Práticas possíveis : criação e fruição da poesia em meio digital

• Autor(a) principal: Xavier, Nara Rúbia Gomes Duarte
• Data de Publicação: 2015
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações da UEG
• Texto Completo: http://www.bdtd.ueg.br/handle/tede/849
• topic: Cibercultura; Multiletramentos; Hipermídia; Poesia digital na escola; Cyberculture; Multiliteracies; Hypermedia; Digital poetry at school; CIENCIAS HUMANAS::EDUCACAO; LETRAS::TEORIA LITERARIA

A sociedade contemporânea se encontra sob expressivas mudanças que foram aceleradas pelos avanços científicos e tecnológicos, juntamente com as transformações sociais que revolucionaram as formas de comunicação verbal, de leitura e de escrita, caracterizando o estágio civilizatório reconhecido como Cibercultura. Esta, por sua vez, promoveu alterações significativas no modo como autor e leitor passaram a se relacionar com o texto, consideradas as novas práticas sociais, na perspectiva dos multiletramentos (ROJO, 2013a). Os gêneros literários passaram, assim, a incorporar novas linguagens, formas e texturas próprias das artes visuais e ainda ganharam novos meios e suportes, como a hipermídia, que se faz relevante por instaurar novas materialidades à criação literária. Nesse sentido, esta pesquisa buscou investigar o tema: “Poéticas possíveis: criação e fruição da poesia em meio digital”, a fim de compreender os processos de produção e fruição do texto poético digital, visando oferecer estratégias metodológicas possíveis para a apreciação estética de poesia e o exercício da escrita criativa, em meio digital. Objetivou-se, dessa forma, demonstrar os procedimentos que favoreceram a passagem da palavra à imagem, no processo de transcriação do texto poético impresso ao formato digital, considerando as especificidades da hipermídia. Para isso, foi traçado um percurso histórico que contemplasse poemas concretos e digitais produzidos por artistas portugueses e brasileiros, ao longo desse processo. Com vistas a explorar a experiência de criação e fruição da poesia digital, a pesquisa contemplou também a interatividade com o blog Poemário, do web-poeta português Rui Torres, constituído de motores textuais para produção de poemas digitais, tendo em vista os procedimentos da “escrileitura”, na concepção de Barbosa (2003) e da “escrita criativa”, de Bom (1999) e Mancelos (2007). A metodologia envolveu a investigação qualitativa, compreendendo os princípios da pesquisa- ação, com suporte bibliográfico, para apresentar e discutir concepções teóricas acerca da literatura eletrônica, da ciberliteratura e da Cibercultura. Na pesquisa de campo, foram ministradas a professores de quatro escolas da rede pública e particular de ensino de Goiânia, oficinas de leitura e fruição de poesia em meio digital que buscaram verificar como se efetiva o trabalho com a literatura eletrônica na escola de hoje. Tais procedimentos fizeram-se oportunos para discutir propostas didático-pedagógicas que favorecessem a fruição e a criação de poesia digital em sala de aula. Os resultados apontam que a poesia digital é bem pouco conhecida e explorada em aulas de leitura e escrita pela grande maioria dos professores e que o motivo de se evitar um trabalho pedagógico com a poesia digital ocorre mais pela pouca familiaridade dos professores com as tecnologias de modo geral e com a própria ciberliteratura, em particular, que por falta de recursos materiais na escola. Dessa forma, pode-se concluir que a realidade do ensino formal tem se apresentado, por vezes, desanimadora, entretanto, é passível de ser revertida, se houver capacitação e estrutura física e pedagógica nas escolas. Faz-se necessário, sobretudo, desenvolver, no meio escolar, um trabalho pedagógico criterioso e criativo para fomentar o exercício da leitura, sobretudo do texto poético digital, a fim de se alcançar um ensino contemporâneo, que acompanhe as práticas sociais dos alunos, promovendo assim a capacidade criativa deles, diante das demandas de letramento que contemplam os multimeios e as multissemioses.