Uma visão periegemática sobre a écfrase

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Martins, Paulo
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online)
Texto Completo: https://revista.classica.org.br/classica/article/view/425
Resumo: Opero neste artigo três objetivos. Primeiramente, ofereço um panorama sobre a teorização antiga e moderna da écfrase, apresentando elementos que a caracterizam como procedimento retórico-poético a serviço da elocução e da argumentação, ou modernamente a serviço da descrição de uma obra artística – Kunstbeschreibung. Em segundo lugar, apresento como as écfrases, em seu matiz antigo, podem ser apresentadas ora como um elemento da narração que a contém como narrativa – interventive ekphrasis de acordo com Elsner (2002) –, operando especificidades intrínsecas como procedimento contido num gênero continente e a ele subordinado; ora como essas podem apresentar características extrínsecas, como gênero independente, autônomo e isolado em que não estão sujeitas à subordinação argumentativa ou figurativa do gênero, já que são self-standing. O terceiro objetivo, corolário dos dois iniciais, é extrair da observação desses dois tipos de écfrase aquela que serve a um gênero – a que chamo hipotática – e aquela que pode ser entendida como gênero – a que nomeio como paratática –, como suas séries históricas, dependentes de um gênero que as contenha, ou dele independentes, engendram sentidos que podem ser articulados e aferidos a partir de um todo unificador que pode ser, por exemplo, a série de escudos (Homero, Hesíodo, Virgílio, Sílio Itálico) ou a série de descrições presentes numa coleção de écfrases, imagines ou εἰκόνες, (de Filóstrato, o velho e o jovem, e Calístrato) que devem ser observadas em conjunto a formar um todo. Em ambos os casos, uma τάξις ou ordo, acredito, imprime às peças particulares sentidos advindos de uma sintaxe “extra ou intragenérica”, que lhes confere sentido próprio.
id SBEC_2a97b4173a566ac0356b052c7eab4fe4
oai_identifier_str oai:ojs.emnuvens.com.br:article/425
network_acronym_str SBEC
network_name_str Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online)
repository_id_str
spelling Uma visão periegemática sobre a écfraseVisualidadeécfraseenargiaProgymnásmataretóricapoética.Opero neste artigo três objetivos. Primeiramente, ofereço um panorama sobre a teorização antiga e moderna da écfrase, apresentando elementos que a caracterizam como procedimento retórico-poético a serviço da elocução e da argumentação, ou modernamente a serviço da descrição de uma obra artística – Kunstbeschreibung. Em segundo lugar, apresento como as écfrases, em seu matiz antigo, podem ser apresentadas ora como um elemento da narração que a contém como narrativa – interventive ekphrasis de acordo com Elsner (2002) –, operando especificidades intrínsecas como procedimento contido num gênero continente e a ele subordinado; ora como essas podem apresentar características extrínsecas, como gênero independente, autônomo e isolado em que não estão sujeitas à subordinação argumentativa ou figurativa do gênero, já que são self-standing. O terceiro objetivo, corolário dos dois iniciais, é extrair da observação desses dois tipos de écfrase aquela que serve a um gênero – a que chamo hipotática – e aquela que pode ser entendida como gênero – a que nomeio como paratática –, como suas séries históricas, dependentes de um gênero que as contenha, ou dele independentes, engendram sentidos que podem ser articulados e aferidos a partir de um todo unificador que pode ser, por exemplo, a série de escudos (Homero, Hesíodo, Virgílio, Sílio Itálico) ou a série de descrições presentes numa coleção de écfrases, imagines ou εἰκόνες, (de Filóstrato, o velho e o jovem, e Calístrato) que devem ser observadas em conjunto a formar um todo. Em ambos os casos, uma τάξις ou ordo, acredito, imprime às peças particulares sentidos advindos de uma sintaxe “extra ou intragenérica”, que lhes confere sentido próprio.Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)2016-12-30info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://revista.classica.org.br/classica/article/view/42510.24277/classica.v29i2.425Classica; Vol. 29 No. 2 (2016); 163-204Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos; v. 29 n. 2 (2016); 163-2042176-64360103-431610.24277/classica.v29i2reponame:Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online)instname:Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)instacron:SBECporhttps://revista.classica.org.br/classica/article/view/425/373Copyright (c) 2017 Paulo Martinsinfo:eu-repo/semantics/openAccessMartins, Paulo2018-02-07T17:53:57Zoai:ojs.emnuvens.com.br:article/425Revistahttps://revista.classica.org.br/classicaPUBhttps://revista.classica.org.br/classica/oaieditor@classica.org.br||revistaclassica@classica.org.br2176-64360103-4316opendoar:2018-02-07T17:53:57Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online) - Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)false
dc.title.none.fl_str_mv Uma visão periegemática sobre a écfrase
title Uma visão periegemática sobre a écfrase
spellingShingle Uma visão periegemática sobre a écfrase
Martins, Paulo
Visualidade
écfrase
enargia
Progymnásmata
retórica
poética.
