Síndromes paraneoplásicas neurológicas: relação anticorpo, síndrome clínica e neoplasia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, João Pedro Gomes
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/5202
Resumo: As síndromes paraneoplásicas neurológicas são distúrbios neurológicos mediados pelo sistema imunitário, os quais surgem em associação a uma neoplasia maligna mas são independentes dos efeitos do tumor primário ou de metástases. Representam um conjunto heterogéneo de distúrbios, que surgem de forma aguda ou subaguda, e podem afetar qualquer parte do sistema nervoso central e periférico, incluindo a junção neuromuscular. Calcula-se que atinjam 0,01-1% dos pacientes diagnosticados com cancro, sendo que a síndrome neurológica precede o seu diagnóstico em 70% dos casos. A fisiopatologia destas síndromes não se encontra bem estabelecida. Acredita-se que a expressão de proteínas neuronais pelo tumor inicie uma resposta imunológica que acaba por ser erradamente direcionada contra o sistema nervoso. Esta resposta imunológica ocorre por intermédio de anticorpos que reagem contra antigénios expressos pelo tumor e pelo sistema nervoso. Os anticorpos podem ser directamente patogénicos, no caso dos anticorpos ativos contra antigénios da superfície neuronal, ou podem ser o componente humoral de uma complexa resposta imune, possivelmente mediada por células T citotóxicas, no caso dos anticorpos ativos contra antigénios intracelulares. Estes anticorpos antineuronais podem ser detetados no plasma ou no líquido cefalorraquidiano, e são auxiliares importantíssimos para diagnosticar esta patologia. A presença de anticorpos ativos contra antigénios intracelulares sugere fortemente uma etiologia paraneoplásica, enquanto a detecção de anticorpos activos contra antigénios da superfície neuronal não diferencia os casos paraneoplásicos dos não-paraneoplásicos. As diferentes síndromes paraneoplásicas neurológicas possuem características clínicas que as distinguem umas das outras, e cada uma associa-se a um espectro de anticorpos e de neoplasias característico. As mais comuns são a degenerescência cerebelosa subaguda, a neuropatia sensitiva e a encefalite límbica. Apesar de praticamente qualquer neoplasia poder originar estas disfunções neurológicas, os tumores mais frequentemente envolvidos são o carcinoma pulmonar de pequenas células, o cancro da mama, o do ovário, o do pulmão de não pequenas células e o timoma. Em 2004 foram elaborados alguns critérios de diagnóstico, contudo, dada a rápida evolução do estudo destas síndromes, estes necessitam de ser revistos. Após o diagnóstico de uma síndrome paraneoplásica neurológica é fundamental identificar e tratar a neoplasia subjacente, a qual se encontra frequentemente num estágio precoce e localizado, podendo deste modo ser tratada mais facilmente. Os anticorpos antineuronais são um auxiliar importante pois ajudam a focar a pesquisa neoplásica. O tratamento específico das síndromes paraneoplásicas neurológicas baseia-se na imunoterapia, que é usada empiricamente. A eficácia potencial do tratamento pode ser antecipada de acordo com o tipo de anticorpo presente. A elucidação do mecanismo patogénico destas síndromes poderá permitir o desenvolvimento de novas estratégias imunoterapêuticas.
