da proteção à instrução: mobilizações prático-discursivas em torno da infância nos debates sobre gênero e sexualidade na educação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: mattos, amana rocha
Data de Publicação: 2020
Outros Autores: cavalheiro, rafael
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Childhood & Philosophy (Rio de Janeiro. Online)
Texto Completo: https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/48344
Resumo: Este artigo discute como alguns sentidos de infância têm sido acionados nos enfrentamentos sobre a legitimidade das temáticas de gênero e sexualidade na educação, considerando-se o cenário contemporâneo no país. Para isso, analisaremos duas armadilhas prático-discursivas que têm se consolidado. A primeira, forjada pelos atores da ofensiva antigênero, consiste na construção narrativa da infância vulnerável, a ser protegida, e aciona o pânico moral contra as discussões sobre gênero e sexualidade nas escolas. A segunda armadilha, mais sutil, diz do lugar de passividade em que são tomados as e os estudantes no contexto escolar, enquanto objeto da instrução pedagógica - inclusive quando são abordados os temas de gênero e sexualidade em sala de aula. A imagem de uma criança-presa dos “ideólogos de gênero”, passiva e em perigo, povoa as falas analisadas na primeira sessão, e permite-nos discutir os usos políticos mitigados pela hiperinflação dessa ideia de vulnerabilidade infantil. Entretanto, mesmo em práticas educativas que apostam no trabalho com questões de gênero e sexualidade nos contextos escolares, observamos que a menoridade pode ser pensada em perspectivas conservadoras e sem agência, como discutido na segunda sessão. Para tensionar essas lógicas, pontuamos a dimensão do lúdico e da brincadeira como ferramentas conceituais e metodológicas que podem contribuir com uma abordagem não pedagogizante da sexualidade e do gênero no campo da educação.
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A primeira, forjada pelos atores da ofensiva antigênero, consiste na construção narrativa da infância vulnerável, a ser protegida, e aciona o pânico moral contra as discussões sobre gênero e sexualidade nas escolas. A segunda armadilha, mais sutil, diz do lugar de passividade em que são tomados as e os estudantes no contexto escolar, enquanto objeto da instrução pedagógica - inclusive quando são abordados os temas de gênero e sexualidade em sala de aula. A imagem de uma criança-presa dos “ideólogos de gênero”, passiva e em perigo, povoa as falas analisadas na primeira sessão, e permite-nos discutir os usos políticos mitigados pela hiperinflação dessa ideia de vulnerabilidade infantil. Entretanto, mesmo em práticas educativas que apostam no trabalho com questões de gênero e sexualidade nos contextos escolares, observamos que a menoridade pode ser pensada em perspectivas conservadoras e sem agência, como discutido na segunda sessão. Para tensionar essas lógicas, pontuamos a dimensão do lúdico e da brincadeira como ferramentas conceituais e metodológicas que podem contribuir com uma abordagem não pedagogizante da sexualidade e do gênero no campo da educação.Este artículo analiza cómo algunos sentidos de la infancia se han activado en las confrontaciones sobre la legitimidad de los temas de género y sexualidad en la educación, considerando el escenario contemporáneo del país. Para esto, analizaremos dos dificultades prácticas-discursivas que se han consolidado. La primera, forjada por los actores de la ofensiva contra el género, consiste en la construcción narrativa de niños vulnerables, que necesitarían protección, y desencadena el pánico moral contra las discusiones sobre género y sexualidad en las escuelas. La segunda trampa, más sutil, se refiere al lugar de la pasividad de los estudiantes en el contexto escolar, que es objeto de instrucción por parte de los maestros, incluso cuando los problemas de género y sexualidad se abordan en clase. La imagen de un niño prisionero de los "ideólogos de género", pasivos y en peligro, puebla las declaraciones analizadas en la primera sesión, y nos permite discutir los usos políticos mitigados por la hiperinflación de esta idea de vulnerabilidad infantil. Sin embargo, incluso en las prácticas educativas que se centran en trabajar con cuestiones de género y sexualidad en contextos escolares, observamos que la minoría se puede pensar en perspectivas conservadoras y sin agencia, como se discutió en la segunda sesión. Para tensionar estas lógicas, señalamos la dimensión lúdica y el juego como herramientas conceptuales y metodológicas que pueden contribuir a un enfoque no pedagógico de la sexualidad y el género en el campo de la educación.This article discusses how some childhood senses have been triggered in the confrontations about the legitimacy of gender and sexuality themes in education, considering the contemporary scenario in the country. For this, we aim to analyze two practical-discursive pitfalls that have been consolidated. The first, forged by the actors of the anti-gender offensive, consists of the narrative construction of vulnerable children, to be protected, and triggers moral panic against discussions about gender and sexuality in schools. The second, more subtle trap, concerns the place of the passivity of students in the school context, which are the subject of instruction by teachers - including when gender and sexuality issues are addressed in the classroom. The image of a child-prisoner of the “gender ideologues”, passive and in danger, populates the statements analyzed in the first session, and allows us to discuss the political uses mitigated by the hyperinflation of this idea of child vulnerability. However, even in educational practices that focus on working with issues of gender and sexuality in school contexts, we observe that minority can be thought of in conservative perspectives and without agency, as discussed in the second session. To tension these logics, we point out the dimension of playfulness and play as conceptual and methodological tools that can contribute to a non-pedagogical approach to sexuality and gender in the field of education.Universidade do Estado do Rio de Janeiro2020-08-25info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/4834410.12957/childphilo.2020.48344childhood & philosophy; Vol. 16 (2020); 01 - 20childhood & philosophy; v. 16 (2020); 01 - 20childhood & philosophy; Vol. 16 (2020); 01 - 201984-5987reponame:Childhood & Philosophy (Rio de Janeiro. 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