A prática do partejar alternativo na região dos Campos Gerais, Paraná: ressignificando o rural a partir do cuidar feminino

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Bruna dos
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPG
Texto Completo: http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/3937
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo central compreender o processo de espacialização dos novos sujeitos da medicina popular, que emergem do cenário de contestação ao projeto de modernização e racionalização (colonização) da vida na região paranaense dos Campos Gerais. Para tanto, torna-se imprescindível entender o passado da medicina popular na região, isto é, como se configuravam as práticas tradicionais em diferentes gerações de mulheres camponesas e que reproduziam uma ruralidade que ainda se faz presente além das fronteiras ‘espaço rural’. A espacialidade da prática do partejar produzida por novos sujeitos sociais presume uma outra forma de compreender a vida e cuidá-la, assente em saberes tradicionais que se contrapõe ao modelo hegemônico da medicina moderna, isto é, de que existem outros entendimentos sobre a saúde e o cuidado do corpo materno. Por outro lado, foram verificadas novas práticas de cuidado da parturiente e do recém-nascido na doulagem. Destacaremos o fenômeno da emergência de novas categorias sociais (novos processos identitários) nucleadas em torno do processo de ressignificação da prática do parto contra hegemônico e seu consequente reconhecimento como expressão híbrida de uma ruralidade, manifesta em espaços urbanos alternativos. Nesse sentido, atuantes predominantemente no espaço urbano, seja em casas ou em hospitais, são convertidas em sujeitas que possuem uma prática pautada no diálogo de saberes rurais e urbanos. Metodologicamente, lança-se mão de um levantamento exploratório que aponte a existência desse grupo e de suas práticas, ampliando o recorte espacial para outras regiões vizinhas. Nesse sentido, a aplicação dois questionários via google forms: o primeiro, aplicado em 2021, que buscava evidenciar informações sobre o uso de plantas medicinais no pós-parto de mulheres que tiveram filhos nos últimos 15 anos nos Campos Gerais; e o segundo formulário aplicado à doulas, no ano de 2022, com o intuito de descobrir se há influências de saberes tradicionais, em especial o de parteiras tradicionais, em suas práticas, além de perceber o seu reconhecimento ou não enquanto sujeitas híbridas, seja em relação aos saberes manifestados, mas também em relação ao seu consumo ou organização espacial em ambientes por meio de partos domiciliares e hospitalares. A partir dos resultados analisados identificamos que as práticas tradicionais de cuidado feminino permanecem nos Campos Gerais, todavia com uma outra conotação influenciada por valores da conhecida modernidade. Sendo assim, práticas são repassadas e convertidas, em um misto de saber-fazer patrimonial e cientificidade, para que costumes antigos permaneçam nos dias atuais, ainda que denominados de outras formas. Reiteramos a importância da geografia se atentar a saberes subalternizados, seja pelas questões de gênero, tendo em vista que majoritariamente ao nos referirmos as parteiras estamos falando de mulheres, seja pela sua influência espacial, notadamente de ambientes rurais, ambos marcadores (de gênero e espacial) estigmatizados em uma visão dicotômica e moderna.
