O acaso na obra de B. F. Skinner

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Christian Silva dos Reis
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL
Texto Completo: http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000231793
Resumo: No modelo de seleção pelas consequências de B. F. Skinner, a variação, paralelamente à seleção, tornou-se um elemento integrante da explicação comportamental. Sendo inter-relacionados (sem variação não há seleção), questões concernentes à origem da variação ganharam destaque. No darwinismo, a variação foi atribuída ao acaso, e o comportamentalismo radical parece tê-lo acomodado em seu modelo. Skinner pronunciou-se a respeito do acaso, e alguns possíveis usos do termo já foram examinados pela literatura especializada. Contudo, esse exame não contemplou todas as décadas da produção skinneriana, de modo que outros possíveis usos do termo podem não ter sido explorados. O objetivo desta pesquisa foi, então, delinear uma síntese interpretativa dos usos do termo acaso na obra de B. F. Skinner. O estudo é de natureza conceitual, dividido em duas etapas. Na primeira, foram mapeadas e categorizadas as menções de Skinner ao conceito em livros do autor publicados entre as décadas de 1930 e 1990. Os dados obtidos foram compilados em fichamentos de transcrição e apreciação filosófica. Na segunda, foi realizada uma descrição quantitativa desses usos, e uma análise conceitual das acepções identificadas. Os resultados da descrição quantitativa indicam que o termo acaso foi mencionado em todas as décadas da obra skinneriana, com significados diferentes, alguns sinalizando mudanças em seus compromissos filosóficos. Na análise conceitual, os usos identificados foram organizados conforme contextos mais amplos: (1) estudos experimentais – acaso utilizado para descrever limitações epistemológicas na identificação das variáveis determinantes do comportamento; (2) a explicação do acaso pela ciência do comportamento – oscilação entre uma utilização do acaso explicado a partir de princípios e conceitos da ciência do comportamento (comportamento supersticioso, produto de abstração e esquemas VR) e uso como ignorância em relação às variáveis determinantes do comportamento; (3) investigação do comportamento verbal – novamente descrevendo limitações epistemológicas, mas já exibindo indícios de uma possível utilização selecionista; (4) teoria da evolução – acaso entendido como fonte de variações aleatórias, controle de estímulos pouco preciso do comportamento e terceira via de explicação comportamental (ao lado de genes e ambiente). Embora alguns usos estejam presentes em mais de um contexto, suas diferentes acepções indicam mudanças filosóficas subjacentes ao modelo explicativo skinneriano. O acaso não é mais exclusivamente entendido como limitação epistemológica no estudo científico do comportamento, passando a participar da própria explicação do comportamento, sendo considerado uma das possíveis fontes de variação comportamental. Essa mudança pode ser identificada quando o modelo selecionista passa a se consolidar na obra skinneriana. O exame dos usos do termo acaso confere mais elementos para subscrever mudanças nos pressupostos filosóficos do modelo explicativo comportamentalista radical, que passam de compromissos epistemológicos com o determinismo para o selecionismo. Ademais, pode-se investigar se os estudos analítico-comportamentais contemporâneos têm considerado o encaminhamento skinneriano darwinista do assunto – no qual o conceito de acaso parece ter um papel central – e as implicações daí decorrentes para o estudo do comportamento.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisO acaso na obra de B. F. SkinnerThe concept of chance in B. F. Skinner’s writings2020-08-28Carolina Laurenti . César Antônio Alves da Rocha Carlos Eduardo LopesChristian Silva dos ReisUniversidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Análise do Comportamento.URLBRNo modelo de seleção pelas consequências de B. F. Skinner, a variação, paralelamente à seleção, tornou-se um elemento integrante da explicação comportamental. Sendo inter-relacionados (sem variação não há seleção), questões concernentes à origem da variação ganharam destaque. No darwinismo, a variação foi atribuída ao acaso, e o comportamentalismo radical parece tê-lo acomodado em seu modelo. Skinner pronunciou-se a respeito do acaso, e alguns possíveis usos do termo já foram examinados pela literatura especializada. Contudo, esse exame não contemplou todas as décadas da produção skinneriana, de modo que outros possíveis usos do termo podem não ter sido explorados. O objetivo desta pesquisa foi, então, delinear uma síntese interpretativa dos usos do termo acaso na obra de B. F. Skinner. O estudo é de natureza conceitual, dividido em duas etapas. Na primeira, foram mapeadas e categorizadas as menções de Skinner ao conceito em livros do autor publicados entre as décadas de 1930 e 1990. Os dados obtidos foram compilados em fichamentos de transcrição e apreciação filosófica. Na segunda, foi realizada uma descrição quantitativa desses usos, e uma análise conceitual das acepções identificadas. Os resultados da descrição quantitativa indicam que o termo acaso foi mencionado em todas as décadas da obra skinneriana, com significados diferentes, alguns sinalizando mudanças em seus compromissos filosóficos. Na análise conceitual, os usos identificados foram organizados conforme contextos mais amplos: (1) estudos experimentais – acaso utilizado para descrever limitações epistemológicas na identificação das