title_short Uma visão periegemática sobre a écfrase
title_full Uma visão periegemática sobre a écfrase
title_fullStr Uma visão periegemática sobre a écfrase
title_full_unstemmed Uma visão periegemática sobre a écfrase
title_sort Uma visão periegemática sobre a écfrase
author Martins, Paulo
author_facet Martins, Paulo
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Martins, Paulo
dc.subject.por.fl_str_mv Visualidade
écfrase
enargia
Progymnásmata
retórica
poética.
topic Visualidade
écfrase
enargia
Progymnásmata
retórica
poética.
description Opero neste artigo três objetivos. Primeiramente, ofereço um panorama sobre a teorização antiga e moderna da écfrase, apresentando elementos que a caracterizam como procedimento retórico-poético a serviço da elocução e da argumentação, ou modernamente a serviço da descrição de uma obra artística – Kunstbeschreibung. Em segundo lugar, apresento como as écfrases, em seu matiz antigo, podem ser apresentadas ora como um elemento da narração que a contém como narrativa – interventive ekphrasis de acordo com Elsner (2002) –, operando especificidades intrínsecas como procedimento contido num gênero continente e a ele subordinado; ora como essas podem apresentar características extrínsecas, como gênero independente, autônomo e isolado em que não estão sujeitas à subordinação argumentativa ou figurativa do gênero, já que são self-standing. O terceiro objetivo, corolário dos dois iniciais, é extrair da observação desses dois tipos de écfrase aquela que serve a um gênero – a que chamo hipotática – e aquela que pode ser entendida como gênero – a que nomeio como paratática –, como suas séries históricas, dependentes de um gênero que as contenha, ou dele independentes, engendram sentidos que podem ser articulados e aferidos a partir de um todo unificador que pode ser, por exemplo, a série de escudos (Homero, Hesíodo, Virgílio, Sílio Itálico) ou a série de descrições presentes numa coleção de écfrases, imagines ou εἰκόνες, (de Filóstrato, o velho e o jovem, e Calístrato) que devem ser observadas em conjunto a formar um todo. Em ambos os casos, uma τάξις ou ordo, acredito, imprime às peças particulares sentidos advindos de uma sintaxe “extra ou intragenérica”, que lhes confere sentido próprio.
publishDate 2016
dc.date.none.fl_str_mv 2016-12-30
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://revista.classica.org.br/classica/article/view/425
10.24277/classica.v29i2.425
url https://revista.classica.org.br/classica/article/view/425
identifier_str_mv 10.24277/classica.v29i2.425
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://revista.classica.org.br/classica/article/view/425/373
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2017 Paulo Martins
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2017 Paulo Martins
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)
publisher.none.fl_str_mv Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)
dc.source.none.fl_str_mv Classica; Vol. 29 No. 2 (2016); 163-204
Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos; v. 29 n. 2 (2016); 163-204
2176-6436
0103-4316
10.24277/classica.v29i2
reponame:Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online)
instname:Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)
instacron:SBEC
instname_str Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)
instacron_str SBEC
institution SBEC
reponame_str Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online)
collection Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online)
repository.name.fl_str_mv Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online) - Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)
repository.mail.fl_str_mv editor@classica.org.br||revistaclassica@classica.org.br
_version_ 1797239837847191552