As mineralizações de Sn, W e Au na Mina de Vale Pião (Góis): mineralogia e geoquímica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fernandes, Inês Isabel Martins
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/45516
Resumo: Relatório de estágio de mestrado em Geologia Económica (Prospecção Mineral), Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2020
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spelling As mineralizações de Sn, W e Au na Mina de Vale Pião (Góis): mineralogia e geoquímicaMineralização de W-Sn-(Au)Vale PiãoMagmático-hidrotermalAlteração hidrotermalPolifásicoTeses de mestrado - 2020Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências da Terra e do AmbienteRelatório de estágio de mestrado em Geologia Económica (Prospecção Mineral), Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2020As mineralizações de W-Sn-(Au) do jazigo de Vale Pião encontram-se hospedadas e distribuídas, em várias estruturas epigenéticas ou mesmo disseminadas nos metassedimentos que integram a região de Góis. Os metassedimentos correspondem a alternâncias de xistos (compostos por intercalações de níveis pelíticos e psamíticos) e grauvaques, pertencentes ao Grupo das Beiras do Complexo Xisto-Grauváquico que se insere na Zona Centro Ibérica. Presume-se que estas mineralizações estejam espacialmente associadas a uma cúpula granítica subaflorante, com base em dados geoquímicos e geofísicos apresentados em estudos prévios e na análise mineralógica e geoquímica realizada no presente relatório. Com o intuito de compreender os processos geológicos que concorreram para a génese e evolução do jazigo de Vale Pião foram amostradas três sondagens (S1, S8 e S11) efectuadas, na década de 80, pelo Serviço de Fomento Mineiro. A amostragem foi direcionada para os intervalos de sondagem com maiores teores de W, Sn e Au, e com evidências de fenómenos de alteração hidrotermal. A caracterização detalhada das mineralizações e dos principais tipos de alteração hidrotermal associados, foi conduzida fundamentalmente com o objetivo de identificar potenciais vectores e/ou guias geoquímicos e mineralógicos úteis à prospecção mineral. Os dados de natureza petrográfica, mineralógica e geoquímica, combinados com dados coligidos da literatura, permitiram estabelecer três estádios principais de deposição, associados aos metassedimentos e aos veios: i) estádio precoce composto pelos silicatos principais, tungstatos (volframite e scheelite), óxidos (cassiterite, rútilo, ilmenite), apatite e arsenopirite; ii) estádio sulfuretado, sendo a arsenopirite, pirite, pirrotite, esfalerite e calcopirite os sulfuretos principais; iii) estádio tardio composto por electrum e carbonatos. A recorrência de episódios ao longo de cada estádio é comum, evidenciando o carácter polifásico do sistema de Vale Pião. Neste trabalho, a volframite apenas foi identificada nos metassedimentos com alteração filítica; o electrum, embora raramente, foi identificado no xisto negro com sulfidização; a scheelite (predominante em relação à volframite) e a cassiterite foram reconhecidas tanto em veios como em metassedimentos com alteração hidrotermal. As estruturas epigenéticas que contêm mineralização em W-Sn são as mais tardias e mais complexas composicionalmente, revelando a focalização e circulação de fluidos em zonas preferenciais. Os tipos de alteração hidrotermal identificados nos metassedimentos e veios possibilitaram constatar o seguinte: i) nos níveis pelíticos do xisto predomina a turmalinização acompanhada por biotitização (alteração potássica) e, ainda, a cloritização (alteração propilítica), e a mineralização associada a cada tipo de alteração corresponde a scheelite ± cassiterite e cassiterite ± scheelite, respectivamente; ii) nos níveis psamíticos prevalece a alteração filítica (silicificação, sericitização e piritização) e a mineralização associada é representada por volframite + cassiterite ± scheelite; iii) nos níveis de xisto negro a alteração é marcada por sulfidização intensa e a mineralização associada é de Au/Ag. A turmalinização e biotitização foram definidas como tipos de alteração proximais e de mais alta T, enquanto a cloritização, silicificação, sericitização e piritização como tipos de alteração hidrotermal de mais baixa T e distais relativamente à fonte, indicando a diminuição da temperatura ao longo da evolução do sistema. As interações fluido/rocha, com contribuições de elementos transportados pelo fluido mineralizante de origem magmático-hidrotermal (tais como B, F, Cl, P, Sn, W, Zn, Mn, Na, Mo, Nb, Ta, As, Co, Ni, Ce, Au?) e de elementos disponíveis por parte dos metassedimentos hospedeiros da mineralização (tais como Ca, Mg, Fe, K, Ti, Al, Sb), concorreram para a formação das mineralizações de W-Sn do jazigo de Vale Pião e dos diferentes estilos de alteração hidrotermal associados. Os elementos F, Cl, B e P afiguram-se como os principais agentes responsáveis pelo transporte e concentração dos metais que compõem o jazigo de Vale Pião. Foram ainda reconhecidas as seguintes associações: conteúdos elevados, associados ao evento de mineralização, de W-Sn no rútilos, Fe-F nas turmalinas e As-Co-Ni nas arsenopirites; as fraturas das arsenopirites são as principais armadilhas estruturais para a deposição de electrum; conteúdos superiores de Fe nas apatites associadas às fases sulfuretadas; decréscimo da razão Cd/Mn na esfalerite e Ca/Mn na apatite, incremento da razão Ta/Nb na cassiterite e no rútilo e dos conteúdos de (Zn+Mn) na ilmenite, à medida que aumenta a distância à fonte dos fluidos hidrotermais associados à mineralização de W-Sn. Tais associações poderão constituir bons vectores ou indicadores de mineralizações de W-Sn e Au, em sistemas análogos, na Zona Centro Ibérica. O sistema de Vale