O artista-andarilho da Amazônia e o florejar de sua práxis-poiesis na festa popular
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM |
Texto Completo: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7413 |
Resumo: | Este estudo realiza uma abordagem investigativa sobre a práxis-poiesis da atividade artística na Amazônia, no âmbito da cultura popular, assinalando a invisibilidade deste tipo de trabalho no seio da ciência. Trata-se de uma abordagem tecida com os fios da interdisciplinaridade, sob a inspiração da dialógica moriniana, em franca conversação com a Filosofia, a Sociologia, a Antropologia e as Artes, além das vozes de campo, dos documentos literários, das vivências e da observação in loco. O epicentro da pesquisa é a cidade de Fonte Boa, localizada no interior do Amazonas, seus barracões e ateliês onde se produz a tradicional festa dos boisbumbás. São nestes espaços criativos que os artistas-andarilhos, todos autodidatas, se encontram anualmente para tecer, durante meses, uma narrativa visual sobre a Amazônia por intermédio de sua arte, constituindo-se também em sujeitos num processo autopoiético. A metodologia, ancorada numa perspectiva rizomática de conhecimento, concentrou-se em narrativas dos artistas colhidas no âmbito da criação da festa fonteboense, acrescidas de fontes secundárias cotejadas com fotografias, poemas e canções, concernentes à temática em estudo. Os principais resultados revelam que o artista popular vive numa crise de pertencimento num tempo em que as antigas certezas perderam força, ele é um mediador cultural que faz rizoma, o que o faz abrir mão de quaisquer tipos de segurança, inclusive jurídica. A práxis-poiesis do artista-andarilho da Amazônia emerge conceitualmente como uma antiperipécia, já que se afasta da clássica divisão grega entre práxis e poiesis. A pesquisa mostra que a poiesis do artista amazônico penetrou na essência da técnica, metamorfoseando-a, transcendendo o próprio artista que desterritorializa o conceito e, por conseguinte, se realiza almaticamente. A sua sensibilidade lhe permite dar vida ao imaginário amazônico, de sua arte abrolham seres fantásticos, animais híbridos, encantarias que só habitavam as narrativas dos povos tradicionais. Por fim, deve-se reconhecer, que em sua subjetividade que comunga mitos e tece redes relacionais, o artista-andarilho da Amazônia se faz mágico, médium, pajé! Reconhecido ou não pela sociedade, às vezes admirado, noutras rejeitado, este nômade da floresta e das águas segue adiante como um jogador sempre pronto para uma nova partida. |
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O artista-andarilho da Amazônia e o florejar de sua práxis-poiesis na festa popularNômades - AmazôniaArtistas - AmazôniaCultura popular - AmazôniaCIÊNCIAS HUMANASPráxis-poiesisArtistasNomadismoAmazôniaEste estudo realiza uma abordagem investigativa sobre a práxis-poiesis da atividade artística na Amazônia, no âmbito da cultura popular, assinalando a invisibilidade deste tipo de trabalho no seio da ciência. Trata-se de uma abordagem tecida com os fios da interdisciplinaridade, sob a inspiração da dialógica moriniana, em franca conversação com a Filosofia, a Sociologia, a Antropologia e as Artes, além das vozes de campo, dos documentos literários, das vivências e da observação in loco. O epicentro da pesquisa é a cidade de Fonte Boa, localizada no interior do Amazonas, seus barracões e ateliês onde se produz a tradicional festa dos boisbumbás. São nestes espaços criativos que os artistas-andarilhos, todos autodidatas, se encontram anualmente para tecer, durante meses, uma narrativa visual sobre a Amazônia por intermédio de sua arte, constituindo-se também em sujeitos num processo autopoiético. A metodologia, ancorada numa perspectiva rizomática de conhecimento, concentrou-se em narrativas dos artistas colhidas no âmbito da criação da festa fonteboense, acrescidas de fontes secundárias cotejadas com fotografias, poemas e canções, concernentes à temática em estudo. Os principais resultados revelam que o artista popular vive numa crise de pertencimento num tempo em que as antigas certezas perderam força, ele é um mediador cultural que faz rizoma, o que o faz abrir mão de quaisquer tipos de segurança, inclusive jurídica. A práxis-poiesis do artista-andarilho da Amazônia emerge conceitualmente como uma antiperipécia, já que se afasta da clássica divisão grega entre práxis e poiesis. A pesquisa mostra que a poiesis do artista amazônico penetrou na essência da técnica, metamorfoseando-a, transcendendo o próprio artista que desterritorializa o conceito e, por conseguinte, se realiza almaticamente. A sua sensibilidade lhe permite dar vida ao imaginário amazônico, de sua arte abrolham seres fantásticos, animais híbridos, encantarias que só habitavam as narrativas dos povos tradicionais. Por fim, deve-se reconhecer, que em sua subjetividade que comunga mitos e tece redes relacionais, o artista-andarilho da Amazônia se faz mágico, médium, pajé! Reconhecido ou não pela sociedade, às vezes admirado, noutras rejeitado, este nômade da floresta e das águas segue adiante como um jogador sempre pronto para uma nova partida.This study carries out an investigative approach on the praxis-poiesis of the artistic activity in the Amazon, in the ambit of popular culture, pointing out the invisibility of this type of work within the science. It is an approach woven with the threads of interdisciplinarity, under the inspiration of the Mormon dialogic, in frank conversation with Philosophy, Sociology, Anthropology and the Arts, as well as field voices, literary documents, experiences and observation in