Comunidades remanescentes de quilombos: da escravatura à disputa contemporânea por seus territórios

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Torres, Paulo Rosa
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UCSAL
Texto Completo: http://ri.ucsal.br:8080/jspui/handle/prefix/1536
Resumo: O presente trabalho diz respeito à questão dos territórios tradicionais das comunidades remanescentes de quilombos e seu processo histórico de formação, organização e resistência. O trajeto histórico percorre do surgimento da escravatura na história das sociedades antigas até as contemporâneas, explicitando os processos de legitimação legal, religiosa, filosófica. A escravização africana no Brasil, o processo de exploração, as resistências dos escravizados, suas formas de organização e de lutas por liberdade e condições de vida compõem o nexo explicativo desta tese, discutindo o racismo como elemento fundante da escravidão aqui implantada e a dificuldade por parte da sociedade e do Estado brasileiro em reconhecer a existência de remanescentes de quilombos. Nesse propósito, procedeu-se intensa pesquisa bibliográfica sobre o longo período estudado na história geral e brasileira, demonstrando que o direito em suas várias formas de manifestação está presente em todo o período escravagista, legitimando o racismo étnico e institucional, e a propriedade, que tem como extremo, a apropriação de outro ser humano. Foi procedido levantamento de legislação antiga, medieval, moderna e contemporânea, além de vasta literatura acompanhando cada uma dessas fases, o que possibilitou fundamentar a tese de que enquanto perdurarem as várias formas de discriminação, a concentração da terra e o racismo institucional, jamais será possível a efetiva titulação dos territórios tradicionais das comunidades remanescentes de quilombos, uma vez que há um combate sistemático aos direitos dessas comunidades, seja para revogação da legislação protetiva, seja para criar mecanismos burocráticos que dificultem ou impeçam a efetivação dos direitos quilombolas. Como procedimento metodológico, foi adotado o método dedutivo como possibilidade de compreender a gênese da escravatura, dos seus primórdios a abolição em 1888 e o surgimento e afirmação das comunidades quilombolas contemporaneamente. Nesse percurso foram identificadas três características presentes nas classes dominantes, que acompanham todo o processo de escravização, de abolição e de reconhecimento/negação dos direitos dos remanescentes de quilombos: o racismo, o patrimonialismo e o patriarcalismo, que ficam evidentes na distância abismal entre o número de comunidades existentes, o número de comunidades certificadas, o número de processos instaurados comparados ao de títulos expedidos, em contraposição às lutas históricas e atuais dessas comunidades por reconhecimento, visibilidade e o direito a seus territórios tradicionais.
id UCSAL-1_dadb68f5e379f1e83908fde944d4953c
oai_identifier_str oai:magneto.ucsal.br:prefix/1536
network_acronym_str UCSAL-1
network_name_str Repositório Institucional da UCSAL
repository_id_str
spelling 2020-04-28T12:29:00Z2020-04-282020-04-28T12:29:00Z2020-03-13http://ri.ucsal.br:8080/jspui/handle/prefix/1536O presente trabalho diz respeito à questão dos territórios tradicionais das comunidades remanescentes de quilombos e seu processo histórico de formação, organização e resistência. O trajeto histórico percorre do surgimento da escravatura na história das sociedades antigas até as contemporâneas, explicitando os processos de legitimação legal, religiosa, filosófica. A escravização africana no Brasil, o processo de exploração, as resistências dos escravizados, suas formas de organização e de lutas por liberdade e condições de vida compõem o nexo explicativo desta tese, discutindo o racismo como elemento fundante da escravidão aqui implantada e a dificuldade por parte da sociedade e do Estado brasileiro em reconhecer a existência de remanescentes de quilombos. Nesse propósito, procedeu-se intensa pesquisa bibliográfica sobre o longo período estudado na história geral e brasileira, demonstrando que o direito em suas várias formas de manifestação está presente em todo o período escravagista, legitimando o racismo étnico e institucional, e a propriedade, que tem como extremo, a apropriação de outro ser humano. Foi procedido levantamento de legislação antiga, medieval, moderna e contemporânea, além de vasta literatura acompanhando cada uma dessas fases, o que possibilitou fundamentar a tese de que enquanto perdurarem as várias formas de discriminação, a concentração da terra e o racismo institucional, jamais será possível a efetiva titulação dos territórios tradicionais das comunidades remanescentes de quilombos, uma vez que há um combate sistemático aos