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A prática do partejar alternativo na região dos Campos Gerais, Paraná: ressignificando o rural a partir do cuidar feminino. 2022. Dissertação (Mestrado em Gestão do Território) - Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2022.http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/3937Esta dissertação tem como objetivo central compreender o processo de espacialização dos novos sujeitos da medicina popular, que emergem do cenário de contestação ao projeto de modernização e racionalização (colonização) da vida na região paranaense dos Campos Gerais. Para tanto, torna-se imprescindível entender o passado da medicina popular na região, isto é, como se configuravam as práticas tradicionais em diferentes gerações de mulheres camponesas e que reproduziam uma ruralidade que ainda se faz presente além das fronteiras ‘espaço rural’. A espacialidade da prática do partejar produzida por novos sujeitos sociais presume uma outra forma de compreender a vida e cuidá-la, assente em saberes tradicionais que se contrapõe ao modelo hegemônico da medicina moderna, isto é, de que existem outros entendimentos sobre a saúde e o cuidado do corpo materno. Por outro lado, foram verificadas novas práticas de cuidado da parturiente e do recém-nascido na doulagem. Destacaremos o fenômeno da emergência de novas categorias sociais (novos processos identitários) nucleadas em torno do processo de ressignificação da prática do parto contra hegemônico e seu consequente reconhecimento como expressão híbrida de uma ruralidade, manifesta em espaços urbanos alternativos. Nesse sentido, atuantes predominantemente no espaço urbano, seja em casas ou em hospitais, são convertidas em sujeitas que possuem uma prática pautada no diálogo de saberes rurais e urbanos. Metodologicamente, lança-se mão de um levantamento exploratório que aponte a existência desse grupo e de suas práticas, ampliando o recorte espacial para outras regiões vizinhas. Nesse sentido, a aplicação dois questionários via google forms: o primeiro, aplicado em 2021, que buscava evidenciar informações sobre o uso de plantas medicinais no pós-parto de mulheres que tiveram filhos nos últimos 15 anos nos Campos Gerais; e o segundo formulário aplicado à doulas, no ano de 2022, com o intuito de descobrir se há influências de saberes tradicionais, em especial o de parteiras tradicionais, em suas práticas, além de perceber o seu reconhecimento ou não enquanto sujeitas híbridas, seja em relação aos saberes manifestados, mas também em relação ao seu consumo ou organização espacial em ambientes por meio de partos domiciliares e hospitalares. A partir dos resultados analisados identificamos que as práticas tradicionais de cuidado feminino permanecem nos Campos Gerais, todavia com uma outra conotação influenciada por valores da conhecida modernidade. Sendo assim, práticas são repassadas e convertidas, em um misto de saber-fazer patrimonial e cientificidade, para que costumes antigos permaneçam nos dias atuais, ainda que denominados de outras formas. Reiteramos a importância da geografia se atentar a saberes subalternizados, seja pelas questões de gênero, tendo em vista que majoritariamente ao nos referirmos as parteiras estamos falando de mulheres, seja pela sua influência espacial, notadamente de ambientes rurais, ambos marcadores (de gênero e espacial) estigmatizados em uma visão dicotômica e moderna.This dissertation aims to understand the process of spatialization of the new subjects of popular medicine, which emerge from the scenario of contestation to the project of modernization and rationalization (colonization) of life in the Paraná region of Campo Gerais. Therefore, it is essential to understand the past of popular medicine in the region, that is, how traditional practices were configured in different generations of peasant women and who reproduced a rurality that is still present beyond the borders 'rural space' . The spatiality of the practice of parting produced by new social subjects presumes another way of understanding life and caring for it, based on traditional knowledge that is opposes to the hegemonic model of modern medicine, that is, that there are other understandings about the health and care of the maternal body. on the other hand, new care practices of parturientand and newborn in doulage were verified. We will highlight the phenomenon of the emergence of new social categories (new identity processes) nucleated around the process of resignification of the practice of non-hegemonic childbirth and its consequent recognition as a hybrid expression of a rurality, manifested in alternative and non-hegemonic urban spaces. In this sense, predominantly active in urban space, whether in houses or hospitals, are converted into hybrid subjects because they have a practice based on the dialogue of rural and urban Knowledges. Methodologically, an exploratory survey is used that points to the existence of this group and its practices, expanding the spatial cutout to other neighboring regions. In this