O discurso eucarístico ao longo do tempo: uma abordagem foucaultiana

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Calado, Éder Wilton Gustavo Felix
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UEL
Texto Completo: https://repositorio.uel.br/handle/123456789/17019
Resumo: As discussões sobre a Eucaristia permearam os longos anos do cristianismo até os dias atuais. Durante a antiguidade e a Idade Média, até a Reforma Protestante, a contendas foram muito sérias, pois tocar em doutrinas da Igreja Católica poderia significar excomunhão e, em alguns momentos, morte por heresia. No início da era cristã, os seguidores de Jesus se baseavam nos relatos que ouviam de outros cristãos de que Jesus ceou com seus discípulos na noite em que foi traído e preso. Nesta ocasião, na celebração da Páscoa judaica, ele afirmou que o pão era seu corpo e o vinho seu sangue, e que os presentes deveriam comer e beber e repetir essa prática. Esse episódio está relatado em quatro livros diferentes do Novo Testamento da Bíblia cristã (Mateus 26:26-28; Marcos 14:22-24; Lucas 22:19-20; 1 Coríntios 11:23-25), passagens que são a base para instituição da ceia como uma celebração a ser repetida pelos seguidores de Jesus. Esses textos, juntamente com João 6:51, para alguns, são as bases bíblicas para as formulações teológicas desde então. Nos primeiros quatro séculos de cristianismo já é possível observar muitos embates teológicos, principalmente sobre o pão e o vinho representarem ou se transformarem em corpo e sangue de Jesus à mesa, com a consagração pelo sacerdote. Essas discussões perpassaram os séculos, prevalecendo a compreensão de que os elementos se transformavam em corpo e sangue, o que resultou na doutrina da transubstanciação, posteriormente. Apesar disso, interpretações simbólicas da Eucaristia continuavam aparecendo, de teólogos influentes, bispos da igreja, mas não foram aceitas pela igreja oficial, pois contrariavam a vontade de verdade de quem estabelecia as relações de poder. Na Reforma Protestante, com outras conjunturas políticas (condições de possibilidade), posições contrárias à transubstanciação apareceram e não foram derrubadas pela Igreja Católica, afinal, era outro momento, um período de ruptura política e eclesiástica. Este é o corpus deste trabalho, o qual tem como objetivo refletir sobre a Eucaristia a partir da noção foucaultiana de genealogia (FOUCAULT, 2022) e de sua teoria sobre o ordenamento do discurso (FOUCAULT, 2009). Por meio desse dispositivo analítico, é possível observar que o discurso oficial, devido às relações de poder, prevaleceu enquanto as condições de possibilidades permitiam. Contudo, quando tais condições se modificaram, outro discurso pôde ocupar um lugar impossível, até aquele momento.
id UEL_ed80d76947c2a785addc1dc65d16a780
oai_identifier_str oai:repositorio.uel.br:123456789/17019
network_acronym_str UEL
network_name_str Repositório Institucional da UEL
repository_id_str
spelling O discurso eucarístico ao longo do tempo: uma abordagem foucaultianaEucharistic discourse over time: a Foucauldian approachAnálise do discursoLinguagemIdeologia e comunicaçãoDiscurso eucarísticoLingüística, Letras e Artes - LingüísticaLingüística, Letras e Artes - LingüísticaAs discussões sobre a Eucaristia permearam os longos anos do cristianismo até os dias atuais. Durante a antiguidade e a Idade Média, até a Reforma Protestante, a contendas foram muito sérias, pois tocar em doutrinas da Igreja Católica poderia significar excomunhão e, em alguns momentos, morte por heresia. No início da era cristã, os seguidores de Jesus se baseavam nos relatos que ouviam de outros cristãos de que Jesus ceou com seus discípulos na noite em que foi traído e preso. Nesta ocasião, na celebração da Páscoa judaica, ele afirmou que o pão era seu corpo e o vinho seu sangue, e que os presentes deveriam comer e beber e repetir essa prática. Esse episódio está relatado em quatro livros diferentes do Novo Testamento da Bíblia cristã (Mateus 26:26-28; Marcos 14:22-24; Lucas 22:19-20; 1 Coríntios 11:23-25), passagens que são a base para instituição da ceia como uma celebração a ser repetida pelos seguidores de Jesus. Esses textos, juntamente com João 6:51, para alguns, são as bases bíblicas para as formulações teológicas desde então. Nos primeiros quatro séculos de cristianismo já é possível observar muitos embates teológicos, principalmente sobre o pão e o vinho representarem ou se transformarem em corpo e sangue de Jesus à mesa, com a consagração pelo sacerdote. Essas discussões perpassaram os séculos, prevalecendo a compreensão de que os elementos se transformavam em corpo e sangue, o que resultou na doutrina da transubstanciação, posteriormente. Apesar disso, interpretações