direitos dessas comunidades, seja para revogação da legislação protetiva, seja para criar mecanismos burocráticos que dificultem ou impeçam a efetivação dos direitos quilombolas. Como procedimento metodológico, foi adotado o método dedutivo como possibilidade de compreender a gênese da escravatura, dos seus primórdios a abolição em 1888 e o surgimento e afirmação das comunidades quilombolas contemporaneamente. Nesse percurso foram identificadas três características presentes nas classes dominantes, que acompanham todo o processo de escravização, de abolição e de reconhecimento/negação dos direitos dos remanescentes de quilombos: o racismo, o patrimonialismo e o patriarcalismo, que ficam evidentes na distância abismal entre o número de comunidades existentes, o número de comunidades certificadas, o número de processos instaurados comparados ao de títulos expedidos, em contraposição às lutas históricas e atuais dessas comunidades por reconhecimento, visibilidade e o direito a seus territórios tradicionais.The present work concerns the question of the traditional territories of the remaining quilombo communities and their historical process of formation, organization and resistance. The historical path goes from the emergence of slavery in the history of ancient societies to contemporary ones, explaining the processes of legal, religious, philosophical legitimation. African enslavement in Brazil, the process of exploitation, the resistance of the enslaved, their forms of organization and struggles for freedom and living conditions make up the explanatory nexus of this thesis, discussing racism as a founding element of the slavery implanted here and the difficulty for part of society and the Brazilian State to recognize the existence of quilombos remnants. In this regard, intense bibliographic research was carried out on the long period studied in general and Brazilian history, demonstrating that the law in its various forms of manifestation is present throughout the slavery period, legitimizing ethnic and institutional racism, and property, which its extreme is the appropriation of another human being. A survey of ancient, medieval, modern and contemporary legislation was carried out, in addition to a vast literature accompanying each of these phases, which made it possible to substantiate the thesis that as long as the various forms of discrimination persist, land concentration and institutional racism will never be the effective titling of the traditional territories of the remaining quilombo communities is possible, since there is a systematic fight against the rights of these communities, either to revoke the protective legislation, or to create bureaucratic mechanisms that hinder or prevent the realization of quilombola rights. As a methodological procedure, the deductive method was adopted as a possibility to understand the genesis of slavery, from its beginnings to abolition in 1888 and the emergence and affirmation of quilombola communities at the same time. Along this route, three characteristics present in the ruling classes were identified, which accompany the entire process of enslavement, abolition and recognition / denial of the rights of the remaining quilombos: racism, patrimonialism and patriarchalism, which are evident in the abysmal distance between the number of existing communities, the number of certified communities, the number of lawsuits filed compared to issued titles, in contrast to the historic and current struggles of these communities for recognition, visibility and the right to their traditional territories.Submitted by Rosemary Magalhães (rosemary.magalhaes@ucsal.br) on 2020-04-28T12:28:14Z No. of bitstreams: 1 TESEPAULOTORRES.pdf: 1314602 bytes, checksum: f7a42de2e2fd4e4f68042f2e2225a916 (MD5)Approved for entry into archive by Rosemary Magalhães (rosemary.magalhaes@ucsal.br) on 2020-04-28T12:29:00Z (GMT) No. of bitstreams: 1 TESEPAULOTORRES.pdf: 1314602 bytes, checksum: f7a42de2e2fd4e4f68042f2e2225a916 (MD5)Made available in DSpace on 2020-04-28T12:29:00Z (GMT). No. of bitstreams: 1 TESEPAULOTORRES.pdf: 1314602 bytes, checksum: f7a42de2e2fd4e4f68042f2e2225a916 (MD5) Previous issue date: 2020-03-13porUniversidade Católica do SalvadorPlanejamento Territorial e Desenvolvimento SocialUCSALBrasilPró-Reitoria de Pesquisa e Pós-GraduaçãoPlanejamento Urbano e Regional/DemografiaTerritorialização e Desenvolvimento SocialRemanescenteQuilombosResistênciaRacismoTerritórios tradicionaisTitulaçãoRemainingResistenceRacismTraditional territoriesTitrationComunidades remanescentes de quilombos: da escravatura à disputa contemporânea por seus territóriosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisAlencar, Cristina Maria Macêdo dehttp://lattes.cnpq.br/Ribeiro, Ana Maria