Pelas veredas do /r/ retroflexo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UEL |
Texto Completo: | https://repositorio.uel.br/handle/123456789/15516 |
Resumo: | Resumo: No ano de 192, Amadeu Amaral, em sua obra pioneira no campo da Dialetologia no Brasil, O dialeto caipira, descreve essa variedade falada na antiga província de São Paulo até o final do século XIX, apresentando dentre suas características o uso do [?] retroflexo, ou, por derivação de sua origem e propagação pelo interior paulista, o /r/ caipira As mudanças sociais da época levaram o autor a afirmar que o dialeto caipira, acantoado em pequenas localidades que não acompanharam de perto o movimento geral do progresso (), acha-se condenado a desaparecer em prazo mais ou menos breve Entretanto, pesquisas sobre o tema (AGUILERA e SILVA, 214; SILVA 212; BRANDÃO, 27; CASTRO, 26) tendem a contrariar tal previsão, sobretudo no tocante à vitalidade do /r/ retroflexo, uma das marcas mais autênticas do dialeto caipira, demonstrando que esse rótico, fruto do contato do português lusitano com o tupi e disseminado pelas bandeiras paulistas, encontra-se vivo e em expansão no Português Brasileiro (PB) Diante do exposto, a presente pesquisa, pautada nos pressupostos teórico-metodológicos da Dialetologia Plurimensional (THUN, 1998), tem como objetivo central comprovar a hipótese da manutenção e da expansão do /r/ caipira, no PB, e mapeá-lo em posição de coda silábica, buscando fornecer subsídios para a delimitação de isófonas que possam contribuir para a demarcação das áreas dialetais brasileiras, no que tange à Região Sudeste do país, especificamente São Paulo, onde se localiza um dos maiores focos de irradiação da variante caipira Como objetivos específicos, almejamos verificar as influências linguísticas e extralinguísticas atuantes na realização do /r/ retroflexo Além disso, abordamos questões sócio-históricas da região estudada que possam evidenciar a presença do rótico em questão Para dar cumprimento aos objetivos, partimos da análise de dados, ainda inéditos, coletados pelo Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) em 8 localidades, incluindo as capitais e o interior, subdivididas da seguinte forma: 38 do estado de São Paulo; 23 de Minas Gerais; 14 do Rio de Janeiro e cinco do Espírito Santo, perfazendo o total de 336 informantes estratificados conforme os parâmetros estabelecidos pelo ALiB As questões selecionadas para o estudo, integrantes do Questionário Fonético-Fonológico (QFF) (Comitê Nacional, 21), apresentam, como possíveis respostas, palavras com o /r/ em coda silábica interna e externa A análise desse corpus, dentre outros resultados, revela que o /r/ caipira constitui a base rótica da fala do estado de São Paulo, estando presente, inclusive em mais de 3% dos dados referentes à capital No estado mineiro, ratificamos a ocorrência dessa variante, concentrada no Triângulo e no Sul de Minas, já detectada, em 1977, pelo Esboço de um Atlas Linguístico de Minas Gerais (RIBEIRO, et al) No Rio de Janeiro e no Espírito Santo sua ocorrência é tímida e encontra-se distribuída de forma esparsa No que concerne às variáveis extralinguísticas, constatamos, no conjunto dos dados, que são os homens, sobretudo, os jovens os que mais utilizam o [?] Tais resultados nos levam a afirmar que a previsão de Amaral (192) não se cumpriu, pois essa variante, uma das marcas mais representativas do dialeto caipira, apresenta-se com muita vitalidade, mesmo passado quase um século da publicação de sua obra |
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Pelas veredas do /r/ retroflexoLíngua portuguesaDialetosBrasil, SudesteDialeto caipiraBrasil, SudesteDialectsBrazil, SudestePortuguese languageResumo: No ano de 192, Amadeu Amaral, em sua obra pioneira no campo da Dialetologia no Brasil, O dialeto caipira, descreve essa variedade falada na antiga província de São Paulo até o final do século XIX, apresentando dentre suas características o uso do [?] retroflexo, ou, por derivação de sua origem e propagação pelo interior paulista, o /r/ caipira As mudanças sociais da época levaram o autor a afirmar que o dialeto caipira, acantoado em pequenas localidades que não acompanharam de perto o movimento geral do progresso (), acha-se condenado a desaparecer em prazo mais ou menos breve Entretanto, pesquisas sobre o tema (AGUILERA e SILVA, 214; SILVA 212; BRANDÃO, 27; CASTRO, 26) tendem a contrariar tal previsão, sobretudo no tocante à vitalidade do /r/ retroflexo, uma das marcas mais autênticas do dialeto caipira, demonstrando que esse rótico, fruto do contato do português lusitano com o tupi e disseminado pelas bandeiras paulistas, encontra-se vivo e em expansão no Português Brasileiro (PB) Diante do exposto, a presente pesquisa, pautada nos pressupostos teórico-metodológicos da Dialetologia Plurimensional (THUN, 1998), tem como objetivo central comprovar a hipótese da manutenção e da expansão do /r/ caipira, no PB, e mapeá-lo em posição de coda silábica, buscando fornecer subsídios