simbólicas da Eucaristia continuavam aparecendo, de teólogos influentes, bispos da igreja, mas não foram aceitas pela igreja oficial, pois contrariavam a vontade de verdade de quem estabelecia as relações de poder. Na Reforma Protestante, com outras conjunturas políticas (condições de possibilidade), posições contrárias à transubstanciação apareceram e não foram derrubadas pela Igreja Católica, afinal, era outro momento, um período de ruptura política e eclesiástica. Este é o corpus deste trabalho, o qual tem como objetivo refletir sobre a Eucaristia a partir da noção foucaultiana de genealogia (FOUCAULT, 2022) e de sua teoria sobre o ordenamento do discurso (FOUCAULT, 2009). Por meio desse dispositivo analítico, é possível observar que o discurso oficial, devido às relações de poder, prevaleceu enquanto as condições de possibilidades permitiam. Contudo, quando tais condições se modificaram, outro discurso pôde ocupar um lugar impossível, até aquele momento.Discussions about the Eucharist permeated the long years of Christianity until the present day. During antiquity and the Middle Ages, until the Protestant Reformation, disputes were severe, as discussing doctrines of the Catholic Church could mean being unchurched and, at times, death for heresy. In the early Christian era, followers of Jesus relied on reports from other Christians that he had supper with his disciples on the night he was betrayed and arrested. On this occasion, the celebration of the Jewish Passover, he stated that the bread was his body and the wine his blood, those present should eat and drink and repeat this practice. This episode is reported in four different books of the New Testament of the Christian Bible (Matthew 26:26-28; Mark 14:22-24; Luke 22:19-20; 1 Corinthians 11:23-25), passages that are the basis for institution of the supper as a celebration to be repeated by the followers of Jesus. These texts, along with John 6:51, for some, are the biblical basis for theological formulations ever since. In the first four centuries of Christianity, it is already possible to observe many theological clashes, mainly about bread and wine representing or transforming into the body and blood of Jesus at the table, with consecration by the priest. These discussions permeated the centuries, prevailing in the understanding that the elements were transformed into body and blood, which later resulted in the doctrine of transubstantiation. Despite this, symbolic interpretations of the Eucharist continued to appear from influential theologians and bishops of the church. But they were not accepted by the official church, as they contradicted the will for the truth of those who established power relations. In the Protestant Reformation, with other political conjunctures (conditions of possibility), positions contrary to transubstantiation appeared and were not overthrown by the Catholic Church since it was another moment, a period of political and ecclesiastical rupture. This is the corpus of this work, which aims to analyze the Eucharist from Foucault's notion of genealogy (FOUCAULT, 2022) and his theory of discourse ordering (FOUCAULT, 2009). Through this analytical device, it is possible to observe that the official discourse, due to power relations, prevailed as long as the conditions of possibility allowed. However, when the conditions of possibility changed, another discourse was able to occupy a place impossible, until that moment.Machado, Rosemeri Passos BaltazarProença, Wander de LaraOliva, Alfredo dos SantosOliveira, Lolyane Cristina Guerreiro deCordeiro, Isabel CristinaCalado, Éder Wilton Gustavo Felix2024-05-02T14:56:09Z2024-05-02T14:56:09Z2023-02-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfapplication/pdfhttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/17019porCentro de Letras e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em Estudos da LinguagemUniversidade Estadual de LondrinaLondrina143 p.reponame:Repositório Institucional da UELinstname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-07-12T04:20:06Zoai:repositorio.uel.br:123456789/17019Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bibliotecadigital.uel.br/PUBhttp://www.bibliotecadigital.uel.br/OAI/oai2.phpbcuel@uel.br||opendoar:2024-07-12T04:20:06Repositório Institucional da UEL - Universidade Estadual de Londrina (UEL)false
dc.title.none.fl_str_mv O discurso eucarístico ao longo do tempo: uma abordagem foucaultiana
Eucharistic discourse over time: a Foucauldian approach
title O discurso eucarístico ao longo do tempo: uma abordagem foucaultiana
spellingShingle O discurso eucarístico ao longo do tempo: uma abordagem foucaultiana
Calado, Éder Wilton Gustavo Felix
Análise do discurso
