Dialogismo e ironia na obra A mulher que escreveu a Bíblia, de Moacyr Scliar

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Figueirêdo , Fernanda Medeiros de
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB
Texto Completo: http://tede.bc.uepb.edu.br/tede/jspui/handle/tede/2582
Resumo: Este trabalho discorre sobre as relações dialógicas e a ironia que transitam entre a literatura e o universo judaico cristão presentes na narrativa de Moacyr Scliar, A mulher que escreveu a Bíblia, considerando a tradição e o judaísmo do próprio autor também como elemento de sua ficção. É importante ressaltar a menção direta que é feita por Scliar à obra O livro de J, do autor Harold Bloom, que defende a tese de que uma mulher tivesse escrito o pentateuco, ou a Torá, de acordo com a tradição judaica. A partir disso, Moacyr Scliar discorre a respeito de como esta mulher teria vivido e escrito tais livros, carnavalizando o cânone religioso e parodiando a crítica literária de Bloom.Torna-se então necessária a avaliação do intrínseco elo que une narrativa literária e modos teológicos, reconhecendo a Bíblia como obra literária composta de tramas e personagens complexos e intensos, gerando assim uma construção paródica presente não só em nosso objeto de estudo, mas inclusive no texto ao qual ele faz menção, o Tanakh. Embasados nos aportes teóricos de Mikhail Bakhtin, Gerárd Genette, Beth Brait, Miles, Hutcheon, entre outros autores, a respeito de enunciação, dialogia, carnavalização, paródia, polifonia e o humor característico de um Deus que tanto é criador quanto destruidor, procuramos elucidar a formação dos discursos e a intencionalidade de sua organização nas narrativas apresentadas, demonstrando que o caráter judaico em rir do seu próprio povo e consequentemente do seu próprio Deus está sempre presente na obra de Scliar, dando ênfase a características pertinentes ao plano literário, como por exemplo, esta ironia que assume um papel preponderante no desenrolar da trama, se mostrando enquanto elemento subversivo e transgressor que apresenta anti-heróis e o confronto de temas polêmicos como a erudição e o escracho, o sagrado e o profano, sublime e ridículo, santidade e sexualidade, e a subversão ligada sempre à figura feminina. Aliás, a mulher é vista nesta pesquisa, a partir da análise das obras citadas, como personagem essencial ao desenrolar das ações que fazem frente aos desígnios divinos. Ironicamente, tanto a narradora da obra de Scliar quanto a J de Bloom não fazem parte do círculo religioso que mais tarde consagra seus textos (a Bíblia). As imagens discursivas dos enunciados proferidos por estas mulheres trazem à tona o que há além do discurso travestido pelo mito cristão, a transcendência de vozes e as relações que unem textos, culturas e sociedades distintas.
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spelling Dialogismo e ironia na obra A mulher que escreveu a Bíblia, de Moacyr ScliarAnálise literária. Dialogismo. LiteraturaCIENCIAS SOCIAIS APLICADASEste trabalho discorre sobre as relações dialógicas e a ironia que transitam entre a literatura e o universo judaico cristão presentes na narrativa de Moacyr Scliar, A mulher que escreveu a Bíblia, considerando a tradição e o judaísmo do próprio autor também como elemento de sua ficção. É importante ressaltar a menção direta que é feita por Scliar à obra O livro de J, do autor Harold Bloom, que defende a tese de que uma mulher tivesse escrito o pentateuco, ou a Torá, de acordo com a tradição judaica. A partir disso, Moacyr Scliar discorre a respeito de como esta mulher teria vivido e escrito tais livros, carnavalizando o cânone religioso e parodiando a crítica literária de Bloom.Torna-se então necessária a avaliação do intrínseco elo que une narrativa literária e modos teológicos, reconhecendo a Bíblia como obra literária composta de tramas e personagens complexos e intensos, gerando assim uma construção paródica presente não só em nosso objeto de estudo, mas inclusive no texto ao qual ele faz menção, o Tanakh. Embasados nos aportes teóricos de Mikhail Bakhtin, Gerárd Genette, Beth Brait, Miles, Hutcheon, entre outros autores, a respeito de enunciação, dialogia, carnavalização, paródia, polifonia e o humor característico de um Deus que tanto é criador quanto destruidor, procuramos elucidar a formação dos discursos e a intencionalidade de sua organização nas narrativas apresentadas, demonstrando que o caráter judaico em rir do seu próprio povo e consequentemente do seu próprio Deus está sempre presente na obra de Scliar, dando