Os privilégios na sociedade do açúcar: a circulação do conhecimento e a institucionalização da ciência no Brasil (1833-1875)

• Autor(a) principal: Sousa, Rafael Dalyson
• Data de Publicação: 2021
• Outros Autores: Gomes, Ramonildes Alves
• Tipo de documento: Artigo
• Idioma: por
• Título da fonte: Revista Maracanan (Online)
• Texto Completo: https://www.e-publicacoes.uerj.br/maracanan/article/view/59490
• topic: Privilégios; Sociedade do Açúcar no Século XIX; Institucionalização da ciência; Mundialização da Ciência

O presente trabalho objetiva analisar a relação entre três processos situados no século XIX: os privilégios (espécie de patentes) atribuídos aos produtores de açúcar, a circulação da ciência e da técnica e o processo de institucionalização da ciência no Brasil. O corpus documental da pesquisa é composto por artigos de jornal contidos no periódico O Auxiliador da Industria Nacional. O jornal pertencia a Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional, instituição responsável por avaliar os pedidos de privilégio. Partindo da connected histories, buscamos identificar quais as referências a conhecimentos científicos e a experiências internacionais sobre o açúcar no discurso da elite ilustrada luso-brasileira, como também averiguar quais as implicações das referências a estas experiências internacionais na elaboração do seu discurso. Neste ínterim, busca-se relacionar o processo de institucionalização da ciência no Brasil e a circulação de conhecimentos científicos no século XIX a partir dos pareces sobre inventos para a produção açucareira. Constatou-se, através da análise da documentação, que para a modernização da produção de açúcar a solução encontrada no século XIX foi a apropriação de conhecimentos científicos oriundos da colonização do Império Francês, de modo a adaptarem estes conhecimentos ao “estado atual” da “indústria” local. Nesse sentido, entende-se que este processo esteve envolto a relações político-sociais, relações que associavam modernização técnico-científica e conservadorismo social de um ponto de vista não contraditório, e que acabaram por conferir este perfil, da chamada “ciência útil”, às instituições científicas no Brasil daquele período.