O vampiro é o leitor: o processo de vampirização do leitor na literatura fantástica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ramos, Juliana Silva
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ
Texto Completo: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6598
Resumo: Parte-se da perspectiva do fantástico como um entrelugar espaço plural e fragmentado, marcado por descentramento e heterogeneidade, capaz de comportar até o contraditório percebido como um ambiente caracterizado por uma inerente duplicidade. Entendido isso, observa-se que esse caráter dual intensifica-se nas narrativas vampirescas, na medida em que ele é estendido ao vampiro e refletido no leitor. Por conseguinte, identificam-se e analisam-se os aspectos distintivos do leitor desse tipo de narrativa, reconhecendo-se seu papel na construção do gênero e na manutenção do caráter aberto da obra, como em uma coautoria cuja marca registrada é a hesitação. Entretanto, da relação entre vampiro e leitor, evidencia-se mais que isso, afinal a narrativa fantástica de modo geral e não apenas a de vertente vampiresca sempre aponta para o leitor como sendo este o fio solto que não permite que a obra feche-se. Percebe-se ainda, por meio da descrição e análise de diferentes tipos de manifestação do vampiro na literatura, um processo de reconfiguração da relação existente entre vampiro e leitor, e entre este e a narrativa fantástica, bem como com a literatura de forma geral. Assim, considera-se a relação do leitor com o vampiro clássico um tipo assustador , marcada pela desidentificação; com o moderno um tipo sedutor, e humanizado na figura de Louis, personagem de Anne Rice , marcada pela identificação; e com o contemporâneo um tipo sedutor e humano , marcada pela apropriação de identidade. Neste último movimento, entendido como a vampirização do leitor, intenta-se provar que este, depois de transformado, reconhecendo-se como tal em seu duplo (o vampiro), nutre-se da força vital deste seu duplo e da narrativa fantástica e retém a aparência de hesitação, a qual é a força motriz do gênero em questão. O leitor torna-se o personagem mais atuante sobre a/na narrativa, operando no campo da realidade e também no da ficção. A compreensão desse processo que vai da desidentificação à apropriação de identidade é aprofundada na análise destas três narrativas vampirescas marcantes ao pensamento desenvolvido neste estudo: Drácula, de Bram Stoker; Entrevista com o vampiro, de Anne Rice; e A confissão, de Flávio Carneiro
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Por conseguinte, identificam-se e analisam-se os aspectos distintivos do leitor desse tipo de narrativa, reconhecendo-se seu papel na construção do gênero e na manutenção do caráter aberto da obra, como em uma coautoria cuja marca registrada é a hesitação. Entretanto, da relação entre vampiro e leitor, evidencia-se mais que isso, afinal a narrativa fantástica de modo geral e não apenas a de vertente vampiresca sempre aponta para o leitor como sendo este o fio solto que não permite que a obra feche-se. Percebe-se ainda, por meio da descrição e análise de diferentes tipos de manifestação do vampiro na literatura, um processo de reconfiguração da relação existente entre vampiro e leitor, e entre este e a narrativa fantástica, bem como com a literatura de forma geral. Assim, considera-se a relação do leitor com o vampiro clássico um tipo assustador , marcada pela desidentificação; com o moderno um tipo sedutor, e humanizado na figura de Louis, personagem de Anne Rice , marcada pela identificação; e com o contemporâneo um tipo sedutor e humano , marcada pela apropriação de identidade. Neste último movimento, entendido como a vampirização do leitor, intenta-se provar que este, depois de transformado, reconhecendo-se como tal em seu duplo (o vampiro), nutre-se da força vital deste seu duplo e da narrativa fantástica e retém a aparência de hesitação, a qual é a força motriz do gênero em questão. O leitor torna-se o personagem mais atuante sobre a/na narrativa, operando no campo da realidade e também no da ficção. A compreensão desse processo que vai da desidentificação à apropriação de identidade é aprofundada na análise destas três narrativas vampirescas marcantes ao pensamento desenvolvido neste estudo: Drácula, de Bram Stoker; Entrevista com o vampiro, de Anne Rice; e A confissão, de Flávio CarneiroThis study starts from the perspective of the fantastic as a space in-between a plural and fragmented space, which is characterized by decentralization and heterogeneity, able to hold even the contradictory perceived as an environment characterized by an inherent duplicity. Knowing this, we may observe that this dual character is intensified in the vampire narratives, insofar as it is extended to vampire and reflected in the reader. Hence, the reader s distinctive aspects of this type of narrative are identified and analyzed, recognizing their role in the gender construction and in the maintenance of the open nature of the work, such as a co-authorship in which the registered mark is the hesitation. Nonetheless, more than this can be evidenced from the relation between reader and vampire, after all, generally speaking, the fantastic narrative not only the vampire type always points to the reader as a loose thread that does not allow that the work come to a close. We can also observe, through the description and analysis of different kinds of manifestation of the vampire in literature, a process of reconfiguration of the relation between vampire and reader, and between the latter and the fantastic narrative, as well with the literature as a whole. Thus, it s considered the relation of the reader with the classic vampire a scary type , that is marked by disidentification; with the modern vampire a seductive type, and humanized in the figure of Louis, Anne Rice s character marked by identification; and with the contemporary a human and seductive type marked by the appropriation of identity. In this last movement, which is understood as the vampirization of the reader, the aim is to prove that, after he is transformed, recognizing himself as such in his double (the vampire), he nurtures himself on the vital force of this double and on the fantastic narrative, and retains the appearance of hesitation, which is the driving force of the genre in question. The reader becomes the character more active in the narrative, operating in the realm of reality, and also in fiction. The understanding of this process from disidentification to the appropriation of identity is probed by the analysis of these three vampire narratives, that are outstanding to the thought developed in this study: Bram Stoker s Dracula, Anne Rice s Interview with the Vampire, and Flávio Carneiro s A ConfissãoUniversidade do Estado do Rio de JaneiroCentro de Educação e Humanidades::Instituto de LetrasBRUERJPrograma de Pós-Graduação em LetrasCarneiro, Flávio Martinshttp://lattes.cnpq.br/5109172355214946Bastos, Alcmenohttp://lattes.cnpq.br/6309712970604538Batalha, Maria Cristinahttp://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4798984T2Ramos, Juliana Silva2021-01-05T15:09:46Z2013-06-242013-04-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfRAMOS, Juliana Silva. O vampiro é o leitor: o processo de vampirização do leitor na literatura fantástica. 2013. 180 f. 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