ênfase a características pertinentes ao plano literário, como por exemplo, esta ironia que assume um papel preponderante no desenrolar da trama, se mostrando enquanto elemento subversivo e transgressor que apresenta anti-heróis e o confronto de temas polêmicos como a erudição e o escracho, o sagrado e o profano, sublime e ridículo, santidade e sexualidade, e a subversão ligada sempre à figura feminina. Aliás, a mulher é vista nesta pesquisa, a partir da análise das obras citadas, como personagem essencial ao desenrolar das ações que fazem frente aos desígnios divinos. Ironicamente, tanto a narradora da obra de Scliar quanto a J de Bloom não fazem parte do círculo religioso que mais tarde consagra seus textos (a Bíblia). As imagens discursivas dos enunciados proferidos por estas mulheres trazem à tona o que há além do discurso travestido pelo mito cristão, a transcendência de vozes e as relações que unem textos, culturas e sociedades distintas.This Work expatiates about the dialogical relations and the irony that take place amongst Literature and the Jewish-Christian universe presented in Moacyr Scliar‘s novel ―A Mulher Que Escreveu a Bíblia‖ (The Woman Who Wrote the Bible), also considering the author‘s own tradition and religion as an element in his fiction. It is important to note that Scliar directly mentions Harold Bloom‘s ―The Book of J‖, which argues that a woman could have written the Pentateuch, or the Torah, according to the Jewish tradition. From such reference, Moacyr Scliar writes about how this woman could have lived and written such books, thus carnivalyzing the religious canon, and making a parody of Bloom‗s literary critics. Given that, it becomes necessary to evaluate the intrinsic link that unites literary narrative and theological ways, recognizing the Bible as a literary piece composed by complex plots and intense characters. Such bias generates a construction of parody presented by not only our study object, but also by the text to which it makes reference, that is, the Tanakh. We base this analysis on the theoretical material from Mikhail Bakhtin, Gerárd Genette, Beth Brait, Miles, Hutcheon, amongst others, concerning concepts of enunciation, dialogism , carnivalization, parody, polyphony, and humor of a deity who creates as well as destroys, in order to clarify the discourses formation and the intention of its organization in the presented narratives, fact that shows us the Jewish feature of laughing at its own people and, consequently, at its own god always to appear in Scliar‗s pieces, giving emphasis to aspects of literality, such as the irony, for example, that plays important role in the plot as an element of subversion and transgression, by bringing up anti-heroes and confrontation between controversial themes, such as erudition and vulgarity, sacred and profane, sublime and ridiculous, sanctity and sexuality, and also the ever subversion related to the female figure. By the way, the woman is taken, in this research, out of analyzing the mentioned pieces, as an essential character to the development of actions that directly face the divine fatalism. Ironically, Scliar‗s female narrator, as well as Bloom‗s ―J― do not take part on the religious circle that would later establish their texts (the Bible). The discursive figures spoken by these women enunciations bring to surface what exists beyond the discourse decoyed by the Christian myth, the transcendence of voices and the relations that unite texts, cultures, and different societies.Universidade Estadual da ParaíbaCentro de Educação - CEDUCBrasilUEPBPrograma de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade - PPGLIMagalhães , Antonio Carlos de MeloFigueirêdo , Fernanda Medeiros de2016-09-16T12:56:22Z2014-05-08info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfFigueirêdo , Fernanda Medeiros de. Dialogismo e ironia na obra A mulher que escreveu a Bíblia, de Moacyr Scliar. 2014. 111 p. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade - PPGLI) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande.http://tede.bc.uepb.edu.br/tede/jspui/handle/tede/2582porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPBinstname:Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)instacron:UEPB2016-09-17T04:04:54Zoai:tede.bc.uepb.edu.br:tede/2582Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/PUBhttp://tede.bc.uepb.edu.br/oai/requestbc@uepb.edu.br||opendoar:2016-09-17T04:04:54Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)false
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