sense, the application of two questionnaires via google forms: the first, applied in 2021, which sought to evidence information about the use of medicinal plants in the postpartum period of women who had children in the last 15 years in the Campos Gerais; , and the second form applied to doulas, in 2022, in order to find out if there are influences of traditional knowledge, especially that of traditional midwives, in their practices, in addition to perceiving their recognition or not as hybrid subject, whether in relation to the knowledge manifested, but also in relation to their consumption I spatial organization in environments through home and hospital births. Based on the results analyzed, we identified that traditional feminine care practices remain in Campos Gerais, but with another connotation influenced by values of known modernity. Thus, practices are passed on and converted into a mixture of patrimonial know-how and scientificity, so that ancient customs remain in the present day, even if called in other ways. We reiterate the importance of geography to pay respect to subalternized knowledge, either by gender issues, considering that mainly when we refer to midwives we are talking about women, or by their spatial influence, nodinatedly of rural environments, both markers (gender and spatial) stigmatized in a dichotomous and modern view.Submitted by Angela Maria de Oliveira (amolivei@uepg.br) on 2023-06-22T17:56:23Z No. of bitstreams: 2 license_rdf: 811 bytes, checksum: e39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34 (MD5) Bruna dos Santos.pdf: 989826 bytes, checksum: 35b0f0c59e73ad7b7623f6aa531ad14e (MD5)Made available in DSpace on 2023-06-22T17:56:23Z (GMT). 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Saberes tradicionais
doulas e parteiras
ruralidades
hibridismos
Traditional knowledge
doulas and midwives
ruralities
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description Esta dissertação tem como objetivo central compreender o processo de espacialização dos novos sujeitos da medicina popular, que emergem do cenário de contestação ao projeto de modernização e racionalização (colonização) da vida na região paranaense dos Campos Gerais. Para tanto, torna-se imprescindível entender o passado da medicina popular na região, isto é, como se configuravam as práticas tradicionais em diferentes gerações de mulheres camponesas e que reproduziam uma ruralidade que ainda se faz presente além das fronteiras ‘espaço rural’. A espacialidade da prática do partejar produzida por novos sujeitos sociais presume uma outra forma de compreender a vida e cuidá-la, assente em saberes tradicionais que se contrapõe ao modelo hegemônico da medicina moderna, isto é, de que existem outros entendimentos sobre a saúde e o cuidado do corpo materno. Por outro lado, foram verificadas novas práticas de cuidado da parturiente e do recém-nascido na doulagem. Destacaremos o fenômeno da emergência de novas categorias sociais (novos processos identitários) nucleadas em torno do processo de ressignificação da prática do parto contra hegemônico e seu consequente reconhecimento como expressão híbrida de uma ruralidade, manifesta em espaços urbanos alternativos. Nesse sentido, atuantes predominantemente no espaço urbano, seja em casas ou em hospitais, são convertidas em sujeitas que possuem uma prática pautada no diálogo de saberes rurais e urbanos. Metodologicamente, lança-se mão de um levantamento exploratório que aponte a existência desse grupo e de suas práticas, ampliando o recorte espacial para outras regiões vizinhas. Nesse sentido, a aplicação dois questionários via google forms: o primeiro, aplicado em 2021, que buscava evidenciar informações sobre o uso de plantas medicinais no pós-parto de mulheres que tiveram filhos nos últimos 15 anos nos Campos Gerais; e o segundo formulário aplicado à doulas, no ano de 2022, com o intuito de descobrir se há influências de saberes tradicionais, em especial o de parteiras tradicionais, em suas práticas, além de perceber o seu reconhecimento ou não enquanto sujeitas híbridas, seja em relação aos saberes manifestados, mas também em relação ao seu consumo ou organização espacial em ambientes por meio de partos domiciliares e hospitalares. A partir dos resultados analisados identificamos que as práticas tradicionais de cuidado feminino permanecem nos Campos Gerais, todavia com uma outra conotação influenciada por valores da conhecida modernidade. Sendo assim, práticas são repassadas e convertidas, em um misto de saber-fazer patrimonial e cientificidade, para que costumes antigos permaneçam nos dias atuais, ainda que denominados de outras formas. Reiteramos a importância da geografia se atentar a saberes subalternizados, seja pelas questões de gênero, tendo em vista que majoritariamente ao nos referirmos as parteiras estamos falando de mulheres, seja pela sua influência espacial, notadamente de ambientes rurais, ambos marcadores (de gênero e espacial) estigmatizados em uma visão dicotômica e moderna.
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