Raduan Nassar e a multidão como produção de singularidade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Queiroga, Mariene de Fátima Cordeiro de
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB
Texto Completo: http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/4383
Resumo: Propomos uma leitura de Raduan Nassar que se efetuará na perspectiva da produção imaterial da multidão. São três as narrativas de nosso corpus: Menina a caminho (1997), Um copo de cólera (1998) e Lavoura arcaica (1989). O objetivo deste trabalho é analisar essas obras de modo a mostrar que cada personagem é multidão. Sumariamente, não só a produção de singularidades encena a multidão como rede de indivíduos que, em muitos, produzem numerosas singularidades cooperantes entre si, mas também cada personagem é, ele mesmo, uma multidão constituinte de distintas subjetividades. A literatura de multidão aplica-se, assim, não apenas às obras densamente povoadas, mas às narrativas de um único personagem. Mediante uma análise detida desses textos, dos diversos discursos, das relações de todas as ordens, inclusive do sistema simbólico dos diferentes ambientes e lugares, mostraremos como ao advento da multidão subjaz a recusa da identidade imposta para fazer brotar novas singularidades em suas alteridades irredutíveis. A produção de singularidades opera pela ruptura com a tradição e rebeldia a tudo que é instituído pela vontade de instaurar o novo. Apresentaremos uma síntese teórica dos termos dessa dialética, com ênfase na maneira como a multidão atravessa a História. Na tensão da autonomia como característica da modernidade face a preceitos convencionais, a luta para a construção da consciência de minoria e conquista de novos territórios resiste, na maioria das vezes, por meio da linguagem e da transgressão de normas e valores. Essas análises terão como fio condutor a hipótese de que cada corpo é uma multidão configurada por processos de singularização advertidos potencialmente em desmedida, tanto pela intensidade quanto pela precarização. Essa hipótese ganha impulso quando uma fábula política e sexual atravessa o eixo das ficções ao produzir singularidades assimiláveis às narrativas de formação. Investigaremos como os personagens se posicionam, a partir de que valores, desejos e até mesmo a posição do próprio autor em seu modo de narrar, ao reter certas coisas, silenciar e adicionar outras no jogo da escrita. Os fatores ideológicos poderão influenciar e encobrir a cumplicidade do autor com seus narradores. Com efeito, a poética de Raduan Nassar empenha-se no agenciamento de entradas e fluxos de linhas de fuga pluralizadas. Daí os personagens encontram-se em um quadro político “tradicional” que contraria o seu desejo. A produção de singularidades em luta com a tradição será analisada em Lavoura arcaica, particularmente, pela impossibilidade de André corresponder à identidade a que o pai e, por extensão, a tradição exigem que ele pertença. É nesse sentido que consideramos, portanto, a ubiquidade do silêncio que perpassa as obras para questionar o uso dos signos verbais que levará o autor a outros modos de vida e produção. Nossa análise está orientada pelos fundamentos de Luciano Justino, Antonio Negri, Michael Hardt, Suely Rolnik.
