Experiências e representações sociais da maternidade no contexto da síndrome congênita do vírus Zika.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Maciel, Glória Tamires de Sousa
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB
Texto Completo: http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/4899
Resumo: Em 2015 foi constatado um crescimento expressivo do número de casos de nascimento de crianças com microcefalia no país. A partir do desenvolvimento de pesquisas, notou-se um amplo espectro de malformações decorrentes da infecção de gestantes ao vírus, configurando a Síndrome Congênita do Vírus Zika (SCZV). A literatura indica que o diagnóstico de uma malformação congênita de um filho promove uma ruptura nas expectativas da mãe em relação à criança. Diante desse inesperado problema de saúde que se apresentou na vida das mães e crianças, esta pesquisa buscou apreender a experiência da maternidade no contexto da infecção do vírus zika, a partir da Teoria das Representações Sociais (TRS). Participaram da pesquisa treze mães adultas cujos filhos foram diagnosticados com a SCVZ. O instrumento utilizado na coleta de dados foi uma entrevista semiestruturada, analisadas por meio do método da Análise de Conteúdo temática. A partir disso, foram identificadas categorias e subcategorias que, didaticamente, são apresentadas em dois eixos temáticos: as representações sociais e a experiência da maternidade. No primeiro eixo, a análise dos dados indica que ao descreverem a microcefalia as mães ressaltam as características clínicas, sobretudo, o perímetro cefálico abaixo do desvio-padrão, representado por cabeça pequena. Buscando compreender se as mães faziam distinção entre a microcefalia e a SCVZ, investigou-se também o que elas compreendiam sobre a SCZV, e identificou-se que para as mães não existe uma diferença clara entre ambas. No entanto, fazem uma diferenciação entre a microcefalia ocasionada pela infecção do vírus Zika e a microcefalia por outras causas. No que tange à parentalidade, constatou-se que os elementos representacionais da maternidade demonstram que as mães compartilham uma representação social que se centra na ideia de que a mãe deve amar incondicionalmente seus filhos e cuidar deles. Sobre às práticas maternas e paternas identificou-se que entre os casais não há uma divisão de atividades com a criança, pois todas as atividades, prioritariamente, são de responsabilidade das mães. As representações sociais da maternidade, paternidade e microcefalia guiam as práticas das mães e contribuem para dar significado à experiência de ser mãe no contexto da SCVZ. No segundo eixo, sobre a experiência da maternidade. Identificou-se que os primeiros meses após o nascimento do filho foi um momento muito difícil, principalmente pelo choro constante e intenso da criança e pela falta de compreensão da causa desse choro, no entanto, atualmente, as mães se sentem melhor e mais capazes de cuidar dos seus filhos. Houve, portanto, ao longo do tempo a ressignificação da experiência e da identidade dessas mulheres que se percebem como mais capazes e adaptadas à nova realidade. Ser mãe de uma criança com a SCVZ é ter um amor diferente pelo filho, um amor maior, é abnegar sua vida frente a relação de dependência que se estabelece. Dentre as mudanças, vivenciadas pode-se elencar: impossibilidade de trabalhar e estudar, falta de tempo para cuidar de si, constantes viagens para a realização do tratamento dos filhos e restrição da vida social. A experiência da maternidade dessas mulheres é atravessada por dificuldades de adesão aos direitos sociais delas e de seus filhos. Alerta-se para a necessidade de fomentar redes de apoio para as mães, uma vez que a sobrecarga de cuidados dos filhos traz desdobramentos na saúde e nos relacionamentos familiares.
