Psicose Pós-Parto

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Vítor Hugo Jesus
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/10794
Resumo: Introdução: Certos momentos na História ajudam-nos a perceber a progressão crescente de conhecimento acerca das patologias psiquiátricas perinatais e a entender o rumo da nosologia e classificação psiquiátrica das doenças do puerpério. A noção de que existe uma relação entre o parto e o início de doença psiquiátrica é uma ideia que remonta até o tempo de Hipócrates e a Grécia Antiga. A psicose pós-parto caracteriza-se por alucinações, delírios e angústias paranoides e surge nas duas primeiras semanas após o parto. Com prevalência de 2-4/1000, consiste numa patologia grave, para a mãe e para o bebé, por estar associada a um risco acrescido de evoluções ou progressões catastróficas como suicídio ou infanticídio. Na gravidez vários fatores de risco, tais como vivências infantis traumáticas, depressão materna, violência doméstica, consumo excessivo de álcool, toxicodependência e gravidez na adolescência, podem comprometer as capacidades parentais e o desenvolvimento da criança. Sendo este um período crítico e decisivo para a saúde da mãe e do bebé, importa detetar certas situações de risco acrescido, nomeadamente a psicose pós-parto, e intervir precocemente. A abordagem desta entidade deve assentar numa identificação precoce e intervenção atempada, com o maior perfil de segurança possível para o agregado familiar no seu todo. O regime de tratamento deverá ser um regime intensivo em consulta da especialidade e de internamento e a terapêutica farmacológica deverá consistir em benzodiazepinas, antipsicóticos, lítio e eletroconvulsivoterapia, sem descurar o papel da psicoterapia. Várias patologias podem estar associadas ao quadro de psicose pós-parto, mas nenhuma tem uma ligação tão forte à mesma quanto a doença bipolar. Vários estudos sugerem uma associação entre estas duas entidades e inclusive descrevem a psicose pós-parto como um valioso indicador de diagnóstico subjacente de doença bipolar. É importante fazer uma avaliação integral do estado de saúde das grávidas, no sentido de identificar e tratar situações de risco acrescido. Para a conceptualização de morbimortalidade materna e do recém-nascido associada à psicose pós-parto, torna-se fundamental avaliar a sua severidade, ocorrência e timing, assim como o seu impacto e possíveis consequências para a saúde familiar a longo prazo. Metodologia: Na elaboração desta revisão da literatura efetuou-se uma pesquisa bibliográfica na base de dados da Medline (www.pubmed.com), Clinical key, Google e Google Scholar, Elsevier e Springer na área de neuro-psiquiatria e em artigos de revistas científicas da especialidade. Objetivos: Este trabalho tem como objetivos reunir e sintetizar a informação atual sobre psicose pós-parto, relacionar a psicose pós-parto com a morbilidade materna e saúde do recém-nascido e identificar pontos chaves no conhecimento descrito, no sentido de assegurar e melhorar o acompanhamento e monitorização da mãe e do recém-nascido. Conclusão: A psicose pós-parto pode fazer parte de uma doença crónica ou ocorrer sob a forma de um episódio isolado ou inaugural. Devido à sua evolução e associação com a doença bipolar, mulheres com quadros de mania, hipomania, depressão psicótica, ou com uma perturbação psicótica, devem ser corretamente rastreadas, instruídas e monitorizadas durante as primeiras semanas do pós-parto. O tratamento farmacológico é sempre necessário, mas o suporte familiar e psicossocial são fundamentais na recuperação em doentes com PP, tendo em conta os fatores sociais implicados, as comorbilidades, a gravidade da doença e o risco de suicídio e infanticídio.
