A tal da Boa Morte: Perspectivas dos familiares cuidadores de doentes oncológicos em cuidados paliativos sobre morte digna

• Autor(a) principal: Cabral, Gabrielle Karine Albuquerque
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB
• Texto Completo: http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/4202
• topic: Oncologia; Familiares cuidadores; Cuidados paliativos; Morte digna; Oncology; Family caregivers; Palliative care; Death with dignity; CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA

Como forma de ultrapassar o modelo biomédico, já incapaz de atender sozinho às demandas de saúde na pós-modernidade, os cuidados paliativos surgem como uma estratégia de assistência multiprofissional para cuidar de pessoas com doenças fora de possibilidade de cura ou que ameacem a vida, visando a melhoria da qualidade de vida destes e de seus familiares, por meio da prevenção e alívio de sofrimento. Para tanto, se propõe a identificar, avaliar e tratar precocemente a dor e demais sintomas físicos, psicológicos, sociais e/ou espirituais. Lança, assim, uma visão holística ao sujeito, compreendendo-o em todas as suas dimensões. Busca ainda um resgate da compreensão da morte como algo inexorável ao homem, como parte do ciclo de vida de todo ser humano. Utiliza-se de intervenções de cuidado durante todos os estágios da doença, até o final. Não pretende antecipar ou adiar a morte, mas sim afirmar a vida até que a morte ocorra, da maneira mais natural possível. No Brasil, é uma área de especialização relativamente recente. Apenas em 2018, o Ministério da Saúde publicou uma legislação específica garantindo os cuidados paliativos no âmbito do Sistema Único de Saúde. Até então, os cuidados paliativos estavam previstos apenas em legislações voltadas à atenção oncológica. No entanto, os cuidados paliativos devem ser voltados para todas as doenças crônicas, ameaçadoras de vida e não somente o câncer. Por este e outros motivos, estudos recentes demonstram que a qualidade de morte no Brasil não é boa. Diante desta constatação, surge a necessidade de realização deste estudo. Assim, o presente trabalho tem como objetivo geral aprofundar o conhecimento sobre as bases histórico-culturais dos cuidados paliativos. Para alcançar tal objetivo foram traçados os seguintes objetivos específicos: conhecer as atitudes frente à morte e o morrer ao longo dos tempos; compreender como o panorama histórico-cultural favoreceu o desenvolvimento de um novo modelo de cuidado na atualidade: o cuidado paliativo; identificar as perspectivas de familiares cuidadores de doentes oncológicos em cuidados paliativos sobre a morte digna. Para tanto, o trabalho está composto por dois capítulos que abordam a temática proposta. O Capítulo 1 – “Antropologia da Saúde, da Doença e da Morte: Compreendendo as Bases do Cuidado Paliativo” consiste em um estudo teórico que busca compreender as atitudes frente à morte e o morrer ao longo da história, a partir de uma perspectiva da antropologia da saúde. O Capítulo 2 – “A Tal da Boa Morte: Perspectivas dos Familiares Cuidadores de Doentes Oncológicos em Cuidados Paliativos” tem por objetivo identificar as perspectivas dos familiares cuidadores de doentes oncológicos em cuidados paliativos sobre o conceito de morte digna. Consiste em um trabalho empírico, com abordagem qualitativa e exploratória. Os dados foram coletados em uma Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia, em Campina Grande, PB, através de entrevistas em profundidade, questionário sociodemográfico e uso de diário de campo. Os dados foram compreendidos por meio da técnica da Análise de Enunciação. Os resultados foram representados por Árvores de Associação de Sentidos. Foram encontradas cinco categorias de análise. Frequentemente, na literatura e entre os participantes, os termos boa morte e morte digna são utilizados como sinônimos, embora sejam semântica e etimologicamente distintos. Falar de morte é ainda um tabu, mas as pessoas demonstram demanda de fala e desejo de serem ouvidas. Os discursos encontrados estão coerentes com a literatura cientifica, ainda que os participantes não tenham tido qualquer tipo de instrução profissional na área da saúde. Recomendamos mais estudos na área tanto para a consolidação da filosofia dos cuidados paliativos entre os profissionais de saúde, os doentes e os familiares, bem como para a desmistificação desta assistência e do medo da morte na sociedade.