loco. The epicenter of the research is the city of Fonte Boa, located in the interior of the Amazon, its barracks and workshops where the traditional celebration of boisbumbás is produced. It is in these creative spaces that the wanderers, all self-taught, meet annually to weave, for months, a visual narrative about the Amazon through their art, also becoming subjects in an autopoietic process. The methodology, based on a rhizomatic perspective of knowledge, focused on narratives of the artists collected in the framework of the creation of the Fonteboense party, plus secondary sources collated with photographs, poems and songs, concerning the subject under study. The main results reveal that the popular artist lives in a crisis of belonging in a time when the old certainties have lost strength, he is a cultural mediator who makes rhizome, which makes him give up any kind of security, including legal. The praxis-poiesis of the artist-wanderer of the Amazon emerges conceptually as an antiperpécia, since it distances itself from the classic Greek division between praxis and poiesis. The research shows that the poetry of the Amazonian artist has penetrated the essence of the technique, metamorphosing it, transcending the artist himself that deterritorializes the concept and, therefore, is realized soulfully. His sensitivity allows him to give life to the Amazonian imagination, his art abrogates fantastic beings, hybrid animals, enchantments that only inhabited the narratives of traditional peoples. Finally, it must be recognized that in his subjectivity that he shares myths and weaves relational networks, the artist-wanderer of the Amazon becomes magician, medium, shaman! Recognized or not by society, sometimes astonished, in others rejected, this nomad of the forest and waters goes forth as a player always ready for a new match.FAPEAM - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do AmazonasUniversidade Federal do AmazonasInstituto de Filosofia, Ciências Humanas e SociaisBrasilUFAMPrograma de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na AmazôniaTorres, Iraildes Caldashttp://lattes.cnpq.br/2677966121712850Nascimento, Solange Pereira dohttp://lattes.cnpq.br/3700027234383055Pinheiro, Harald Sá Peixotohttp://lattes.cnpq.br/8413331972028683Holanda, Yomarley Lopeshttp://lattes.cnpq.br/25656056202507892019-10-09T14:14:31Z2019-07-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfHOLANDA, Yomarley Lopes. O artista-andarilho da Amazônia e o florejar de sua práxis-poiesis na festa popular. 2019. 238 f. Tese (Doutorado em Sociedade e Cultura na Amazônia) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2019.https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7413porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAMinstname:Universidade Federal do Amazonas (UFAM)instacron:UFAM2019-11-14T18:06:13Zoai:https://tede.ufam.edu.br/handle/:tede/7413Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://200.129.163.131:8080/PUBhttp://200.129.163.131:8080/oai/requestddbc@ufam.edu.br||ddbc@ufam.edu.bropendoar:65922019-11-14T18:06:13Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM - Universidade Federal do Amazonas (UFAM)false |
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Este estudo realiza uma abordagem investigativa sobre a práxis-poiesis da atividade artística na Amazônia, no âmbito da cultura popular, assinalando a invisibilidade deste tipo de trabalho no seio da ciência. Trata-se de uma abordagem tecida com os fios da interdisciplinaridade, sob a inspiração da dialógica moriniana, em franca conversação com a Filosofia, a Sociologia, a Antropologia e as Artes, além das vozes de campo, dos documentos literários, das vivências e da observação in loco. O epicentro da pesquisa é a cidade de Fonte Boa, localizada no interior do Amazonas, seus barracões e ateliês onde se produz a tradicional festa dos boisbumbás. São nestes espaços criativos que os artistas-andarilhos, todos autodidatas, se encontram anualmente para tecer, durante meses, uma narrativa visual sobre a Amazônia por intermédio de sua arte, constituindo-se também em sujeitos num processo autopoiético. A metodologia, ancorada numa perspectiva rizomática de conhecimento, concentrou-se em narrativas dos artistas colhidas no âmbito da criação da festa fonteboense, acrescidas de fontes secundárias cotejadas com fotografias, poemas e canções, concernentes à temática em estudo. Os principais resultados revelam que o artista popular vive numa crise de pertencimento num tempo em que as antigas certezas perderam força, ele é um mediador cultural que faz rizoma, o que o faz abrir mão de quaisquer tipos de segurança, inclusive jurídica. A práxis-poiesis do artista-andarilho da Amazônia emerge conceitualmente como uma antiperipécia, já que se afasta da clássica divisão grega entre práxis e poiesis. A pesquisa mostra que a poiesis do artista amazônico penetrou na essência da técnica, metamorfoseando-a, transcendendo o próprio artista que desterritorializa o conceito e, por conseguinte, se realiza almaticamente. A sua sensibilidade lhe permite dar vida ao imaginário amazônico, de sua arte abrolham seres fantásticos, animais híbridos, encantarias que só habitavam as narrativas dos povos tradicionais. Por fim, deve-se reconhecer, que em sua subjetividade que comunga mitos e tece redes relacionais, o artista-andarilho da Amazônia se faz mágico, médium, pajé! Reconhecido ou não pela sociedade, às vezes admirado, noutras rejeitado, este nômade da floresta e das águas segue adiante como um jogador sempre pronto para uma nova partida. |
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