Propriedades Biológicas e Moleculares do Veneno da Serpente Micrurus surinamensis (Cuvier, 1817; Elapidae).
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Data de Publicação: | 2008 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM |
Texto Completo: | http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/2238 |
Resumo: | A cobra coral aquática, Micrurus surinamensis, apresenta ampla distribuição na Amazônia. Seu veneno é neurotóxico para mamíferos e principalmente para peixes, alimento preferencial no seu habitat. Estudos básicos sobre as propriedades biológicas e potencial biotecnológico das toxinas do veneno dessa espécie são necessários, com o intuito de obter subsídios para a aplicação clínica, na soroterapia e/ou desenvolvimento de novas drogas. Neste trabalho, foram estudadas a toxinas do veneno de M. surinamensis por técnicas proteômicas, onde foram observados os efeitos neurotóxicos e as atividades biológicas do veneno, e avaliada a potência do soro antielapídico contra essas atividades. Utilizando-se eletroforese uni e bidimensional foram detectadas proteínas com massas moleculares de 7-70 kDa, 42 spots com massas moleculares de 12-70 kDa e pI 4-7, 38 spots com massas moleculares de 12-17 kDa e pI 7-11. O veneno apresentou, in vitro, baixa atividade PLA2, que foi 100% inibida pelo soro antielapídico produzido no Instituto Butantan. Utilizando a técnica de zimograma não foi observada atividade proteolítica. Segundo o método de recalcificação in vitro, o plasma humano mostrou-se incoagulável com 80 μg do veneno, sugerindo a presença de toxinas inibidoras da cascata de coagulação. No entanto, testes in vivo (em camundongos) não revelaram a presença de hemorragia sistêmica ou sangue incoagulável. A DL50 do veneno avaliada em camundongos, por via intravenosa, foi de 700 μg / kg. Ao inocular o veneno na região intracerebral, os animais manifestaram, segundos após a inoculação, sintomas como dificuldade respiratória, ptose palpebral uni e bilateral, pulos enérgicos, seguidos por períodos de imobilidade, espasmos nas patas posteriores e coceira compulsiva. Alguns apresentaram, com 4 μg do veneno, convulsão e morte instantânea. Estudos de interação competitiva toxinaanticorpo, realizados por western blotting, evidenciaram maior quantidade de anticorpos para as neurotoxinas de 14 kDa, porém, menor quantidade de anticorpos para as neurotoxinas < 10 kDa. A potência do soro antielapídico, do Instituto Butantan, para o veneno de M. surinamensis foi de 0,35 mg/mL, inferior ao do veneno de M. frontalis (1,5 mg/mL). Contudo, a maioria dos constituintes protéicos do veneno de M. surinamensis são toxinas com baixa massa molecular, principalmente de aproximadamente 7 kDa; o veneno é altamente neurotóxico para mamíferos (camundongos), afetando tanto o sistema nervoso periférico como o central; o soro antielapídico nacional mostrou, in vivo, baixa eficácia quanto à neutralização dos sintomas neurotóxicos causados pelo veneno. Devido à baixa potência do antiveneno, sugerem-se maiores estudos moleculares e clínicos para a inclusão ou não do veneno de M. surinamensis na produção dos soros antielapídicos. |
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Propriedades Biológicas e Moleculares do Veneno da Serpente Micrurus surinamensis (Cuvier, 1817; Elapidae).Micrurus surinamensisNeurotoxinasFosfolipases A2Micrurus surinamensisNeurotoxinsPhospholipases A2CIÊNCIAS BIOLÓGICASA cobra coral aquática, Micrurus surinamensis, apresenta ampla distribuição na Amazônia. Seu veneno é neurotóxico para mamíferos e principalmente para peixes, alimento preferencial no seu habitat. Estudos básicos sobre as propriedades biológicas e potencial biotecnológico das toxinas do veneno dessa espécie são necessários, com o intuito de obter subsídios para a aplicação clínica, na soroterapia e/ou desenvolvimento de novas drogas. Neste trabalho, foram estudadas a toxinas do veneno de M. surinamensis por técnicas proteômicas, onde foram observados os efeitos neurotóxicos e as atividades