“A GALERA ENCOSTADA NA PAREDE COM A MÃO PRO ALTO E OS CARAS APLICANDO BALA DE BORRACHA” – A TENTATIVA DE RESISTÊNCIA À REPRESSÃO POLICIAL E AS CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS DE UMA MANIFESTANTE DE JUNHO DE 2013

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: de Araújo, Etyelle Pinheiro
Data de Publicação: 2019
Outros Autores: Bastos, Liliana Cabral, Biar, Liana de Andrade
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Linguagem em Foco (Online)
Texto Completo: https://revistas.uece.br/index.php/linguagememfoco/article/view/1550
Resumo: Este artigo investiga a relação entre as identidades que uma manifestante de junho de 2013, no Rio de Janeiro, reivindica para si e os episódios de violência policial ocorridos durante os protestos. Tais episódios se iniciaram após o aumento da tarifa de transporte. Compreendemos essas manifestações como parte dos movimentos que se espalharam pelo mundo a partir de 2011, tendo a crise da representatividade como importante motivação para a indignação (CASTELLS, 2013). Nos alinhamos à Análise de Narrativa (BASTOS 2005) e à metodologia qualitativa interpretativista de pesquisa (DENZIN e LINCOLN, 2000), com uma dimensão autoetnográfica (REED-DANAHAY, 2001). Os dados foram gerados em entrevistas com uma manifestante presente no período estudado. Partindo do modelo laboviano, identificamos as narrativas e os elementos que a manifestante torna relevante nas avaliações que faz. A análise foi orientada pela visão socioconstrucionista do discurso e das identidades (MOITA LOPES, 2003). Como resultado da análise, percebemos que a manifestante reivindica identidades que a projetam numa luz favorável, como uma ativista que faz parte da ‘galera da resistência’, porque resiste e permanece nas ruas apesar da repressão policial. Destacamos, também, o conjunto de ações complicadoras que colaboram para a sua construção como heroína, uma vez que ajudou várias pessoas a escapar da repressão policial. Partindo da noção de choque moral (JASPER, 1997), observamos que essas construções identitárias são marcadas por avaliações (LABOV, 1972) que expressam como essa manifestante entende que o choque produzido pela violência policial levou ao ‘esvaziamento das ruas’, quando os protestos já não reuniam multidões.
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