Mottahttp://lattes.cnpq.brFreitas, Carlos Eduardo Soareshttp://lattes.cnpq.brVasconcelos, Pedro de Almeidahttp://lattes.cnpq.brCunha, Sílvio Humberto dos Passoshttp://lattes.cnpq.brhttp://lattes.cnpq.br/Torres, Paulo Rosainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UCSALinstname:Universidade Católica de Salvador (UCSAL)instacron:UCSALLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81866http://ri.ucsal.br:8080/bitstream/prefix/1536/2/license.txt43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9bMD52ORIGINALTESEPAULOTORRES.pdfTESEPAULOTORRES.pdfapplication/pdf1314602http://ri.ucsal.br:8080/bitstream/prefix/1536/1/TESEPAULOTORRES.pdff7a42de2e2fd4e4f68042f2e2225a916MD51prefix/15362020-04-28 09:30:12.364oai:magneto.ucsal.br:prefix/1536TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50YcOnw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhLCB2b2PDqiAobyBhdXRvciAoZXMpIG91IG8gdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IpIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIApJbnN0aXR1Y2lvbmFsIG8gZGlyZWl0byBuw6NvLWV4Y2x1c2l2byBkZSByZXByb2R1emlyLCAgdHJhZHV6aXIgKGNvbmZvcm1lIGRlZmluaWRvIGFiYWl4byksIGUvb3UgZGlzdHJpYnVpciBhIApzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIApmb3JtYXRvcyDDoXVkaW8gb3UgdsOtZGVvLgoKVm9jw6ogY29uY29yZGEgcXVlIG8gRGVwb3NpdGEgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBwYXJhIHF1YWxxdWVyIG1laW8gb3UgZm9ybWF0byAKcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIERlcG9zaXRhIHBvZGUgbWFudGVyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBiYWNrLXVwIAplIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9jw6ogdGVtIG8gcG9kZXIgZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EuIApWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgCmRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY8OqIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgCm9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3PDo28gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciBhbyBEZXBvc2l0YSBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgCm5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLCBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3TDoSBjbGFyYW1lbnRlIGlkZW50aWZpY2FkbyBlIHJlY29uaGVjaWRvIG5vIHRleHRvIApvdSBubyBjb250ZcO6ZG8gZGEgcHVibGljYcOnw6NvIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0HDh8ODTyBPUkEgREVQT1NJVEFEQSBURU5IQSBTSURPIFJFU1VMVEFETyBERSBVTSBQQVRST0PDjU5JTyBPVSBBUE9JTyBERSBVTUEgQUfDik5DSUEgREUgRk9NRU5UTyBPVSBPVVRSTyAKT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgCkVYSUdJREFTIFBPUiBDT05UUkFUTyBPVSBBQ09SRE8uCgpPIERlcG9zaXRhIHNlIGNvbXByb21ldGUgYSBpZGVudGlmaWNhciBjbGFyYW1lbnRlIG8gc2V1IG5vbWUgKHMpIG91IG8ocykgbm9tZShzKSBkbyhzKSBkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIAphdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de Publicaçõeshttp://ri.ucsal.br:8080/oai/requestopendoar:2020-04-28T12:30:12Repositório Institucional da UCSAL - Universidade Católica de Salvador (UCSAL)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Comunidades remanescentes de quilombos: da escravatura à disputa contemporânea por seus territórios
title Comunidades remanescentes de quilombos: da escravatura à disputa contemporânea por seus territórios
spellingShingle Comunidades remanescentes de quilombos: da escravatura à disputa contemporânea por seus territórios
Torres, Paulo Rosa
Planejamento Urbano e Regional/Demografia
Territorialização e Desenvolvimento Social
Remanescente
Quilombos
Resistência
Racismo
Territórios tradicionais
Titulação
Remaining
Resistence
Racism
Traditional territories
Titration
title_short Comunidades remanescentes de quilombos: da escravatura à disputa contemporânea por seus territórios
title_full Comunidades remanescentes de quilombos: da escravatura à disputa contemporânea por seus territórios
title_fullStr Comunidades remanescentes de quilombos: da escravatura à disputa contemporânea por seus territórios
title_full_unstemmed Comunidades remanescentes de quilombos: da escravatura à disputa contemporânea por seus territórios
title_sort Comunidades remanescentes de quilombos: da escravatura à disputa contemporânea por seus territórios
author Torres, Paulo Rosa
author_facet Torres, Paulo Rosa
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Alencar, Cristina Maria Macêdo de
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Ribeiro, Ana Maria Motta
dc.contributor.referee1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Freitas, Carlos Eduardo Soares
dc.contributor.referee2Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Vasconcelos, Pedro de Almeida
dc.contributor.referee3Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Cunha, Sílvio Humberto dos Passos
dc.contributor.referee4Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/