biológicas do veneno, e avaliada a potência do soro antielapídico contra essas atividades. Utilizando-se eletroforese uni e bidimensional foram detectadas proteínas com massas moleculares de 7-70 kDa, 42 spots com massas moleculares de 12-70 kDa e pI 4-7, 38 spots com massas moleculares de 12-17 kDa e pI 7-11. O veneno apresentou, in vitro, baixa atividade PLA2, que foi 100% inibida pelo soro antielapídico produzido no Instituto Butantan. Utilizando a técnica de zimograma não foi observada atividade proteolítica. Segundo o método de recalcificação in vitro, o plasma humano mostrou-se incoagulável com 80 μg do veneno, sugerindo a presença de toxinas inibidoras da cascata de coagulação. No entanto, testes in vivo (em camundongos) não revelaram a presença de hemorragia sistêmica ou sangue incoagulável. A DL50 do veneno avaliada em camundongos, por via intravenosa, foi de 700 μg / kg. Ao inocular o veneno na região intracerebral, os animais manifestaram, segundos após a inoculação, sintomas como dificuldade respiratória, ptose palpebral uni e bilateral, pulos enérgicos, seguidos por períodos de imobilidade, espasmos nas patas posteriores e coceira compulsiva. Alguns apresentaram, com 4 μg do veneno, convulsão e morte instantânea. Estudos de interação competitiva toxinaanticorpo, realizados por western blotting, evidenciaram maior quantidade de anticorpos para as neurotoxinas de 14 kDa, porém, menor quantidade de anticorpos para as neurotoxinas < 10 kDa. A potência do soro antielapídico, do Instituto Butantan, para o veneno de M. surinamensis foi de 0,35 mg/mL, inferior ao do veneno de M. frontalis (1,5 mg/mL). Contudo, a maioria dos constituintes protéicos do veneno de M. surinamensis são toxinas com baixa massa molecular, principalmente de aproximadamente 7 kDa; o veneno é altamente neurotóxico para mamíferos (camundongos), afetando tanto o sistema nervoso periférico como o central; o soro antielapídico nacional mostrou, in vivo, baixa eficácia quanto à neutralização dos sintomas neurotóxicos causados pelo veneno. Devido à baixa potência do antiveneno, sugerem-se maiores estudos moleculares e clínicos para a inclusão ou não do veneno de M. surinamensis na produção dos soros antielapídicos.Micrurus surinamensis, the aquatic coral snake species, has distribution in Amazonian rain forest. Your venom is neurotoxic to mammals and mainly fishes, principal natural feed. Studies about biological properties and biotechnological potential from M. surinamensis venom are necessaries to obtain dates to medical and sorotherapy treatment applications and to new drugs development. Using uni and bidimensional electrophoresis techniques were detected proteins with 7-70 kDa molecular masses range, 42 spots (12-70 kDa) with pI 4-7 and 38 spots (12-17 kDa) with pI 7-11. In vitro, venom showed very low phospholipases A2 activity that was inhibited 100% by Brazilian antielapidic Butantan Institute antivenom. Zymogram method not showed proteolytic activity in M. surinamensis venom. Plasma recalcification time with 80 μg venom suggests cascade coagulation inhibitors toxins in the venom, but in vivo test (in mice) venom not induced systemic hemorrhage and plasma anticoagulant activities. Venom LD50 was 700 μg / kg. Intracranial injection of the venom showed in mice apnea, uni and bilateral palpebral ptosis, jumps with short periods of immobility, compulsive itch and spasmodic contractions, but with 4 μg venom doses was observed convulsion and death shock. Competitive antibody-antigen interaction studies by western blot test showed that Brazilian antielapidic Butantan Institute antivenom has high antibodies title against 14 kDa neurotoxins but very low antibodies title against < 10 kDa neurotoxins. Antivenom potency against M. surinamensis venom was 0,35 mg/mL, five times low to neutralizing M. frontalis venom (1,5 mg/mL). This result suggests more molecular and clinical studies to including or not venom of M. surinamensis for antielapidic antivenom production.