Eles eram muitos cavalos - o romance Duchampiano de Luiz Ruffato

• Autor(a) principal: Oliveira, Waldívia de Macêdo
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB
• Texto Completo: http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/3721
• topic: Análise literária; Romance contemporâneo; Multiplicidade; Tragicidade; Realismo; LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS

O trabalho em questão é um estudo sobre o romance Eles eram muitos cavalos de Luiz Ruffato (2001/2012). Nosso objetivo é analisar o corpus proposto a partir de elementos da estrutura do fragmento numa reflexão crítica e teórica sob a ótica do ready-made duchampiano, localizando algumas linhas da força e do pensamento artístico e estético de uma literatura que foi por muitas vezes questionada no tocante à sua adequada classificação dentro dos gêneros literários estabelecidos até hoje nos diversos modelos e manuais teóricos, os quais originaram questões centrais no interior dos discursos e pesquisa da área, gerando desafios críticos sobre a literatura contemporânea. Partimos da hipótese de que esta obra de Luiz Ruffato encontra-se estabelecida dentro das relações que normatizam o romance experimental contemporâneo. Para tanto, é imprescindível destacar as injunções sociais e políticas inseridas nessa produção literária, por esse motivo, a tese foi dividida em três capítulos distintos que dessem conta da forma e estrutura romanesca dentro de sua relação com o ready-made e seu contexto histórico-social. No primeiro capítulo traçamos um caminho sobre o entendimento dos aspectos teóricos do romance em si, a forma experimental dos fragmentos, a multiplicidade que acompanha o fazer literário, embrincando consigo o artístico de sua poiesis, como comentários pertinentes da crítica especializada, utilizamo-nos de teóricos como Lukács (2000), Bakhtin (2002) e Harrison (2007) entre outros. No segundo capítulo, a análise e crítica social que o corpus de análises traz à pesquisa visto que não basta tratar a literatura fora de seu contexto histórico e social, pois é imprescindível que se aborde a obra em sua complexidade, compreendemos, assim, como a ideia de fragmento engendra a problemática do real, da tragicidade cotidiana concebida no seio da grande metrópole brasileira, do discurso como instância do presente/presentificação do real através do qual os sujeitos são compreendidos e tomados em suas singularidades na esteira de Agamben (1993; 2010), Schollhammer (2009), Resende (2008). No último capítulo, buscamos compreender a criação artística como meio através da qual propostas da política da arte revelam o mundo considerado no romance como histórico do tipo ―clássico‖ e a proposta estética presente em Eles eram muitos cavalos a partir de uma leitura vanguardista do século XX e um olhar crítico em direção ao romance do século XXI. Sendo assim, conjuntamente aos fragmentos literários do romance de Ruffato, o trabalho em questão passa pela análise da produção artística do ready-made de Duchamp e a pintura cubista com o objetivo principal de identificar a intersecção de artes distintas e momentos estéticos próximos, discutindo à luz de Paz (2002), Sypher (1980) em que se pretendeu chegar a questões decisivas para o pensamento estético contemporâneo, a partir de noções sobre a produção literária do presente, o real e a presentificação e a tragicidade cotidiana da população menos favorecida nos grandes centros urbanos e sua riqueza imaterial, bem como a possibilidade da criação poética de significar o espaço/texto como ready-made-texto em uma reflexão crítica sobre o fazer literário.