Transmissão do Vírus da Imunodeficiência Humana da mãe ao filho: avaliação de resultados de um protocolo laboratorial implementado a nível nacional para o diagnóstico precoce da infeção em crianças nascidas de mães infetadas
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/36286 |
Resumo: | Tese de mestrado em Biologia Humana e Ambiente, apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Ciências, em 2018 |
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Transmissão do Vírus da Imunodeficiência Humana da mãe ao filho: avaliação de resultados de um protocolo laboratorial implementado a nível nacional para o diagnóstico precoce da infeção em crianças nascidas de mães infetadasVírus da Imunodeficiência Humana (VIH)Transmissão Mãe-Filho (TMF)Terapia AntirretrovíricaPortugalTeses de mestrado - 2018Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências BiológicasTese de mestrado em Biologia Humana e Ambiente, apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Ciências, em 2018Em 2017, a estimativa da infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) foi de 1,8 milhões em crianças e adolescentes, sendo que a via de transmissão mãe-filho (TMF) foi o principal modo de aquisição da infeção nesta população. Entre outros fatores, as elevadas taxas de mutação e recombinação genética durante a replicação viral resultam numa grande variabilidade e diversidade de variantes do VIH, que interferem negativamente na eficácia do tratamento, no diagnóstico molecular e na produção de vacinas. Atendendo a que as medidas de prevenção têm reduzido significativamente a taxa da TMF do VIH para valores inferiores a 2%, tem sido objetivo preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a continuação da implementação de medidas que contribuam para a eliminação desta via de transmissão. O presente estudo teve duas fases de desenvolvimento: uma primeira fase experimental e técnica para diagnóstico precoce da TMF entre outubro de 2017 e março de 2018, e uma segunda fase de análise de dados recolhidos entre 2006 e 2016, através do protocolo laboratorial para estudo da TMF do VIH-1 e VIH-2. Os principais objetivos foram diagnosticar os casos de TMF e caracterizar molecularmente os vírus transmitidos da mãe ao recém-nascido durante a primeira fase do estudo, e na segunda fase, determinar a evolução das taxas anuais da TMF entre 2006-2016, caracterizar a população de acordo com dados epidemiológicos conhecidos e regimes de terapia antirretrovírica (TAR) de prevenção administrados, bem como analisar outros indicadores que podem influenciar a transmissão VIH da mãe ao filho. Entre outubro de 2017 e março de 2018 foi diagnosticado um caso de TMF do VIH-1 (CRF14_BG) e identificadas 4 mutações de resistência a inibidores da protease. Entre 2006 e 2016, a análise realizada a 2250 crianças estudadas mostrou uma variação de taxas de TMF do VIH entre um mínimo de 0,6% (em 2012) e um máximo de 3,8% (em 2015). A taxa global de TMF foi de 7,8% na população que não cumpriu medidas de TAR de prevenção e de 0,5% na que aderiu aos protocolos de prevenção (p=0,001). Apenas ocorreu um caso de TMF do VIH-2 (0,9%). A infeção materna por VIH-2 foi associada a mães de naturalidade africana (p=0,001), com média de idade (33,0 anos) e tempo médio de infeção (9,7 anos) superiores, comparativamente a mães infetadas por VIH-1. Em termos epidemiológicos verificou-se uma elevada proporção (38,4%) de crianças com ascendência africana, incluindo as crianças em risco de infecção por VIH-1. Observou-se que na maioria (86,9%) das crianças estudadas foi administrado zidovudina (AZT) como medida profilática, tendo-se verificado, a partir de 2011, uma redução na duração da profilaxia de 6 para 4 semanas. Durante todo o período de estudo, verificou-se que a maioria dos regimes TAR administrados na gravidez eram uma combinação de inibidores da transcriptase reversa com inibidores da protéase (69,8%), mas que nos últimos 4 anos se observou um aumento de casos com introdução de inibidores da integrase (4,5%). Porém, em 23,0% das crianças em risco de infeção VIH não foram cumpridas as medidas de prevenção na gravidez. Em 45,0% dos casos, não foi administrada TAR, em 43,6% iniciada tardiamente na gravidez e em 11,4% a toma foi irregular, verificando-se respectivamente nestes grupos que, 41,2%, 46,9% e 55,9% eram crianças de ascendência portuguesa. A transmissão do VIH-1 foi associada a ausência de TAR (p=0,001), a carga viral detetável na gravidez (p=0,001) e a uma contagem de células T CD4+ <350 células/mm3 (p=0,036). Estes resultados confirmam a importância da adesão às medidas de prevenção da TMF do VIH e enfatiza a importância do diagnóstico precoce em mulheres em idade fértil para permitir a intervenção preventiva atempada e evitar a transmissão do VIH. Rastreios pré-natais de VIH são componentes cruciais na prevenção da TMF, permitindo avaliar e monitorizar o estado clínico da mulher infetada