Tessitura de memórias e narrativas de rendeiras do cariri paraibano na educação básica

• Autor(a) principal: Ferreira, Rafael de Farias
• Data de Publicação: 2016
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB
• Texto Completo: http://tede.bc.uepb.edu.br/tede/jspui/handle/tede/2693
• topic: 1.Rendeiras. 2.Renda Renascença. 3.Cariri paraibano. 4.Memória. 5.Práticas educativas.; CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS

O estudo destaca o caso das mulheres rendeiras do Cariri Paraibano que produzem a renda renascença, uma atividade artesanal têxtil originária da Ilha de Burano, em Veneza, na Itália, introduzida na região desde a década de 30. Momento em que a região se beneficia sobremaneira com o fazer profissional produzido por essas rendeiras. Diante disso, a pesquisa procurou responder os seguintes questionamentos: Por que será que apesar da valorização comercial da renda renascença, os saberes e fazeres desenvolvidos pelas rendeiras do cariri paraibano não estão inseridos no currículo das instituições socioeducativas? E como escolarizar os sujeitos dessa região a partir do destaque do arranjo memorial que advém dessas práticas socioculturais? Para responder a problemática da pesquisa, o estudo buscou desenvolver mecanismos que permitiram evidenciar a memória das mulheres rendeiras do Cariri Paraibano, de modo a transmutar o olhar sobre a mulher caririzeira, valorizando, a partir dos processos pedagógicos, os saberes e fazeres dos sujeitos locais. Com poucas referências históricas, que relatem as relações desenvolvidas em torno deste fazer artesanal, a pesquisa revisitou os espaços de vida e lembranças das rendeiras, a partir de um estudo qualitativo que reuniu técnicas interpretativas para descrever e explicar os componentes do sistema de valores que dão significados às práticas culturais da mulher do campo. Autores como Alberti (2006) e Amado & Ferreira (2006) contribuíram com a construção teórica que trata do cerne do trabalho com a história oral. As reflexões traçadas evidenciam o percurso histórico que concedeu a “fala” status de documento oral. Halbwachs (2003) e Rodrigues (2011) são alguns dos autores que colaboram para o exercício de pensar a memória das rendeiras, considerando as especificidades das tramas de cada história individual. Morin (2011) e Rojo (2010) contribuem no desenvolvimento da ação através da interdisciplinaridade que possibilitou a integração e a interação de conteúdos e disciplinas. O trabalho alicerçado na tríplice história, geografia e multiletramentos renovou a densidade do olhar por meio de novos cruzamentos de interpretações sobre como vivem e resistem, como pensam e estabelecem relações próprias, ou apropriadas, as mulheres dessa região. Ao reconhecer e compreender as relações que norteiam as práticas sociais instauradas entre os sujeitos da pesquisa. O estudo evidencia os aspectos humanos e geográficos do local, dando notoriedade aos sistemas de ação e de objetos que se materializam nos seus gestos, nos modos de ser, de viver e de trocar bens, símbolos, serviços e sentidos. Discute o papel da escola como lugar de dominação, de construção de conhecimento e de identidade cultural e desenvolve um projeto pedagógico, ação educativa, que colaborou com o processo de reversão do quadro atual em que se encontra inserida a escola. A pesquisa-ação gerou, através do produto, um conjunto de aprendizagens que só se tornou possível a partir do diálogo estabelecido entre a cultura das humanidades e a cultura científica, que instituiu um ensino voltado para o reconhecimento dos valores, das crenças e das tradições dos sujeitos locais. Através da sistematização pedagógica, os alunos exercitaram o pensamento crítico e repensaram as suas identidades, a partir do reconhecimento de outras identidades (a das mulheres rendeiras).