of non-serious systemic lupus erythematosus. Tofacitinib should also be discontinued for one week prior to the surgical procedure and therapy should be resumed 3 to 5 days postoperatively, in the absence of complications of the surgical wound. For biological agents, the preoperative withdrawal time depends on the drug dosing cycle, therefore surgery should be planned for the end of each therapeutic cycle. Restarting should be done when the surgical wound shows signs of healing and there is no evidence of infection, usually on the 14th postoperative day. The literature on the perioperative management of antirheumatic drugs is scarce. Continuing therapy may hamper wound healing and predispose to infections and discontinuation may induce a flare of the disease, which may increase the need for corticosteroids for control and limit mobilization and rehabilitation after surgery. Due to the associated risks and to improve all perioperative care of the patient, an effective communication between the anesthesiologist and the rheumatologist and more scientific evidence on the subject are imperative.Sociedade Portuguesa de Anestesiologia2019-12-28T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25751/rspa.17927por0871-6099Rocha, Ana Carolina dos Santos SilvaAbreu, Pedroinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-23T15:34:48Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/17927Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:04:16.000597Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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