A escrita da história na ficção de Luiz Ruffato

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gonçalves, Adriane dos Santos
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações da UEG
Texto Completo: http://www.bdtd.ueg.br/handle/tede/1530
Resumo: Em nossa pesquisa, desenvolvemos uma leitura da ficção de Luiz Ruffato a partir da relação hibrida entre a literatura e a história. Luiz Ruffato é conhecido por problematizar em suas obras fatos históricos relacionados a momentos traumáticos da história do Brasil. Observamos, a partir da leitura de sua prosa, como o romancista vem consolidando seu projeto literário pautado na “história vista de baixo”, ou seja, na configuração de vozes de sujeitos excluídos pela/na história, sobretudo relacionada à classe proletariada. Ao revisitar a história por meio dos vencidos, nota-se a perspectiva do escritor em dar ênfase aos fluxos migratórios desses indivíduos. Em nossa dissertação, nós nos deteremos no exame de duas narrativas recentes em que, a nosso ver, esse hibridismo entre fato e ficção é bastante enriquecedor. São os romances, De mim já nem se lembra, publicado em 2007 e reescrito e editado em 2016 e, seu mais recente livro, O antigo futuro, lançado em dezembro de 2022. Trata-se de obras nas quais o autor problematiza momentos específicos da história nacional por meio de “resquícios de história” (DOSSE, 2018) presentes em memórias e experiências daqueles que viveram sob o período da ditadura civil-militar no Brasil. A partir da análise de contextos ditatoriais, pautados em estudos dos historiadores, veremos como os eventos políticos impactam na vida desses sujeitos simples representados na ficção de Luiz Ruffato. Nesse sentido, nossa pesquisa também tem o intuito de perscrutar sobre os elementos da historiografia que alicerçam a construção dessas narrativas e criam uma representação do Brasil, a partir de uma perspectiva social e histórica. Quanto à forma estrutural de cada romance, em De mim já nem se lembra, o romancista resgata a forma epistolar, ressignificando-a como estrutura propulsora da narrativa. O gênero carta, nesse romance, é uma escrita de si que serve como um “arquivo” da ditadura na narrativa. Além disso, nessa mesma obra, o autor joga de forma especular com a autoficção, que transita entre a história e a ficção. Já em O antigo futuro, percebe-se uma revisitação da história por meio de uma estrutura narrativa anacrônica que, pautando-se nos percalços da família Bortoletto, cem anos de Brasil (1916-2016) são problematizados na ficção. Como fundamentação teórica de nosso estudo comparado, nos apoiaremos nos estudos de Michael Foucault (2004), Philippe Lejeune (2014), Karl Erik Schøllhammer (2009), Diana Klinger (2008), Tânia Pellegrini (2018), Regina Dalcastagnè (2005), François Dosse (2003), Jim Sharpe (1992), Geneviève Haroche-Bouzinac (2016), Giorgio Agamben (2009), Euridice Figueiredo (2017), Rodrigo Patto Sá Motta (2021), Marco Antonio Villa (2014), Eduardo Bueno (2012), entre outros.
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spelling A escrita da história na ficção de Luiz RuffatoThe writing of history in Luiz Ruffato's fictionRomance brasileiro contemporâneoEscrita da históriaDitadura militarLuiz RuffatoEscritas de siContemporary Brazilian novelHistory writingMilitary dictatorshipLuiz RuffatoSelf-writtenLETRAS::LITERATURA BRASILEIRAEm nossa pesquisa, desenvolvemos uma leitura da ficção de Luiz Ruffato a partir da relação hibrida entre a literatura e a história. Luiz Ruffato é conhecido por problematizar em suas obras fatos históricos relacionados a momentos traumáticos da história do Brasil. Observamos, a partir da leitura de sua prosa, como o romancista vem consolidando seu projeto literário pautado na “história vista de baixo”, ou seja, na configuração de vozes de sujeitos excluídos pela/na história, sobretudo relacionada à classe proletariada. Ao revisitar a história por meio dos vencidos, nota-se a perspectiva do escritor em dar ênfase aos fluxos migratórios desses indivíduos. Em nossa dissertação, nós nos deteremos no exame de duas narrativas recentes em que, a nosso ver, esse hibridismo entre fato e ficção é bastante enriquecedor. São os romances, De mim já nem se lembra, publicado em 2007 e reescrito e editado em 2016 e, seu mais recente livro, O antigo futuro, lançado em dezembro de 2022. Trata-se de obras nas quais o autor problematiza momentos específicos da história nacional por meio de “resquícios de história” (DOSSE, 2018) presentes em memórias e experiências daqueles que viveram sob o período da ditadura civil-militar no Brasil. A partir da análise de contextos ditatoriais, pautados em estudos dos historiadores, veremos como os eventos políticos impactam na vida desses sujeitos simples representados na ficção de Luiz Ruffato. Nesse sentido, nossa