e iniciar/ajustar os regimes antirretrovíricos para tratamento ou prevenção da TMF. Medidas concretas a implementar para a redução da elevada proporção de grávidas que não cumpre TAR de prevenção pode ser uma excelente estratégia a seguir e contribuir para a eliminação da via de TMF do VIH em Portugal.In 2017, the estimated infection with the Human Immunodeficiency Virus (HIV) was 1.8 million in children and teenagers, being the mother-to-child transmission (MTCT) the main source of infection in this population. Among other factors, the high mutation and recombination rates during viral replication result in a great genetic variability and diversity of HIV strains, interfering negatively with the effectiveness of therapy, the molecular diagnosis and the production of vaccines. Given that prevention measures have significantly reduced the rate of HIV MTCT to below 2%, the World Health Organization (WHO) recommended the continuous implementation of measures that contribute for the elimination of this route of transmission. The present dissertation had two approaches: a first experimental and technical phase for early diagnosis of MTCT between October 2017 and March 2018, and a second phase of analysis of the data collected between 2006 and 2016, applying the laboratory protocol for the study of HIV-1 and HIV-2 MTCT. The main objectives were to diagnose MTCT cases and to molecularly characterize the viruses transmitted from the mother to the newborn during the first phase of the study, and in the second phase, determine the evolution of the annual MTCT rates between 2006-2016, characterize the population, according to known epidemiological data and administered antiretroviral therapy (ART) regimens, as well as to analyze other indicators that may influence mother-to-child transmission of HIV. Between October 2017 and March 2018, a case of HIV-1 MTCT (CRF14_BG) was diagnosed and 4 resistance mutations against protease inhibitors were identified. Between 2006 and 2016, the analysis of 2250 children studied showed a variation of HIV MTCT rates between a minimum of 0,6% (in 2012) and a maximum of 3,8% (in 2015). The overall rate of MTCT was 7,8% in the population that did not comply with ART prevention measures and 0,5% for the population that followed the prevention protocols (p=0,001). Only one case of HIV-2 MTCT (0,9%) occurred. Maternal HIV-2 infection was associated with mothers of African origin (p=0,001), which presented a higher mean age (33,0 years) and mean time to infection (9,7 years) when compared with HIV-1 infected mothers. In epidemiological terms, it was found a high proportion (38,4%) of children with African ancestry, including the children at risk of HIV-1 infection. It was observed that in the majority (86,9%) of the studied children, zidovudine (ZDV) was administered as a prophylactic measure, and from 2011, it was observed a reduction in the duration of prophylaxis from 6 to 4 weeks. Throughout the study period, most of the ART regimens administered in pregnancy were a combination of reverse transcriptase inhibitors with protease inhibitors (69,8%), but in the last 4 years it was observed an increase in regimens with integrase inhibitors (4,5%). However, for 23,0% of children at risk of HIV infection, the prevention measures were not carried out in pregnancy. In 45,0% of the cases, ART was not administered, in 43,6% the patients started ART late in pregnancy and in 11,4% the implementation was irregular, being verified in these groups that 41,2%, 46,9% and 55,9%, respectively, were children with Portuguese ancestry. HIV-1 transmission was associated with absence of ART (p=0,001), detectable viral load (p=0,001), and CD4 cell count <350 cells/mm3 (p=0,036). These results confirm the importance of adherence to measures for prevention of MTCT of HIV and emphasize the importance of early diagnosis in women at fertile ages to allow timely preventive intervention and to avoid HIV transmission. Prenatal HIV screenings are crucial components for the prevention of MTCT, allowing an assess and monitoring of the clinical status of the infected woman and to initiate/adjust antiretroviral regimens for treatment or prevention of MTCT. Implementing concrete measures to reduce the high proportion of pregnant women who do not comply with ART prevention can be an excellent strategy to follow and contribute for the elimination of MTCT of HIV in Portugal.Pádua, ElizabethRebelo, Maria Teresa Ferreira Ramos Nabais de Oliveira,1964-Repositório da Universidade de LisboaMendes, Gabriel Fernandes2021-10-25T00:30:19Z201820182018-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/36286TID:202186687porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:32:50Zoai:repositorio.ul.pt:10451/36286Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:50:34.706343Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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