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do AmazonasUniversidade Federal do AmazonasInstituto de Ciências BiológicasBRUFAMPrograma de Pós-Graduação em BiotecnologiaMalheiro, Adrianahttp://lattes.cnpq.br/2627415957053194Oliveira, Fabiana da Rochahttp://lattes.cnpq.br/75295055982607002015-04-11T13:38:37Z2015-04-082008-12-15info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfOLIVEIRA, Fabiana da Rocha. Propriedades Biológicas e Moleculares do Veneno da Serpente Micrurus surinamensis (Cuvier, 1817; Elapidae).. 2008. 83 f. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2008.http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/2238porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAMinstname:Universidade Federal do Amazonas (UFAM)instacron:UFAM2016-04-22T14:23:31Zoai:https://tede.ufam.edu.br/handle/:tede/2238Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://200.129.163.131:8080/PUBhttp://200.129.163.131:8080/oai/requestddbc@ufam.edu.br||ddbc@ufam.edu.bropendoar:65922016-04-22T14:23:31Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM - Universidade Federal do Amazonas (UFAM)false |
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A cobra coral aquática, Micrurus surinamensis, apresenta ampla distribuição na Amazônia. Seu veneno é neurotóxico para mamíferos e principalmente para peixes, alimento preferencial no seu habitat. Estudos básicos sobre as propriedades biológicas e potencial biotecnológico das toxinas do veneno dessa espécie são necessários, com o intuito de obter subsídios para a aplicação clínica, na soroterapia e/ou desenvolvimento de novas drogas. Neste trabalho, foram estudadas a toxinas do veneno de M. surinamensis por técnicas proteômicas, onde foram observados os efeitos neurotóxicos e as atividades biológicas do veneno, e avaliada a potência do soro antielapídico contra essas atividades. Utilizando-se eletroforese uni e bidimensional foram detectadas proteínas com massas moleculares de 7-70 kDa, 42 spots com massas moleculares de 12-70 kDa e pI 4-7, 38 spots com massas moleculares de 12-17 kDa e pI 7-11. O veneno apresentou, in vitro, baixa atividade PLA2, que foi 100% inibida pelo soro antielapídico produzido no Instituto Butantan. Utilizando a técnica de zimograma não foi observada atividade proteolítica. Segundo o método de recalcificação in vitro, o plasma humano mostrou-se incoagulável com 80 μg do veneno, sugerindo a presença de toxinas inibidoras da cascata de coagulação. No entanto, testes in vivo (em camundongos) não revelaram a presença de hemorragia sistêmica ou sangue incoagulável. A DL50 do veneno avaliada em camundongos, por via intravenosa, foi de 700 μg / kg. Ao inocular o veneno na região intracerebral, os animais manifestaram, segundos após a inoculação, sintomas como dificuldade respiratória, ptose palpebral uni e bilateral, pulos enérgicos, seguidos por períodos de imobilidade, espasmos nas patas posteriores e coceira compulsiva. Alguns apresentaram, com 4 μg do veneno, convulsão e morte instantânea. Estudos de interação competitiva toxinaanticorpo, realizados por western blotting, evidenciaram maior quantidade de anticorpos para as neurotoxinas de 14 kDa, porém, menor quantidade de anticorpos para as neurotoxinas < 10 kDa. A potência do soro antielapídico, do Instituto Butantan, para o veneno de M. surinamensis foi de 0,35 mg/mL, inferior ao do veneno de M. frontalis (1,5 mg/mL). Contudo, a maioria dos constituintes protéicos do veneno de M. surinamensis são toxinas com baixa massa molecular, principalmente de aproximadamente 7 kDa; o veneno é altamente neurotóxico para mamíferos (camundongos), afetando tanto o sistema nervoso periférico como o central; o soro antielapídico nacional mostrou, in vivo, baixa eficácia quanto à neutralização dos sintomas neurotóxicos causados pelo veneno. Devido à baixa potência do antiveneno, sugerem-se maiores estudos moleculares e clínicos para a inclusão ou não do veneno de M. surinamensis na produção dos soros antielapídicos. |
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