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Na gravidez vários fatores de risco, tais como vivências infantis traumáticas, depressão materna, violência doméstica, consumo excessivo de álcool, toxicodependência e gravidez na adolescência, podem comprometer as capacidades parentais e o desenvolvimento da criança. Sendo este um período crítico e decisivo para a saúde da mãe e do bebé, importa detetar certas situações de risco acrescido, nomeadamente a psicose pós-parto, e intervir precocemente. A abordagem desta entidade deve assentar numa identificação precoce e intervenção atempada, com o maior perfil de segurança possível para o agregado familiar no seu todo. O regime de tratamento deverá ser um regime intensivo em consulta da especialidade e de internamento e a terapêutica farmacológica deverá consistir em benzodiazepinas, antipsicóticos, lítio e eletroconvulsivoterapia, sem descurar o papel da psicoterapia. Várias patologias podem estar associadas ao quadro de psicose pós-parto, mas nenhuma tem uma ligação tão forte à mesma quanto a doença bipolar. Vários estudos sugerem uma associação entre estas duas entidades e inclusive descrevem a psicose pós-parto como um valioso indicador de diagnóstico subjacente de doença bipolar. É importante fazer uma avaliação integral do estado de saúde das grávidas, no sentido de identificar e tratar situações de risco acrescido. Para a conceptualização de morbimortalidade materna e do recém-nascido associada à psicose pós-parto, torna-se fundamental avaliar a sua severidade, ocorrência e timing, assim como o seu impacto e possíveis consequências para a saúde familiar a longo prazo. Metodologia: Na elaboração desta revisão da literatura efetuou-se uma pesquisa bibliográfica na base de dados da Medline (www.pubmed.com), Clinical key, Google e Google Scholar, Elsevier e Springer na área de neuro-psiquiatria e em artigos de revistas científicas da especialidade. Objetivos: Este trabalho tem como objetivos reunir e sintetizar a informação atual sobre psicose pós-parto, relacionar a psicose pós-parto com a morbilidade materna e saúde do recém-nascido e identificar pontos chaves no conhecimento descrito, no sentido de assegurar e melhorar o acompanhamento e monitorização da mãe e do recém-nascido. Conclusão: A psicose pós-parto pode fazer parte de uma doença crónica ou ocorrer sob a forma de um episódio isolado ou inaugural. Devido à sua evolução e associação com a doença bipolar, mulheres com quadros de mania, hipomania, depressão psicótica, ou com uma perturbação psicótica, devem ser corretamente rastreadas, instruídas e monitorizadas durante as primeiras semanas do pós-parto. O tratamento farmacológico é sempre necessário, mas o suporte familiar e psicossocial são fundamentais na recuperação em doentes com PP, tendo em conta os fatores sociais implicados, as comorbilidades, a gravidade da doença e o risco de suicídio e infanticídio.Introduction: Some moments in History help us understand the increasing progression of knowledge of perinatal psychiatric disorders and the course of nosology and psychiatric classification of the disorders of the puerperium. The idea that there is a relation between delivery and the onset of psychiatric disorders is a concept that goes back to the Ancient Greeks and Hippocrates. Postpartum psychosis is characterized by hallucinations, delusions and paranoid anguish in the first two weeks following delivery. With a prevalence of 2-4/1000, it consists in a serious disorder, for the mother and the baby, by being associated to an increased risk of catastrophic events, such as suicide or infanticide. In pregnancy, several risk factors, as traumatic child experiences, maternal depression, domestic violence, alcohol abuse, toxic dependency and teenage pregnancy, may compromise parental capabilities and child development. Being a critical and decisive period for mental health of both baby and mother, it’s important to detect certain situations of risk and intervene early. The approach towards this entity must rely on an early identification and a timely intervention, with the highest possible safety profile for the family. The therapeutic regime should be conducted through specialized care and impatient care, and the pharmacological options should consist in benzodiazepines, antipsychotics, lithium and electroconvulsive therapy, with no neglect of psychotherapy. Several conditions may be associated with post-partum psychosis, but none of them has such a strong link as bipolar disorder. Several studies suggest an association between these two entities and even describe post-partum psychosis as a valuable indicator of underlying diagnosis of bipolar disorder. It is important to evaluate fully the health status of pregnant women, in order to identify and treat these situations of increased risk. For the conceptualization of maternal and newborn morbimortality associated to post-partum psychosis, it is crucial to evaluate its severity, occurrence, and timing as well as its impact and future consequences for the family’s health in the long term. Methodology: In the making of this literature revision, a bibliographic research was made on Medline’s (www.pubmed.com), Clinical key’s, Google and Google Scholar’s, Elsevier’s and Springer’s data bases, and in scientific papers in the field of neuropsychiatry. Objectives: This essay’s objectives are to gather and synthetize current information about postpartum psychosis, to relate postpartum psychosis with maternal morbidity and newborn’s health and to identify key points in stated knowledge in order to improve and assure adequate monitoring and improve maternal health and newborn’s health. Conclusion: Post-partum psychosis can present itself as a single episode or as part of a chronic disorder. Due to its course and association with bipolar disorder, women who present with mania, hypomania, psychotic depression or a psychotic disorder, should be correctly screened, educated and monitored during the first weeks of the puerperium. Pharmacological treatment is always necessary, however psychosocial and family support are essential in the recovery of patients with PP, considering the social factors involved, the comorbidities, severity of the disorder and risk of suicide and infanticide.Almeida, Silvia Alexandra Albuquerque e CastrouBibliorumSantos, Vítor Hugo Jesus2020-12-17T16:45:38Z2020-07-022020-05-132020-07-02T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/10794TID:202549240porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:52:47Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/10794Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:50:40.232063Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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