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Mediante uma análise detida desses textos, dos diversos discursos, das relações de todas as ordens, inclusive do sistema simbólico dos diferentes ambientes e lugares, mostraremos como ao advento da multidão subjaz a recusa da identidade imposta para fazer brotar novas singularidades em suas alteridades irredutíveis. A produção de singularidades opera pela ruptura com a tradição e rebeldia a tudo que é instituído pela vontade de instaurar o novo. Apresentaremos uma síntese teórica dos termos dessa dialética, com ênfase na maneira como a multidão atravessa a História. Na tensão da autonomia como característica da modernidade face a preceitos convencionais, a luta para a construção da consciência de minoria e conquista de novos territórios resiste, na maioria das vezes, por meio da linguagem e da transgressão de normas e valores. Essas análises terão como fio condutor a hipótese de que cada corpo é uma multidão configurada por processos de singularização advertidos potencialmente em desmedida, tanto pela intensidade quanto pela precarização. Essa hipótese ganha impulso quando uma fábula política e sexual atravessa o eixo das ficções ao produzir singularidades assimiláveis às narrativas de formação. Investigaremos como os personagens se posicionam, a partir de que valores, desejos e até mesmo a posição do próprio autor em seu modo de narrar, ao reter certas coisas, silenciar e adicionar outras no jogo da escrita. Os fatores ideológicos poderão influenciar e encobrir a cumplicidade do autor com seus narradores. Com efeito, a poética de Raduan Nassar empenha-se no agenciamento de entradas e fluxos de linhas de fuga pluralizadas. Daí os personagens encontram-se em um quadro político “tradicional” que contraria o seu desejo. A produção de singularidades em luta com a tradição será analisada em Lavoura arcaica, particularmente, pela impossibilidade de André corresponder à identidade a que o pai e, por extensão, a tradição exigem que ele pertença. É nesse sentido que consideramos, portanto, a ubiquidade do silêncio que perpassa as obras para questionar o uso dos signos verbais que levará o autor a outros modos de vida e produção. Nossa análise está orientada pelos fundamentos de Luciano Justino, Antonio Negri, Michael Hardt, Suely Rolnik.We propose a reading of Raduan Nassar that will take place from the perspective of the immaterial production of the Multitude. There are three narratives in our corpus: Menina a caminho (1997), Um copo de cólera (1998) and Lavoura arcaica (1989). This work focus on analyzing in order to show that each character is a Multitude. In summary, the production of singularities not only stages the multitude as a network of individuals who, in many, produce numerous cooperating singularities, but also each character is itself a constituent multitude of distinct subjectivities. Multitude Literature thus applies not only to densely populated works, but to narratives of a single character. Through a detailed analysis of these texts, the various discourses, the relationships of all orders, including the symbolic system of different environments and places, we will show how the advent of the multitude underlies the refusal of imposed identity to bring forth new singularities in their irreducible alterities. The production of singularities operates by breaking with tradition and rebelling against everything that is instituted by the desire to establish the new. We will present a theoretical synthesis of the terms of this dialectic, with emphasis on the way the multitude crosses History. In the tension between autonomy as a characteristic of modernity in the face of conventional precepts, the struggle to build minority consciousness and conquer new territories resists, in most cases, through language and the transgression of norms and values. These analyzes will have as a guiding thread the hypothesis that each body is a multitude configured by singularization processes warned potentially in disproportionate terms, both for their intensity and for their precariousness. This hypothesis gains momentum when a political and sexual fable crosses the axis of fictions to produce singularities similar to the narratives of formation. We will investigate how the characters position themselves, based on what values, desires and even the author's own way of narrating, by retaining certain things, silencing and adding others in the writing. Ideological factors may influence and cover up the author's complicity with his narrators. Indeed, Raduan Nassar's poetics is engaged in the agency of pluralized entries and flows of lines. Hence the characters find themselves in a “traditional” political framework that runs counter to their desire. The production of singularities in struggle with tradition will be analyzed in Lavoura arcaica, particularly due to the impossibility of André corresponding to the identity that his father and, by extension, tradition demand that he belongs. It is in this sense that we consider, therefore, the ubiquity of silence that permeates the works, to question the use of verbal signs that will lead the author to other ways of life and production. Our analysis is guided by the fundamentals of Luciano Justino, Antonio Negri, Michael Hardt, Suely Rolnik.CAPESUniversidade Estadual da ParaíbaPró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa - PRPGPBrasilUEPBPrograma de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade - PPGLIJustino, Luciano Barbosa01970057483Magalhães, Antonio Carlos de Melo43941680234Alves, Wanderlan da Silva01987654102Brito, Herasmo Braga de Oliveira83646329300Pinheiro, Vanessa Neves Riambau95747265091Queiroga, Mariene de Fátima Cordeiro de2022-06-21T23:55:03Z2022-03-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfQUEIROGA, M. F. C. Raduan Nassar e a multidão como produção de singularidade. 2022. 159 f. Tese (Doutorado em Literatura e Interculturalidade).- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2022.http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/4383porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPBinstname:Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)instacron:UEPB2022-06-21T23:55:03Zoai:tede.bc.uepb.edu.br:tede/4383Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/PUBhttp://tede.bc.uepb.edu.br/oai/requestbc@uepb.edu.br||opendoar:2022-06-21T23:55:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)false
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