dc.contributor.author.fl_str_mv Torres, Paulo Rosa
contributor_str_mv Alencar, Cristina Maria Macêdo de
Ribeiro, Ana Maria Motta
Freitas, Carlos Eduardo Soares
Vasconcelos, Pedro de Almeida
Cunha, Sílvio Humberto dos Passos
dc.subject.cnpq.fl_str_mv Planejamento Urbano e Regional/Demografia
Territorialização e Desenvolvimento Social
topic Planejamento Urbano e Regional/Demografia
Territorialização e Desenvolvimento Social
Remanescente
Quilombos
Resistência
Racismo
Territórios tradicionais
Titulação
Remaining
Resistence
Racism
Traditional territories
Titration
dc.subject.por.fl_str_mv Remanescente
Quilombos
Resistência
Racismo
Territórios tradicionais
Titulação
Remaining
Resistence
Racism
Traditional territories
Titration
description O presente trabalho diz respeito à questão dos territórios tradicionais das comunidades remanescentes de quilombos e seu processo histórico de formação, organização e resistência. O trajeto histórico percorre do surgimento da escravatura na história das sociedades antigas até as contemporâneas, explicitando os processos de legitimação legal, religiosa, filosófica. A escravização africana no Brasil, o processo de exploração, as resistências dos escravizados, suas formas de organização e de lutas por liberdade e condições de vida compõem o nexo explicativo desta tese, discutindo o racismo como elemento fundante da escravidão aqui implantada e a dificuldade por parte da sociedade e do Estado brasileiro em reconhecer a existência de remanescentes de quilombos. Nesse propósito, procedeu-se intensa pesquisa bibliográfica sobre o longo período estudado na história geral e brasileira, demonstrando que o direito em suas várias formas de manifestação está presente em todo o período escravagista, legitimando o racismo étnico e institucional, e a propriedade, que tem como extremo, a apropriação de outro ser humano. Foi procedido levantamento de legislação antiga, medieval, moderna e contemporânea, além de vasta literatura acompanhando cada uma dessas fases, o que possibilitou fundamentar a tese de que enquanto perdurarem as várias formas de discriminação, a concentração da terra e o racismo institucional, jamais será possível a efetiva titulação dos territórios tradicionais das comunidades remanescentes de quilombos, uma vez que há um combate sistemático aos direitos dessas comunidades, seja para revogação da legislação protetiva, seja para criar mecanismos burocráticos que dificultem ou impeçam a efetivação dos direitos quilombolas. Como procedimento metodológico, foi adotado o método dedutivo como possibilidade de compreender a gênese da escravatura, dos seus primórdios a abolição em 1888 e o surgimento e afirmação das comunidades quilombolas contemporaneamente. Nesse percurso foram identificadas três características presentes nas classes dominantes, que acompanham todo o processo de escravização, de abolição e de reconhecimento/negação dos direitos dos remanescentes de quilombos: o racismo, o patrimonialismo e o patriarcalismo, que ficam evidentes na distância abismal entre o número de comunidades existentes, o número de comunidades certificadas, o número de processos instaurados comparados ao de títulos expedidos, em contraposição às lutas históricas e atuais dessas comunidades por reconhecimento, visibilidade e o direito a seus territórios tradicionais.
publishDate 2020
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2020-04-28T12:29:00Z
dc.date.available.fl_str_mv 2020-04-28
2020-04-28T12:29:00Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2020-03-13
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://ri.ucsal.br:8080/jspui/handle/prefix/1536
url http://ri.ucsal.br:8080/jspui/handle/prefix/1536
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Católica do Salvador
dc.publisher.program.fl_str_mv Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social
dc.publisher.initials.fl_str_mv UCSAL
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
publisher.none.fl_str_mv Universidade Católica do Salvador
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UCSAL
instname:Universidade Católica de Salvador (UCSAL)
instacron:UCSAL
instname_str Universidade Católica de Salvador (UCSAL)
instacron_str UCSAL
institution UCSAL
reponame_str Repositório Institucional da UCSAL
collection Repositório Institucional da UCSAL
bitstream.url.fl_str_mv http://ri.ucsal.br:8080/bitstream/prefix/1536/2/license.txt
http://ri.ucsal.br:8080/bitstream/prefix/1536/1/TESEPAULOTORRES.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv 43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9b
f7a42de2e2fd4e4f68042f2e2225a916
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UCSAL - Universidade Católica de Salvador (UCSAL)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1767328125556883456