variáveis determinantes do comportamento; (2) a explicação do acaso pela ciência do comportamento – oscilação entre uma utilização do acaso explicado a partir de princípios e conceitos da ciência do comportamento (comportamento supersticioso, produto de abstração e esquemas VR) e uso como ignorância em relação às variáveis determinantes do comportamento; (3) investigação do comportamento verbal – novamente descrevendo limitações epistemológicas, mas já exibindo indícios de uma possível utilização selecionista; (4) teoria da evolução – acaso entendido como fonte de variações aleatórias, controle de estímulos pouco preciso do comportamento e terceira via de explicação comportamental (ao lado de genes e ambiente). Embora alguns usos estejam presentes em mais de um contexto, suas diferentes acepções indicam mudanças filosóficas subjacentes ao modelo explicativo skinneriano. O acaso não é mais exclusivamente entendido como limitação epistemológica no estudo científico do comportamento, passando a participar da própria explicação do comportamento, sendo considerado uma das possíveis fontes de variação comportamental. Essa mudança pode ser identificada quando o modelo selecionista passa a se consolidar na obra skinneriana. O exame dos usos do termo acaso confere mais elementos para subscrever mudanças nos pressupostos filosóficos do modelo explicativo comportamentalista radical, que passam de compromissos epistemológicos com o determinismo para o selecionismo. Ademais, pode-se investigar se os estudos analítico-comportamentais contemporâneos têm considerado o encaminhamento skinneriano darwinista do assunto – no qual o conceito de acaso parece ter um papel central – e as implicações daí decorrentes para o estudo do comportamento.Along with selection, variation became an integrative element of behavior explanation within B. F. Skinner’s selection by consequences model. Being interrelated (without variation there is no selection), questions concerning the origin of variation gained prominence. In darwinism, variation was attributed to chance, and radical behaviorism seems to have found a place for it in its model. Skinner pronounced himself about chance, and some of the possible uses for the term were already examined by the specialized literature. However, this exam does not cover all decades of Skinnerian production, so that other possible uses of the term may not have been yet explored. The aim of this research was, then, to outline an interpretative synthesis of the uses of the term chance in the work of B. F. Skinner. The study is of a conceptual nature, divided in two different phases. In the first, Skinner's mentions to the concept were mapped and categorized in the author’s books published between the 1930s and the 1990s. The obtained data were compiled in transcription and philosophical appreciation files. In the second, a quantitative description and a conceptual analysis of the meanings of the identified uses was made. The results of the quantitative description indicate that the term chance was mentioned in all the decades of Skinner's writings, with different meanings, some signaling changes in his philosophical commitments. In the conceptual analysis, the identified uses were organized according to wider contexts: (1) experimental studies – chance used to describe epistemological limitations in identifying the variables that determine behavior; (2) the explanation of chance by a science of behavior – oscillation between chance explained based on principles and concepts of behavior analysis (superstitious behavior, product of abstraction and VR schedules) and uses as ignorance regarding the determining variables of behavior; (3) investigation of verbal behavior – again describing epistemological limitations, but now exhibiting signs of a possible selectionist use; (4) evolution theory – chance understood as a source of random variations, loose stimulus control and third way of behavioral explanation (along with genes and environment). Although some uses are present in more than one context, their different meanings indicate philosophical changes underlying the Skinnerian explanatory model. Chance is no longer seen exclusively as an epistemological limitation, but begins to participate of behavior explanation, being considered as one of the possible sources of behavioral variation. This change can be identified when the selectionist model is consolidated in Skinner's writings. Examining the uses of the term chance grants more elements to underwrite changes in the philosophical assumptions of the radical behaviorism’s explanatory model, which moves from epistemological compromises with determinism to selectionism. Furthermore, it is possible to investigate if the contemporary behavior-analytic studies have considered the Darwinian Skinnerian approach of the subject – in which the concept of chance seems to have a central role – and the implications thus arising from it for the study of behavior.http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000231793porreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UELinstname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELinfo:eu-repo/semantics/openAccess2023-12-11T09:33:16Zoai:uel.br:vtls000231793Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bibliotecadigital.uel.br/PUBhttp://www.bibliotecadigital.uel.br/OAI/oai2.phpbcuel@uel.br||opendoar:2021-06-23T19:34:04Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL - Universidade Estadual de Londrina (UEL)false
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