Pião é caracterizado por sucessivos pulsos de fluido de origem essencialmente magmático-hidrotermal e, consequentemente, por diversos episódios de deposição mineral, num ambiente reduzido e ácido, denunciando assim uma complexidade e sobreposição de eventos mineralizantes no decorrer do tempo. A mineralização de Au/Ag será proveniente da interseção das faixas metalíferas de Góis-Segura (W-Sn) e de Vieiro-Fonte Limpa (Au/Ag) que, possivelmente, contribuiu para o enriquecimento metalífero do sistema de Vale Pião.The W-Sn-(Au) mineralizations from the Vale Pião deposit are hosted and distributed in various epigenetic structures or disseminated in metasediments from the Góis region. The metasediments correspond to alternations of shales (composed of pelitic and psammitic intercalated layers) and greywackes, belonging to the Grupo da Beiras of the Schist-Greywacke Complex that is inserted in the Central Iberian Zone. It is assumed that these mineralizations are spatially associated to a local non-outcropped granitic intrusion, based on geochemical and geophysical data presented in previous studies and in the mineralogical and geochemical analysis carried out in this report. In order to understand the geological processes that contributed to the genesis and evolution of the Vale Pião deposit, three drill holes, done by the Serviço de Fomento Mineiro in the 1980s, were sampled (S1, S8 e S11). Sampling was directed to the drilling intervals with the highest W, Sn and Au grades, and with evidences of hydrothermal alteration. The detailed characterization of both mineralization and types of associated alteration was carried out primarily with the aim of identifying potential geochemical and mineralogical vectors and/or useful guides for mineral exploration. Petrographic, mineralogical and geochemical data, combined with data collected from the literature, allowed to establish three main deposition stages, associated to metasediments and veins: i) early stage composed by main silicates, tungstates (wolframite and scheelite), oxides (cassiterite, rutile, ilmenite), apatite, and arsenopyrite; ii) sulphide stage, with arsenopyrite, pyrite, pyrrhotite, sphalerite, and chalcopyrite being the main sulphides; iii) late stage, composed of electrum and carbonates. The recurrence of episodes throughout each stage is common, highlighting the polyphasic character of the Vale Pião system. In this work, wolframite was only identified in metasediments with phyllic alteration; electrum, althought rarely, was identified in black shale with sulphidation; scheelite (predominat in relation to wolframite) and cassiterite were recognized in both veins and metasediments with hydrothermal alteration. The epigenetic structures that contain W-Sn mineralization are the latest and most complex compositionally, revealing fluid circulation and focusing along preferential zones. The types of hydrothermal alteration identified in the metasediments and veins allowed to verify the following: i) tourmalinization and biotitization (potassic alteration), and chloritization (propylitic alteration) predominates in the shale pelitic layers, with associated mineralization corresponding to scheelite ± cassiterite and cassiterite ± scheelite, respectively; ii) in the psammitic layers phyllic alteration (silicification, sericitization and pyritization) prevails and the associated mineralization is represented by wolframite + cassiterite ± scheelite; iii) in the black shales the alteration is marked by intense sulphidation with associated Au/Ag mineralization. Tourmalinization and biotitization were defined as proximal and higher T alteration types, while chloritization, silicification, sericitization and pyritization as lower T distal alteration types relative to the source, indicating a decrease in temperature over the evolution of the system. The fluid/rock interations, with element contributions from magmatic-hydrothermal derived mineralizing fluids (such as B, F, Cl, P, Sn, W, Zn, Mn, Na, Mo, Nb, Ta, As, Co, Ni, Ce, Au?) and available elements from the mineralization host metasediments (such as Ca, Mg, Fe, K, Ti, Al, Sb), contributed to the formation of the W-Sn mineralization in the Vale Pião deposit and multiple associated hydrothermal alteration types. The elements F, Cl, B, and P appear to be the main agents responsible for the transport and concentration of the metals that form the Vale Pião deposit. The following associations were also recognized: inverse zonality regarding the cassiterite abundance relative to the distance of the possible hydrothermal source; high contents, associated with the W-Sn mineralization event, of W-Sn in rutile, Fe-F in tourmaline and As-Co-Ni in arsenopyrite; arsenopyrite fractures are the main structural traps for electrum deposition; high contents of Fe in the apatite associated to the sulphur phases; Cd/Mn decrease in sphalerite, Ca/Mn decrease in apatite, Ta/Nb increase in cassiterite and rutiles and increase in the Zn+Mn contents of ilmenite, as the distance to the source of the hydrotermal fluids associated with the W-Sn mineralization increases. Such associations may constitute good vectors or indicators of W-Sn and Au/Ag mineralizations, in similar systems, in the Central Iberian Zone.Gaspar, Luís Miguel Guerreiro Galla,1968-Carvalho, Daniela LobarinhasRepositório da Universidade de LisboaFernandes, Inês Isabel Martins2020-12-21T16:08:58Z202020202020-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/45516TID:202607356porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:47:24Zoai:repositorio.ul.pt:10451/45516Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:57:55.744522Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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