PARADOXO E RUPTURA NO FILME “O BARBA AZUL”

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Motta Monte Serrat, Dionéia
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo
Texto Completo: https://periodicos2.uesb.br/index.php/redisco/article/view/2548
Resumo: Discorremos sobre conceitos de paradoxo e ruptura articulando a história do serial killer Verdoux - no filme “O Barba Azul”, de Charles Chaplin -, com a obra de Lacan e com a teoria discursiva de Michel Pêcheux. O contexto do filme é o do século XX, em que a psicologia, como ciência social, permite que as pessoas sejam melhor administradas sob a ótica descentrada e abstrata da “normalidade”, o que trouxe a “descontextualização” do indivíduo e o controle da interpretação dos sentidos, ocultando outros sentidos possíveis. A psicanálise lacaniana e a teoria discursiva de Pêcheux envolvem língua e história como produtoras de sentidos e abarcam a constituição do sujeito do inconsciente, articulada ao plano social. Essa articulação teórica destina-se a mostrar que o sujeito se constitui sob “evidências subjetivas” produzidas sob a eficácia material do imaginário, aprisionando esse mesmo sujeito. Lacan e Pêcheux trabalham com a “ordem do Significante” que aponta para a perpetuação do inconsciente o qual torna as fronteiras desse aprisionamento provisórias – a “transgressão não se sustenta”-, rompendo-as e fazendo emergir a “verdadeira verdade”. Lacan faz a abordagem do real no registro do simbólico ao tratar da disjunção inclusiva (paradoxo) entre saber e gozo e chega, assim, à noção de falasser, que se encontra no real, para fora da linguagem. A violência de Verdoux é tratada neste trabalho como uma emergência de verdade que concerne ao gozo e manifesta aquilo que não está funcionando bem, evidenciando que o gozo não caminha no ritmo dos significantes mestres organizadores da civilização. O a priori de um “mundo semanticamente normal” criou, para Verdoux, uma identidade de estofo quebradiço a qual “expulsou” o sujeito na produção da violência, na passagem ao ato, no curtocircuito da palavra, fazendo retornar, no real, o gozo que escapa ao sentido.
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