Purificar o território: a luta anti-imigratória como laboratório securitário (1968-1974) / Purify the territory: the struggle against immigration as a security laboratory (1968-1974)

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Autor(a) principal: Rigouste, Mathieu
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Direito e Práxis
Texto Completo: https://www.e-publicacoes.uerj.br/revistaceaju/article/view/34241
Resumo: DOI: 10.1590/2179-8966/2018/34241ResumoA institucionalização moderna da xenofobia começa com o Estado-nação e seu princípio de discriminação pelo lugar de nascimento. O estrangeiro é no Estado-nação, por princípio, banido de direito e superexplorado de fato, ele é vigiado e submetido estruturalmente aos princípios de exceção. Toda forma de nacionalismo, assim, trata o estrangeiro como um suspeito por natureza. Nós podemos, portanto, estudar os mecanismos que determinam os períodos em que o Estado implementa uma luta sistemática contra os estrangeiros. Geralmente, nós explicamos esses fenômenos com base nas variáveis econômicas. Confrontado com o aumento do desemprego e com a baixa do crescimento, o Estado buscará favorecer o emprego dos nacionais. A “preferência pelo nacional”, deste ponto de vista, se revela como sendo menos uma reivindicação da extrema direita do que um princípio que dirige todo o direito desde o fim do antigo regime. É preciso admitir, entretanto, que a economia capitalista depende continuamente da manutenção de um subproletariado precarizado, ao qual o Estado nega a igualdade e que, no entanto, deve ser reproduzido para assegurar a realização das tarefas mais desprezadas. Como compreender, nesse quadro, a ofensiva anti-imigratória do começo dos anos 1970 que iniciou o período no qual ainda vivemos, em que o imigrante pós-colonial se caracteriza por um tipo de bode expiatório transversal?Palavras-chave: Migrações; Nacionalismo; Polícia; Pós-colonial; Securitário; Xenofobia; França; Sociologia.AbstractThe modern institutionalization of xenophobia begins with the nation-state and its principle of discrimination by place of birth. The foreigner is, in principle, legally banned, in fact overexploited, supervised and structurally subjected to principles of exception. Any form of nationalism thus poses the foreigner as a suspect by nature. We can then study the mechanisms that determine these periods when the State undertakes a systematic struggle against foreigners. These phenomena are generally explained by focusing on economic variables. Faced with rising unemployment and declining growth, the state would seek to promote the employment of nationals. "National preference", from this point of view, is less a claim of the extreme right than a principle directing the law since the end of the Ancien régime. It must be admitted, however, that the capitalist economy relies permanently on the maintenance of a sub-proletariat to be exploited, to which the state refuses equality and that it must nevertheless reproduce to ensure the production of the most despised tasks. How to understand, in this context, the anti-migratory fight of the beginning of the 1970s which initiated the period in which we continue to live, where the postcolonial immigrant characterizes a kind of transversal scapegoat?Keywords: Migration; Nationalism; Police; Post-colonial; Security; Xenofobia; France; Sociology.
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