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Acredita-se que a expressão de proteínas neuronais pelo tumor inicie uma resposta imunológica que acaba por ser erradamente direcionada contra o sistema nervoso. Esta resposta imunológica ocorre por intermédio de anticorpos que reagem contra antigénios expressos pelo tumor e pelo sistema nervoso. Os anticorpos podem ser directamente patogénicos, no caso dos anticorpos ativos contra antigénios da superfície neuronal, ou podem ser o componente humoral de uma complexa resposta imune, possivelmente mediada por células T citotóxicas, no caso dos anticorpos ativos contra antigénios intracelulares. Estes anticorpos antineuronais podem ser detetados no plasma ou no líquido cefalorraquidiano, e são auxiliares importantíssimos para diagnosticar esta patologia. A presença de anticorpos ativos contra antigénios intracelulares sugere fortemente uma etiologia paraneoplásica, enquanto a detecção de anticorpos activos contra antigénios da superfície neuronal não diferencia os casos paraneoplásicos dos não-paraneoplásicos. As diferentes síndromes paraneoplásicas neurológicas possuem características clínicas que as distinguem umas das outras, e cada uma associa-se a um espectro de anticorpos e de neoplasias característico. As mais comuns são a degenerescência cerebelosa subaguda, a neuropatia sensitiva e a encefalite límbica. Apesar de praticamente qualquer neoplasia poder originar estas disfunções neurológicas, os tumores mais frequentemente envolvidos são o carcinoma pulmonar de pequenas células, o cancro da mama, o do ovário, o do pulmão de não pequenas células e o timoma. Em 2004 foram elaborados alguns critérios de diagnóstico, contudo, dada a rápida evolução do estudo destas síndromes, estes necessitam de ser revistos. Após o diagnóstico de uma síndrome paraneoplásica neurológica é fundamental identificar e tratar a neoplasia subjacente, a qual se encontra frequentemente num estágio precoce e localizado, podendo deste modo ser tratada mais facilmente. Os anticorpos antineuronais são um auxiliar importante pois ajudam a focar a pesquisa neoplásica. O tratamento específico das síndromes paraneoplásicas neurológicas baseia-se na imunoterapia, que é usada empiricamente. A eficácia potencial do tratamento pode ser antecipada de acordo com o tipo de anticorpo presente. A elucidação do mecanismo patogénico destas síndromes poderá permitir o desenvolvimento de novas estratégias imunoterapêuticas.Paraneoplastic neurological syndromes are immune-mediated neurological disorders associated with cancers that are not caused by invasion of the tumor or its metastases. They represent a heterogeneous group of disorders, which onset are often acute or subacute, and can affect any part of the central and peripheral nervous system, including the neuromuscular junction. It is estimated that they affect 0.01-1% of patients diagnosed with cancer, wherein the neurological syndrome precedes the cancer diagnose in 70% of cases. The pathophysiology of these syndromes is not well established. It is believed that the expression of neuronal proteins by a tumor provokes an immune response that is misdirected against the nervous system. This immune response is mediated by antibodies that react against antigens expressed by the tumor and the nervous system. Antibodies can be directly pathogenic, in the case of antibodies that target neuronal-surface antigens, or may be the humoral component of a complex immune response, possibly mediated by cytotoxic T cells, in the case of antibodies that target intracellular antigens. These antineuronal antibodies can be detected in serum or cerebrospinal fluid, and are very important tools to diagnose this pathology. The presence of antibodies to intracellular antigens strongly suggests a paraneoplastic origin, while the detection of antibodies to neuronal-surface antigens doesn’t differentiate paraneoplastic cases of non-paraneoplastic. The different paraneoplastic neurological syndromes have clinical features that differentiate each other, and each one is associated with a characteristic spectrum of antibodies and cancers. The most common are subacute cerebellar degeneration, sensory neuronopathy and limbic encephalitis. Although virtually any cancer can produce these neurological disorders, the tumors most frequently involved are small-cell lung carcinoma, breast and ovary cancers, non-small cell lung cancer and thymoma. In 2004 some diagnostic criteria were developed, however, given the rapid evolution of these syndromes study, they need to be revised. After the diagnosis of a paraneoplastic neurological syndrome it is essential to identify and treat the underlying cancer, which is often in an early and confined stage and may be thus treated more easily. Antineuronal antibodies can help focusing the neoplastic search. The specific treatment of paraneoplastic neurological syndromes is based in immunotherapy, which is used empirically. The potential effectiveness of treatment may be anticipated according to the detected antibody type. Elucidation of the pathogenic mechanism of these syndromes may allow the development of new immunotherapeutic strategies.Alvarez Pérez, Francisco JoséuBibliorumOliveira, João Pedro Gomes2018-07-18T16:03:50Z2015-5-152015-06-262015-06-26T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/5202TID:201642123porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:42:50Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/5202Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:46:09.954646Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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