pesquisa também tem o intuito de perscrutar sobre os elementos da historiografia que alicerçam a construção dessas narrativas e criam uma representação do Brasil, a partir de uma perspectiva social e histórica. Quanto à forma estrutural de cada romance, em De mim já nem se lembra, o romancista resgata a forma epistolar, ressignificando-a como estrutura propulsora da narrativa. O gênero carta, nesse romance, é uma escrita de si que serve como um “arquivo” da ditadura na narrativa. Além disso, nessa mesma obra, o autor joga de forma especular com a autoficção, que transita entre a história e a ficção. Já em O antigo futuro, percebe-se uma revisitação da história por meio de uma estrutura narrativa anacrônica que, pautando-se nos percalços da família Bortoletto, cem anos de Brasil (1916-2016) são problematizados na ficção. Como fundamentação teórica de nosso estudo comparado, nos apoiaremos nos estudos de Michael Foucault (2004), Philippe Lejeune (2014), Karl Erik Schøllhammer (2009), Diana Klinger (2008), Tânia Pellegrini (2018), Regina Dalcastagnè (2005), François Dosse (2003), Jim Sharpe (1992), Geneviève Haroche-Bouzinac (2016), Giorgio Agamben (2009), Euridice Figueiredo (2017), Rodrigo Patto Sá Motta (2021), Marco Antonio Villa (2014), Eduardo Bueno (2012), entre outros.In our research, we developed a reading of Luiz Ruffato's fiction based on the hybrid relationship between literature and history. Luiz Ruffato is known for problematizing in his works historical facts related to traumatic moments in the history of Brazil. From reading his p rose, we observed how the novelist has been consolidating his literary project based on “history seen from below”, that is, on the configuration of voices of subjects excluded by/in history, especially related to the proletariat class. When revisiting hist ory through the losers, one can see the writer's perspective in emphasizing the migratory flows of these individuals. In our dissertation, we will focus on examining two recent narratives in which, in our view, this hybridism between fact and fiction is qu ite productive. These are the novels, De mim já nem se lembra , published in 2007 and rewritten and edited in 2016, and his most recent book, O antigo futuro , released in December 2022. These are works in which the author problematizes specific moments of n ational history through “remnants of history” (DOSSE, 2018) present in the memories and experiences of those who lived under the period of civil military dictatorship in Brazil. From the analysis of dictatorial contexts, based on studies by historians, we will see how political events impact the lives of these simple subjects represented in Luiz Ruffato's fiction. In this sense, our research also aims to examine the elements of historiography that support the construction of these narratives and create a re presentation of Brazil, from a social and historical perspective. As for the structural form of each novel, in De mim já nem se lembra , the novelist rescues the epistolary form, redefining it as the driving structure of the narrative. In this novel, the le tter genre is a self writing that serves as an “archive” of the dictatorship within the narrative. Furthermore, in this same work, the author plays specularly with autofiction, which moves between history and fiction. In O antigo futuro , we see a revisitat ion of history through an anachronistic narrative structure that, based on the mishaps of the Bortoletto family, one hundred years of Brazil (1916 2016) are problematized within the fiction. As a theoretical foundation for our comparative study, we will re ly on the studies of Michael Foucault (2004), Philippe Lejeune (2014), Karl Erik Schøllhammer (2009), Diana Klinger (2008), Tânia Pellegrini (2018), Regina Dalcastagnè (2005), François Dosse (2003), Jim Sharpe (1992), Geneviève Haroche Bouzinac (2016), Gio rgio Agamben (2009), Euridice Figueiredo (2017), Rodrigo Patto Sá Motta (2021), Marco Antonio Villa (2014), Eduardo Bueno (2012), among others.Universidade Estadual de GoiásUEG ::Coordenação de Mestrado em Língua, Literatura e InterculturalidadeBrasilUEGPrograma de Pós-Graduação Strito sensu em Língua, Literatura e Interculturalidade (POSLLI)Sales, Paulo Alberto da Silvahttps://orcid.org/0000-0001-9980-2561http://lattes.cnpq.br/2235713534521313Sales, Paulo Alberto da Silvahttps://orcid.org/0000-0001-9980-2561http://lattes.cnpq.br/2235713534521313Pinheiro Neto, José Eliashttps://orcid.org/0000-0001-9574-6451http://lattes.cnpq.br/5176979314704270Camargo, Flavio Pereirahttps://orcid.org/0000-0001-9116-2432http://lattes.cnpq.br/5015485726957185Gonçalves, Adriane dos Santos2024-06-18T11:44:40Z2024-03-22info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfGONÇALVES, Adriane. 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