Linguagem
Ideologia e comunicação
Discurso eucarístico
Lingüística, Letras e Artes - Lingüística
Lingüística, Letras e Artes - Lingüística
title_short O discurso eucarístico ao longo do tempo: uma abordagem foucaultiana
title_full O discurso eucarístico ao longo do tempo: uma abordagem foucaultiana
title_fullStr O discurso eucarístico ao longo do tempo: uma abordagem foucaultiana
title_full_unstemmed O discurso eucarístico ao longo do tempo: uma abordagem foucaultiana
title_sort O discurso eucarístico ao longo do tempo: uma abordagem foucaultiana
author Calado, Éder Wilton Gustavo Felix
author_facet Calado, Éder Wilton Gustavo Felix
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Machado, Rosemeri Passos Baltazar
Proença, Wander de Lara
Oliva, Alfredo dos Santos
Oliveira, Lolyane Cristina Guerreiro de
Cordeiro, Isabel Cristina
dc.contributor.author.fl_str_mv Calado, Éder Wilton Gustavo Felix
dc.subject.por.fl_str_mv Análise do discurso
Linguagem
Ideologia e comunicação
Discurso eucarístico
Lingüística, Letras e Artes - Lingüística
Lingüística, Letras e Artes - Lingüística
topic Análise do discurso
Linguagem
Ideologia e comunicação
Discurso eucarístico
Lingüística, Letras e Artes - Lingüística
Lingüística, Letras e Artes - Lingüística
description As discussões sobre a Eucaristia permearam os longos anos do cristianismo até os dias atuais. Durante a antiguidade e a Idade Média, até a Reforma Protestante, a contendas foram muito sérias, pois tocar em doutrinas da Igreja Católica poderia significar excomunhão e, em alguns momentos, morte por heresia. No início da era cristã, os seguidores de Jesus se baseavam nos relatos que ouviam de outros cristãos de que Jesus ceou com seus discípulos na noite em que foi traído e preso. Nesta ocasião, na celebração da Páscoa judaica, ele afirmou que o pão era seu corpo e o vinho seu sangue, e que os presentes deveriam comer e beber e repetir essa prática. Esse episódio está relatado em quatro livros diferentes do Novo Testamento da Bíblia cristã (Mateus 26:26-28; Marcos 14:22-24; Lucas 22:19-20; 1 Coríntios 11:23-25), passagens que são a base para instituição da ceia como uma celebração a ser repetida pelos seguidores de Jesus. Esses textos, juntamente com João 6:51, para alguns, são as bases bíblicas para as formulações teológicas desde então. Nos primeiros quatro séculos de cristianismo já é possível observar muitos embates teológicos, principalmente sobre o pão e o vinho representarem ou se transformarem em corpo e sangue de Jesus à mesa, com a consagração pelo sacerdote. Essas discussões perpassaram os séculos, prevalecendo a compreensão de que os elementos se transformavam em corpo e sangue, o que resultou na doutrina da transubstanciação, posteriormente. Apesar disso, interpretações simbólicas da Eucaristia continuavam aparecendo, de teólogos influentes, bispos da igreja, mas não foram aceitas pela igreja oficial, pois contrariavam a vontade de verdade de quem estabelecia as relações de poder. Na Reforma Protestante, com outras conjunturas políticas (condições de possibilidade), posições contrárias à transubstanciação apareceram e não foram derrubadas pela Igreja Católica, afinal, era outro momento, um período de ruptura política e eclesiástica. Este é o corpus deste trabalho, o qual tem como objetivo refletir sobre a Eucaristia a partir da noção foucaultiana de genealogia (FOUCAULT, 2022) e de sua teoria sobre o ordenamento do discurso (FOUCAULT, 2009). Por meio desse dispositivo analítico, é possível observar que o discurso oficial, devido às relações de poder, prevaleceu enquanto as condições de possibilidades permitiam. Contudo, quando tais condições se modificaram, outro discurso pôde ocupar um lugar impossível, até aquele momento.
publishDate 2023
dc.date.none.fl_str_mv 2023-02-28
2024-05-02T14:56:09Z
2024-05-02T14:56:09Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.uel.br/handle/123456789/17019
url https://repositorio.uel.br/handle/123456789/17019
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv Centro de Letras e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem
Universidade Estadual de Londrina
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
application/pdf
dc.coverage.none.fl_str_mv Londrina
143 p.
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UEL
instname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)
instacron:UEL
instname_str Universidade Estadual de Londrina (UEL)
instacron_str UEL
institution UEL
reponame_str Repositório Institucional da UEL
collection Repositório Institucional da UEL
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UEL - Universidade Estadual de Londrina (UEL)
repository.mail.fl_str_mv bcuel@uel.br||
_version_ 1809823283567132672