para a delimitação de isófonas que possam contribuir para a demarcação das áreas dialetais brasileiras, no que tange à Região Sudeste do país, especificamente São Paulo, onde se localiza um dos maiores focos de irradiação da variante caipira Como objetivos específicos, almejamos verificar as influências linguísticas e extralinguísticas atuantes na realização do /r/ retroflexo Além disso, abordamos questões sócio-históricas da região estudada que possam evidenciar a presença do rótico em questão Para dar cumprimento aos objetivos, partimos da análise de dados, ainda inéditos, coletados pelo Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) em 8 localidades, incluindo as capitais e o interior, subdivididas da seguinte forma: 38 do estado de São Paulo; 23 de Minas Gerais; 14 do Rio de Janeiro e cinco do Espírito Santo, perfazendo o total de 336 informantes estratificados conforme os parâmetros estabelecidos pelo ALiB As questões selecionadas para o estudo, integrantes do Questionário Fonético-Fonológico (QFF) (Comitê Nacional, 21), apresentam, como possíveis respostas, palavras com o /r/ em coda silábica interna e externa A análise desse corpus, dentre outros resultados, revela que o /r/ caipira constitui a base rótica da fala do estado de São Paulo, estando presente, inclusive em mais de 3% dos dados referentes à capital No estado mineiro, ratificamos a ocorrência dessa variante, concentrada no Triângulo e no Sul de Minas, já detectada, em 1977, pelo Esboço de um Atlas Linguístico de Minas Gerais (RIBEIRO, et al) No Rio de Janeiro e no Espírito Santo sua ocorrência é tímida e encontra-se distribuída de forma esparsa No que concerne às variáveis extralinguísticas, constatamos, no conjunto dos dados, que são os homens, sobretudo, os jovens os que mais utilizam o [?] Tais resultados nos levam a afirmar que a previsão de Amaral (192) não se cumpriu, pois essa variante, uma das marcas mais representativas do dialeto caipira, apresenta-se com muita vitalidade, mesmo passado quase um século da publicação de sua obraTese (Doutorado em Estudos da Linguagem) - Universidade Estadual de Londrina, Centro de Letras e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Estudos da LinguagemAbstract: In 192, Amadeu Amaral, in his pioneering work about Dialectology in Brazil, O dialeto caipira, describes this variety spoken in the old province of São Paulo till the end of the 19th century, presenting among its characteristics, the use of the retroflex [?], or, by derivation of its origin and spread in the interior of the state of São Paulo, the caipira /r/ The social changes at the time led the author to state that the caipira dialect, "sheltered in small places that do not follow close the general movement of progress (), is doomed to disappear relatively soon" However, studies about the topic (AGUILERA and SILVA, 214; SILVA 212; BRANDÃO, 27; CASTRO, 26) tend to contradict such a prediction, mainly when it comes to the vitality of the retroflex /r/, one of the most authentic characteristics of the caipira dialect, showing that this rhotic, which resulted from the contact between the European Portuguese and the Tupi language and disseminated by the expeditions called bandeiras, is still alive and expanding in the Brazilian Portuguese Thus, the current study, based on the theoretical-methodological assumptions of Pluridimensional Dialectology (THUN, 1998), aims primarily at confirming the hypothesis of the maintenance and expansion of the caipira /r/ in the Brazilian Portuguese as well as mapping it in coda, searching to provide elements for the delimitation of isoglosses that may contribute for the identification of Brazilian dialectal areas specifically in the Southeast region of the country, particularly in São Paulo, where it is possible to find one of the biggest sites of such a variant As far as specific objectives are concerned, this study aims at verifying the linguistic and extralinguistic influences in the realization of the retroflex /r/ Besides, socio-historical issues of the studied region are also approached so as to evidence the presence of the focused rhotic To achieve the established objectives, this study analyzed unpublished data collected by the Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) Project in 8 places, including capital cities and towns, divided in the following way: 38 in the state of São Paulo, 23 in the state of Minas Gerais, 14 in the state of Rio de Janeiro and five in the state of Espírito Santo, totalling 336 informants classified according to the parameters established by ALiB The questions selected for this study, which constitute the Phonetic-Phonological Questionnaire (Comitê Nacional, 21), present as possible answers words with /r/ in internal and external coda The analysis of such a corpus, among other results, shows that the caipira /r/ consists in the rhotic base of the speech in the state of São Paulo, and it is present in more than 3% of the data from the capital city In the state of