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Participaram da pesquisa treze mães adultas cujos filhos foram diagnosticados com a SCVZ. O instrumento utilizado na coleta de dados foi uma entrevista semiestruturada, analisadas por meio do método da Análise de Conteúdo temática. A partir disso, foram identificadas categorias e subcategorias que, didaticamente, são apresentadas em dois eixos temáticos: as representações sociais e a experiência da maternidade. No primeiro eixo, a análise dos dados indica que ao descreverem a microcefalia as mães ressaltam as características clínicas, sobretudo, o perímetro cefálico abaixo do desvio-padrão, representado por cabeça pequena. Buscando compreender se as mães faziam distinção entre a microcefalia e a SCVZ, investigou-se também o que elas compreendiam sobre a SCZV, e identificou-se que para as mães não existe uma diferença clara entre ambas. No entanto, fazem uma diferenciação entre a microcefalia ocasionada pela infecção do vírus Zika e a microcefalia por outras causas. No que tange à parentalidade, constatou-se que os elementos representacionais da maternidade demonstram que as mães compartilham uma representação social que se centra na ideia de que a mãe deve amar incondicionalmente seus filhos e cuidar deles. Sobre às práticas maternas e paternas identificou-se que entre os casais não há uma divisão de atividades com a criança, pois todas as atividades, prioritariamente, são de responsabilidade das mães. As representações sociais da maternidade, paternidade e microcefalia guiam as práticas das mães e contribuem para dar significado à experiência de ser mãe no contexto da SCVZ. No segundo eixo, sobre a experiência da maternidade. Identificou-se que os primeiros meses após o nascimento do filho foi um momento muito difícil, principalmente pelo choro constante e intenso da criança e pela falta de compreensão da causa desse choro, no entanto, atualmente, as mães se sentem melhor e mais capazes de cuidar dos seus filhos. Houve, portanto, ao longo do tempo a ressignificação da experiência e da identidade dessas mulheres que se percebem como mais capazes e adaptadas à nova realidade. Ser mãe de uma criança com a SCVZ é ter um amor diferente pelo filho, um amor maior, é abnegar sua vida frente a relação de dependência que se estabelece. Dentre as mudanças, vivenciadas pode-se elencar: impossibilidade de trabalhar e estudar, falta de tempo para cuidar de si, constantes viagens para a realização do tratamento dos filhos e restrição da vida social. A experiência da maternidade dessas mulheres é atravessada por dificuldades de adesão aos direitos sociais delas e de seus filhos. Alerta-se para a necessidade de fomentar redes de apoio para as mães, uma vez que a sobrecarga de cuidados dos filhos traz desdobramentos na saúde e nos relacionamentos familiares.In 2015, it was found a significant increase in the number of cases of birth of children with microcephaly in the country. From the development of research, a wide spectrum of malformations resulting from the infection of pregnant women with the virus was noted, configuring the Congenital Zika Virus Syndrome (CZVS). The literature indicates that the diagnosis of a child's congenital malformation promotes a rupture in the mother's expectations of the child. Faced with this unexpected health problem that presented itself in the lives of mothers and children, this research sought to apprehend the experience of motherhood in the context of Zika virus infection, based on the Theory of Social Representations (TRS) . Thirteen adult mothers whose children were diagnosed with CZVS participated in the research . The instrument used in data collection was a semi-structured interview, analyzed using the thematic Content Analysis approach. From this, categories and subcategories were identified, which, didactically, are presented in two thematic axes: social representations and the motherhood experience. In the first axis, the analysis of the data indicates that when describing microcephaly, mothers emphasize the clinical characteristics, above all, the head circumference below the standard deviation, represented by a small head. Seeking to understand whether mothers made a distinction between microcephaly and CZVS, it was also investigated what they understood about CZVS, and it was identified that for mothers there is no clear difference between both. However, they differentiate between microcephaly caused by Zika virus infection and microcephaly for other causes. Regarding parenting , it was found that the representational elements of motherhood demonstrate that mothers share a social representation that focuses on the idea that the mother should love her children unconditionally and take care of them. Regarding maternal and paternal practices, it was identified that among couples there is no division of activities with the child, since all activities, primarily are the mothers' responsibility. The social representations of motherhood, paternity and microcephaly guide mothers' practices and contribute to give meaning to the experience of being a mother in the context of CZVS. In the second axis, on the experience of motherhood. It was identified that the first months after the birth of the child was a very difficult moment , mainly due to the child's constant and intense crying and the lack of understanding of the cause of this crying. However, currently, mothers feel better and more capable of take care of their children. Therefore, over time there has been a reframing of the experience and identity of these women who perceive themselves as more capable and adapted to the new reality. Being a mother of a child with CZVS is having a different love for your child, a greater love, it is to selfless your life in the face of the dependency relationship established. Among the changes experienced, we can list: impossibility of working and studying, lack of time to take care of oneself, constant trips to carry out the treatment of children and restriction on the social life. The experience of motherhood of these women is crossed by difficulties in adhering to their and their children's social rights. It warns of the need to foster support networks for mothers, since the overload of care for children brings consequences to health and family relationships.FAPESQUniversidade Estadual da ParaíbaPró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa - PRPGPBrasilUEPBPrograma de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde - PPGPSBarros, Sibelle Maria Martins dehttps://orcid.org/0000-0003-0933-5475http://lattes.cnpq.br/4445866434237408Silva, Josevânia dahttps://orcid.org/0000-0003-3344-3791http://lattes.cnpq.br/3334886715789820Santos, Maria de Fátima de Souzahttp://lattes.cnpq.br/8991172780503312Maciel, Glória Tamires de Sousa2024-03-26T11:45:38Z2999-12-312019-09-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfMACIEL, Glória Tamires de Sousa. Experiências e representações sociais da maternidade no contexto da síndrome congênita do vírus Zika. 2024. 106 f. Dissertação ( Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde - PPGPS) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2019.http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/4899porinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPBinstname:Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)instacron:UEPB2024-03-26T11:45:38Zoai:tede.bc.uepb.edu.br:tede/4899Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/PUBhttp://tede.bc.uepb.edu.br/oai/requestbc@uepb.edu.br||opendoar:2024-03-26T11:45:38Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)false
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