Doença mental, raça e sexualidade nas teorias psiquiátricas de Juliano Moreira

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Venancio,Ana Teresa A.
Data de Publicação: 2004
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Physis (Online)
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312004000200006
Resumo: Tomando como ponto de partida a representação erudita que situa Juliano Moreira como fundador da psiquiatria científica no Brasil, este trabalho analisa as concepções por ele veiculadas sobre doença mental, raça e sexualidade. Suas teorias constituíram uma transposição sui generis do pensamento do psiquiatra alemão Emil Kraepelin, ajudando na construção do ideário em prol do processo civilizatório brasileiro no início do século XX. Fundamentava-se em pressupostos organicistas, ao mesmo tempo em que se contrapunha à idéia corrente na época sobre as condições "naturais" brasileiras desfavoráveis como o clima e a raça. Analisando os trabalhos publicados por Juliano Moreira até 1920, relaciona-se aqui o modo como seu discurso científico discutia o tema da sexualidade, expressa sob a rubrica da "sífilis", da "reprodução" e do "casamento". Com relação a essa temática, Juliano Moreira não se valeu da idéia de uma natureza feminina degenerada, crescentemente difundida em meados do século XIX. Ainda que não desconsiderasse a idéia mais geral da degeneração, pertinente apenas ao nível das unidades orgânicas individuais, descartaria a correlação entre degeneração e natureza feminina, para se ater aos fundamentos médicos hegemônicos na primeira metade do século XIX, que articulavam as marcas diferenciais da mulher à sua fisiologia sexual, paradigmaticamente representada pela imagem do útero.
id UERJ-3_75258d63391c42bb3049adb70963251f
oai_identifier_str oai:scielo:S0103-73312004000200006
network_acronym_str UERJ-3
network_name_str Physis (Online)
repository_id_str
spelling Doença mental, raça e sexualidade nas teorias psiquiátricas de Juliano MoreiraRaçasexualidadedoença mentalciência psiquiátricaJuliano MoreiraTomando como ponto de partida a representação erudita que situa Juliano Moreira como fundador da psiquiatria científica no Brasil, este trabalho analisa as concepções por ele veiculadas sobre doença mental, raça e sexualidade. Suas teorias constituíram uma transposição sui generis do pensamento do psiquiatra alemão Emil Kraepelin, ajudando na construção do ideário em prol do processo civilizatório brasileiro no início do século XX. Fundamentava-se em pressupostos organicistas, ao mesmo tempo em que se contrapunha à idéia corrente na época sobre as condições "naturais" brasileiras desfavoráveis como o clima e a raça. Analisando os trabalhos publicados por Juliano Moreira até 1920, relaciona-se aqui o modo como seu discurso científico discutia o tema da sexualidade, expressa sob a rubrica da "sífilis", da "reprodução" e do "casamento". Com relação a essa temática, Juliano Moreira não se valeu da idéia de uma natureza feminina degenerada, crescentemente difundida em meados do século XIX. Ainda que não desconsiderasse a idéia mais geral da degeneração, pertinente apenas ao nível das unidades orgânicas individuais, descartaria a correlação entre degeneração e natureza feminina, para se ater aos fundamentos médicos hegemônicos na primeira metade do século XIX, que articulavam as marcas diferenciais da mulher à sua fisiologia sexual, paradigmaticamente representada pela imagem do útero.PHYSIS - Revista de Saúde Coletiva2004-07-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersiontext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312004000200006Physis: Revista de Saúde Coletiva v.14 n.2 2004reponame:Physis (Online)instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)instacron:UERJ10.1590/S0103-73312004000200006info:eu-repo/semantics/openAccessVenancio,Ana Teresa A.por2005-10-31T00:00:00Zoai:scielo:S0103-73312004000200006Revistahttp://www.scielo.br/physishttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.php||publicacoes@ims.uerj.br1809-44810103-7331opendoar:2005-10-31T00:00Physis (Online) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)false
dc.title.none.fl_str_mv Doença mental, raça e sexualidade nas teorias psiquiátricas de Juliano Moreira
title Doença mental, raça e sexualidade nas teorias psiquiátricas de Juliano Moreira
spellingShingle Doença mental, raça e sexualidade nas teorias psiquiátricas de Juliano Moreira
Venancio,Ana Teresa A.
Raça
sexualidade
doença mental
ciência psiquiátrica
Juliano Moreira
title_short Doença mental, raça e sexualidade nas teorias psiquiátricas de Juliano Moreira
title_full Doença mental, raça e sexualidade nas teorias psiquiátricas de Juliano Moreira
title_fullStr Doença mental, raça e sexualidade nas teorias psiquiátricas de Juliano Moreira
title_full_unstemmed Doença mental, raça e sexualidade nas teorias psiquiátricas de Juliano Moreira
title_sort Doença mental, raça e sexualidade nas teorias psiquiátricas de Juliano Moreira
author Venancio,Ana Teresa A.
author_facet Venancio,Ana Teresa A.
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Venancio,Ana Teresa A.
dc.subject.por.fl_str_mv Raça
sexualidade
doença mental
ciência psiquiátrica
Juliano Moreira
topic Raça
sexualidade
doença mental
ciência psiquiátrica
Juliano Moreira
description Tomando como ponto de partida a representação erudita que situa Juliano Moreira como fundador da psiquiatria científica no Brasil, este trabalho analisa as concepções por ele veiculadas sobre doença mental, raça e sexualidade. Suas teorias constituíram uma transposição sui generis do pensamento do psiquiatra alemão Emil Kraepelin, ajudando na construção do ideário em prol do processo civilizatório brasileiro no início do século XX. Fundamentava-se em pressupostos organicistas, ao mesmo tempo em que se contrapunha à idéia corrente na época sobre as condições "naturais" brasileiras desfavoráveis como o clima e a raça. Analisando os trabalhos publicados por Juliano Moreira até 1920, relaciona-se aqui o modo como seu discurso científico discutia o tema da sexualidade, expressa sob a rubrica da "sífilis", da "reprodução" e do "casamento". Com relação a essa temática, Juliano Moreira não se valeu da idéia de uma natureza feminina degenerada, crescentemente difundida em meados do século XIX. Ainda que não desconsiderasse a idéia mais geral da degeneração, pertinente apenas ao nível das unidades orgânicas individuais, descartaria a correlação entre degeneração e natureza feminina, para se ater aos fundamentos médicos hegemônicos na primeira metade do século XIX, que articulavam as marcas diferenciais da mulher à sua fisiologia sexual, paradigmaticamente representada pela imagem do útero.
publishDate 2004
dc.date.none.fl_str_mv 2004-07-01
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312004000200006
url http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312004000200006
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 10.1590/S0103-73312004000200006
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv text/html
dc.publisher.none.fl_str_mv PHYSIS - Revista de Saúde Coletiva
publisher.none.fl_str_mv PHYSIS - Revista de Saúde Coletiva
dc.source.none.fl_str_mv Physis: Revista de Saúde Coletiva v.14 n.2 2004
reponame:Physis (Online)
instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
instacron:UERJ
instname_str Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
instacron_str UERJ
institution UERJ
reponame_str Physis (Online)
collection Physis (Online)
repository.name.fl_str_mv Physis (Online) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
repository.mail.fl_str_mv ||publicacoes@ims.uerj.br
_version_ 1750309030653329408