Minas Gerais, this study ratifies the occurrence of this variant concentrated in the area known asTriângulo and in the south of the state, which was already identified in 1977 in Esboço de um Atlas Linguístico de Minas Gerais (RIBEIRO, et al) In the states of Rio de Janeiro and Espírito Santo, its occurrence is timid and scattered In terms of extralinguistic variables, the data in this study confirmed that the [?] is mostly used by young men Such results lead to the statement that Amaral’s prediction (192) did not confirmed as this variant, one of the most representative characteristics of the caipira dialect, presents strong vitality, even after almost one century after his publicationAguilera, Vanderci de Andrade [Orientador]Blanco, Rosario ÁlvarezBrandão, Sílvia FigueiredoAltino, Fabiane CristinaKailer, Dircel AparecidaBlanco, Rosario Álvarez [Coorientadora]Silva, Hélen Cristina da2024-05-01T14:50:31Z2024-05-01T14:50:31Z2016.0014.03.2016info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/15516porDoutoradoEstudos da LinguagemCentro de Letras e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em Estudos da LinguagemLondrinareponame:Repositório Institucional da UELinstname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-07-12T04:20:22Zoai:repositorio.uel.br:123456789/15516Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bibliotecadigital.uel.br/PUBhttp://www.bibliotecadigital.uel.br/OAI/oai2.phpbcuel@uel.br||opendoar:2024-07-12T04:20:22Repositório Institucional da UEL - Universidade Estadual de Londrina (UEL)false |
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Resumo: No ano de 192, Amadeu Amaral, em sua obra pioneira no campo da Dialetologia no Brasil, O dialeto caipira, descreve essa variedade falada na antiga província de São Paulo até o final do século XIX, apresentando dentre suas características o uso do [?] retroflexo, ou, por derivação de sua origem e propagação pelo interior paulista, o /r/ caipira As mudanças sociais da época levaram o autor a afirmar que o dialeto caipira, acantoado em pequenas localidades que não acompanharam de perto o movimento geral do progresso (), acha-se condenado a desaparecer em prazo mais ou menos breve Entretanto, pesquisas sobre o tema (AGUILERA e SILVA, 214; SILVA 212; BRANDÃO, 27; CASTRO, 26) tendem a contrariar tal previsão, sobretudo no tocante à vitalidade do /r/ retroflexo, uma das marcas mais autênticas do dialeto caipira, demonstrando que esse rótico, fruto do contato do português lusitano com o tupi e disseminado pelas bandeiras paulistas, encontra-se vivo e em expansão no Português Brasileiro (PB) Diante do exposto, a presente pesquisa, pautada nos pressupostos teórico-metodológicos da Dialetologia Plurimensional (THUN, 1998), tem como objetivo central comprovar a hipótese da manutenção e da expansão do /r/ caipira, no PB, e mapeá-lo em posição de coda silábica, buscando fornecer subsídios para a delimitação de isófonas que possam contribuir para a demarcação das áreas dialetais brasileiras, no que tange à Região Sudeste do país, especificamente São Paulo, onde se localiza um dos maiores focos de irradiação da variante caipira Como objetivos específicos, almejamos verificar as influências linguísticas e extralinguísticas atuantes na realização do /r/ retroflexo Além disso, abordamos questões sócio-históricas da região estudada que possam evidenciar a presença do rótico em questão Para dar cumprimento aos objetivos, partimos da análise de dados, ainda inéditos, coletados pelo Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) em 8 localidades, incluindo as capitais e o interior, subdivididas da seguinte forma: 38 do estado de São Paulo; 23 de Minas Gerais; 14 do Rio de Janeiro e cinco do Espírito Santo, perfazendo o total de 336 informantes estratificados conforme os parâmetros estabelecidos pelo ALiB As questões selecionadas para o estudo, integrantes do Questionário Fonético-Fonológico (QFF) (Comitê Nacional, 21), apresentam, como possíveis respostas, palavras com o /r/ em coda silábica interna e externa A análise desse corpus, dentre outros resultados, revela que o /r/ caipira constitui a base rótica da fala do estado de São Paulo, estando presente, inclusive em mais de 3% dos dados referentes à capital No estado mineiro, ratificamos a ocorrência dessa variante, concentrada no Triângulo e no Sul de Minas, já detectada, em 1977, pelo Esboço de um Atlas Linguístico de Minas Gerais (RIBEIRO, et al) No Rio de Janeiro e no Espírito Santo sua ocorrência é tímida e encontra-se distribuída de forma esparsa No que concerne às variáveis extralinguísticas, constatamos, no conjunto dos dados, que são os homens, sobretudo, os jovens os que mais utilizam o [?] Tais resultados nos levam a afirmar que a previsão de Amaral (192) não se cumpriu, pois essa variante, uma das marcas mais representativas do dialeto caipira, apresenta-se com muita vitalidade, mesmo passado quase um século da publicação de sua obra |
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